Transformar uma aldeia numa espécie de mural de arte urbana, com obras de artistas dos quatro cantos do mundo. A ideia nasceu e floresceu em plena pandemia e continua “viva”, graças a Tiago Martins, um jovem engenheiro que mora em Paris – cidade onde nasceu - e que decidiu transformar a pequena localidade onde os pais vivem, Barrenta, no concelho de Porto de Mós, numa aldeia artística. Pinturas, azulejos, pequenos autocolantes, posters, tecidos e obras mais arrojadas invadiram as ruas desta pequena localidade durante a crise sanitária da Covid-19, num projeto de arte que veio para ficar.
O lusodescendente costuma visitar Portugal entre duas a quatro vezes por ano, e foi durante o período de confinamento que esta a iniciativa ganhou forma. Conta em entrevista ao idealista/news que, durante o primeiro estado de emergência em França, ao arrumar a casa, encontrou um autocolante duma exposição “street art” na qual tinha estado há uns anos. E foi nesse momento que se fez o 'clique': “estava à procura de uma ideia para criar ‘buzz’ à volta da aldeia dos meus pais, dar que falar com uma iniciativa moderna e original”.
Foi, depois, quando voltou a Portugal, nas últimas férias de verão que tudo se materializou. Trouxe na bagagem obras de mais de 50 artistas, de vários países diferentes. A maioria chegou-lhe por correio, mas também recolheu vários exemplares em mão, na região parisiense. “Este projeto resultou de eu contactar vários artistas urbanos para ver se podiam mandar-me obras para eu colocá-las na aldeia. Fiquei admirado por receber tantas respostas positivas e decidi entrar em contacto com artistas do mundo inteiro para ver até onde podia chegar. Também estive com artistas que me ligaram com outros”, explica Tiago.
O que é que podemos encontrar na aldeia artística? Um pouco de tudo: colagens, cerâmica, azulejos, mosaicos, crochet, origamis, fotografias, madeira e até um mural pintado pelo artista português Costah. O jovem refere também que Barrenta é uma aldeia tipicamente conhecida pelo encontro de concertinas e, por isso, há algumas obras em homenagem a este instrumento. Quem passar por lá vai ainda poder ver obras de Hazul, Da Cruz, Miss Tic, Louyz, Gladpoul, Marquise, Eugène Barricade, Dnart, Malakkai, FKDL, botero pop, Mister p e muitos outros.
O jovem lusodescendente conta ainda que o projeto teve uma reação muito positiva por parte dos habitantes da aldeia. “As pessoas começaram a gostar e até a vir comigo para escolher as obras que iam ser coladas na suas paredes”, diz, sublinhando que houve até “gente de fora” a visitar Barrenta para ver o resultado.
Tiago Martins espera dar continuidade ao projeto no próximo ano, mas para já, ainda podem ver-se algumas das obras um pouco por toda a aldeia, apesar de algumas já terem sido destruídas pelo mau tempo – frisa, aliás, que o propósito da arte urbana não é ser definitiva. Ainda assim, há muito para ver, e está tudo documentado na página de Facebook e Instagram dedicadas à iniciativa.
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