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Vistos gold: rede envolve pedido de cunhas a Miguel Macedo
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O esquema de corrupção na atribuição de vistos gold era gizado pelo presidente do Instituto dos Registos e Notariado (IRN), António Figueiredo, e dependia de intermediários chineses como Zhu Xiaodong e Xia Baoliang, que angariavam compatriotas interessados em receber vistos a troco de investimentos imobiliários superiores a 500.000 euros.

Segundo o Correio da Manhã, para não dependerem destes intermediários, António Figueiredo e Jaime Couto Alves começaram a esforçar-se por abrir uma agência na China. Para tal contaram com a colaboração do ministro da Administração Interna Miguel Macedo, que entretanto se demitiu. A publicação escreve que esta é uma das conclusões a que chegou a investigação da Polícia Judiciária (PJ), através de escutas telefónicas e outros meios de prova. 

António Figueiredo, um dos cinco arguidos que ficou em prisão preventiva, é amigo de Miguel Macedo e o empresário Couto Alves, que também ficou em prisão preventiva, era, além de amigo, sócio do ex-ministro na sociedade JMF, de intermediação imobiliária, que foi alvo de buscas da PJ.

A publicação adianta que Jaime Couto Alves foi apanhado numa escuta a utilizar o poder de Miguel Macedo em proveito do esquema de corrupção montado com António Figueiredo - telefona ao ministro e este dá uma ordem ao diretor nacional do SEF, Manuel Palos, para nomear um representante do SEF em Pequim, na China. 

A versão oficial, que em abril passou para a imprensa, foi de que teria sido o diretor do SEF, no início do ano, a propor ao Governo a nomeação de um oficial de ligação a colocar na China, junto à embaixada portuguesa em Pequim. E assim estava tomada a decisão - justificada com uma tendência crescente de milionários chineses a quererem vistos dourados. Até hoje ninguém foi nomeado. 

Foi por a PJ conhecer a origem desta nomeação que fez buscas no Ministério da Administração Interna (MAI). Apreenderam o computador e documentos ao secretário-geral-adjunto do MAI, Ricardo Carrilho, sobre o processo de nomeação do oficial de ligação em Pequim. 

Na sequência do objetivo da rede de corrupção, o presidente do IRN almoçou com o diretor do SEF, em janeiro, e falaram do pedido do ministro para que fosse nomeado um oficial. Manuel Paios disse que José Cesário, secretário de Estado das Comunidades, era uma peça-chave no processo - e depois Figueiredo caiu numa escuta a dizer que Cesário concordou em falar com uma funcionária da embaixada em Pequim. Ao Correio da Manhã, José Cesário negou tudo. 

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