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Solidariedade? Resgate grego sai grátis à Alemanha e Bélgica, que ainda poupam 12 mil milhões
GTRES

As turbulências que provocaram na Europa os problemas económicos e políticos da Grécia tornaram seriamente mais barato o custo de financiamento dos países do centro do velho continente. A Alemanha poupou cerca de 100.000 milhões e a Bélgica outros 12.000, uma quantidade suficiente para anular parte do resgate helénico e ficar com uma almofada extra de 12 mil milhões.

Ou seja, onde uns vêem um problema, outros encontram uma oportunidade. E um bom exemplo desta máxima vimos com a Grécia e os países do Centro da Europa ao longo da chamada crise da dívida.

Durante os mais de cinco anos que durou a tragédia económica, política e social da Grécia, as incertezas sobre a sua sustentabilidade, a necessidade de mais ajuda internacional ou a possibilidade da sua saída do euro provariam a ruptura da moeda única estiveram constantemente presente nos mercados... mas não afetou da mesma forma a todos os parceiros europeus.

Enquanto a Grécia, Irlanda, Portugal, Itália e Espanha sofreram severos castigos na bolsa e um forte agravamento no custo de financiamento desde 2010, países como a Alemanha e Bélgica estiveram a financiar-se nos mercados a níveis muito inferiores aos que faziam antes da crise da dívida. A razão é que os investidores optaram por procurar mais ativos seguros para refugiar o seu dinheiro do que por entrar em outros mais arriscados.

Por isso, e seguindo a lei da oferta e da procura, os títulos de países como a Alemanha ou Bélgica foram-se tornando mais baratos, enquanto os da Grécia seguiram o caminho inverso. Algo que talvez não tivesse acontecido se a tragédia helénica não tivesse rebentado.

Prémio extra de 112.000 milhões

Como consequência, segundo diferentes estudos apontados pelo portal Sabemos Digital, estes dois países pouparam em conjunto cerca de 112.000 milhões de euros, o que significa que não só lhes sai grátis a sua aportação aos regastes gregos, como ainda tiveram direito a um prémio.

A sustentar estes dados basta, por exemplo, ver a evolução das taxas de juro da dívida pública alemã a dez anos que arrancaram o ano de 2010 acima dos 3,3% e agora estão em 0,7%, ainda que já tenham chegado a marcad mínimos históricos de 0,049%. À Grécia aconteceu-lhe exatamente o contrário: enquanto a sua dívida a dez anos cotizava à volta dos 5,7% no início de 2010, agora move-se por cima de 9%.

E a poupança no custo de financiamento não foi o único ganho para a Alemanha com a crise grega. O país de Merkel aproveitou a necessidade helénica para vender ativos com o terceiro resgate. Por exemplo, em meados deste mês a empresa alemã Fraport ficou com a gestão dos 17 aeroportos regionais helénicos.

 

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