As empresas dos setores mais afetados pela pandemia fizeram um maior uso deste mecanismo, segundo dados do Banco de Portugal (BdP).
Comentários: 0
Moratórias de crédito: alojamento entre os setores que mais recorreram às ajudas
Photo by Nichlas Andersen on Unsplash

As moratórias de crédito criadas pelo Governo e pela banca, para ajudar o país no combate à Covid-19, foram concedidas de “forma mais expressiva” às empresas dos setores mais afetados pela pandemia, segundo dados revelados pelo Banco de Portugal (BdP). Destacam-se, entre eles, as empresas de alojamento e restauração, com cerca de 55% do montante de empréstimos concedidos ao setor em setembro a estar abrangido por moratórias.

De acordo com os dados da Central de Responsabilidades de Crédito, em setembro de 2020, 31% do montante de empréstimos concedidos a empresas beneficiavam de uma moratória. Tal recurso foi mais expressivo por parte das grandes empresas - 33% do montante dos seus empréstimos e 31% para as micro, pequenas e médias empresas - PME. Nas empresas criadas há mais de dez anos, a percentagem dos saldos em dívida dos empréstimos abrangidos pelas moratórias é menor do que nas empresas mais jovens (31% e 33%, respetivamente), segundo uma análise preparada por Diana Bonfim e António Santos, com dados de setembro, na rubrica “Economia numa imagem” do BdP, um espaço com análises, opiniões e resultados expressos da exclusiva responsabilidade dos autores.

As empresas de alojamento e restauração - um dos setores mais afetados pela pandemia - destacam-se no recurso às moratórias, segundo a análise dos autores, que tem por base os dados do boletim económico de outubro do BdP: cerca de 55% do montante de empréstimos concedidos a este setor encontra-se abrangido por moratórias.

Neste grupo de setores mais afetados, “o recurso foi maior por parte de empresas com risco de crédito inferior à mediana (42% dos empréstimos a empresas de risco baixo nos setores mais afetados encontram-se sob moratória, comparando com 39% para empresas de risco elevado nos mesmos setores)”. Já nos setores menos afetados pela pandemia, a utilização de moratórias foi menor nas empresas com menor risco, situando-se nos 27%, lê-se ainda.

Segundo os dados divulgados pelo regulador, os pedidos à banca de moratórias de crédito no âmbito da crise pandémica superaram 812 mil até final de setembro, tendo sido aceites 93%, sobretudo de créditos à habitação e outros créditos hipotecários. As moratórias de crédito (que suspendem pagamentos de capital e/ou juros) foram criadas como uma ajuda a famílias e empresas penalizadas pela crise económica desencadeada pela pandemia de Covid-19. Em setembro, o Governo decidiu prolongar as moratórias por mais seis meses, de 31 de março de 2021 para 30 de setembro de 2021.

Ver comentários (0) / Comentar

Para poder comentar deves entrar na tua conta