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um português na campanha de obama

barack obama faz hoje, no exterior do capitólio, o juramento da tomada de posse para o seu segundo mandato à frente da casa branca. em washington são esperadas centenas de milhares de pessoas para assistir à cerimónia que marcará oficialmente o início de mais quatro anos como líder de uma das mais poderosas nações do mundo

controlar a dívida externa, encontrar uma solução para o problema das armas e a reforma das leis da imigração são alguns dos temas quentes que obama terá de enfrentar neste segundo mandato com um congresso dominado pelos republicanos

no dia em que obama renova o seu mandato, o idealista news conta a experiência de um português que participou na campanha norte-americana como membro da equipa do presidente eleito

luís pimenta, 44 anos, esteve cerca de três semanas nos eua a trabalhar na campanha de obama. a oportunidade surgiu em abril, no âmbito do mestrado em gestão estratégica de relações públicas que estava a fazer na escola superior de comunicação social. “o convite partiu de gregory payne, um dos mais reputados especialistas em comunicação política dos eua, assessor da administração obama e professor no emerson college, em boston, que veio a portugal dar um seminário de ‘public diplomacy’ no âmbito do mestrado”, explica o jornalista e media advisor

depois de uma fase inicial de contacto com a coordenação de todo o trabalho de campo no estado da pensilvânia, luís pimenta foi colocado numa estrutura local da cidade de filadélfia

“o essencial da minha missão residiu no chamado “get out the vote”, isto é, apelar ao voto e fazer com que os eleitores democratas saíssem de casa no dia 6 de novembro. passei boa parte dos meus dias nos eua a bater às portas das pessoas e a explicar-lhes que cada uma delas era importante, que nada estava decidido. aos poucos fui percebendo esta maneira diferente de fazer campanha e de fazer política: um contacto directo, olhos nos olhos, com todos e cada um dos eleitores”

luís pimenta confessa que ficou surpreendido por ver “cidadãos comuns a fazer política”. “isto, para um europeu, em especial para um português, é algo totalmente surpreendente atendendo ao contexto de profundo divórcio que existe entre política e povo no continente europeu”. o jornalista conta que todos os dias entrava gente na sede de campanha com vontade de ajudar, fosse para fazer telefonemas, para angariar voluntários ou apenas para levar comida, água ou fazer um simples café. “nunca imaginei ver isto assim: política para as pessoas e, acima de tudo, com as pessoas

a alvorada fazia-se todos os dias às seis da manhã e a chegada à sede de campanha acontecia por volta das 8h30. às 10h30 arrancava-se para as ruas. “passávamos o dia todo nos bairros de filadélfia, comíamos onde e o que calhava, e regressávamos ao final do dia. acabávamos relativamente cedo, pelas 18h ou 19h”

entre os momentos mais marcantes desta experiência, luís pimenta destaca a passagem pelos bairros mais pobres da cidade. “andei muito em bairros afro-americanos e marcou-me o contacto com os mais velhos, em especial quando me lembravam que nem sempre puderam votar e que não seria agora que iriam deitar a perder a sua luta de décadas”

a vitória de obama

o dia da eleição foi vivido a dar apoio no exterior das mesas de voto, esclarecendo dúvidas ou simplesmente levando água e café ao longo das filas que começaram a formar-se mesmo antes das sete da manhã

“a nossa presença era fundamental, uma vez que a eleição foi precedida de alguma desinformação por parte do partido republicano, nomeadamente quanto à exigência de documento de identificação com fotografia, numa tentativa de desmobilizar o eleitorado menos esclarecido ou mais pobre. esse documento não era, de facto, necessário”

mais tarde, os resultados foram vistos em casa e, de seguida, a vitória foi celebrada noite dentro numa festa em filadélfia

apesar de reconhecer que os americanos vivem “como nunca” uma politica de causas, o jornalista lembra que a sociedade norte-americana vive também um momento de grande divisão entre a “nostalgia da américa toda-poderosa” e um país que é cada vez mais uma soma de culturas distintas 

“romney e obama, respectivamente, pareciam representar cada um destes lados: e se o candidato republicano capitalizava, de certa forma, este ‘medo’ e ‘sentimento de perda’ por parte dos sectores rurais e conservadores, por outro lado obama assumiu claramente um tom mais progressista. ouvi, várias vezes, apoiantes referirem-se a ele como uma ‘referência moral’

 

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2 Comentários:

21 Janeiro 2013, 12:52

e em portugal isto era possivel?

21 Janeiro 2013, 14:19

em portugal o sistema nao está montado para isto...

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