“Há que aumentar a oferta e o tipo de oferta, para não estarmos todos a fazer o mesmo”, diz Hélder Pereira Coelho, CEO da TOTE SER.
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Projetos de arquitetos portugueses
Hélder Pereira Coelho, CEO da TOTE SER, e um dos projetos no qual participou a empresa @TOTE_SER | Gilberto Rola

Como é que está o setor da arquitetura em Portugal? Em resposta a esta pergunta, Hélder Pereira Coelho, CEO da TOTE SER, diz que à semelhança de outras áreas de atividade, “há de tudo”. “Há coisas muito boas, com muita qualidade, que oferecem outro nível tanto de estética como de funcionalidade aos utilizadores. Mas também há coisas que às vezes não se percebe bem qual é que é a intenção e o que é que está por detrás daquilo”, afirma, em entrevista ao idealista/news. 

Para o arquiteto e fundador da empresa especializada em arquitetura de investimento, que concebe, desenvolve, valoriza e rentabiliza projetos de ativos imobiliários, há em Portugal muitos arquitetos. “Mas continuamos a ter muitos com muita qualidade”, frisa, salientando, no entanto, que ainda há margem para evoluir: “Se queremos responder à procura, temos de fazer projetos com muita qualidade. As coisas bem geridas, um processo bem otimizado, consegue valores finais interessantes e um projeto com qualidade. Às vezes nem sequer é uma questão de preço, é uma questão de saber conjugar as coisas, porque não é preciso ir para opções muito caras”. Um bom exemplo é o projeto Marvila, em Lisboa, no qual a empresa participou, afirma.

Estrangeiros ajudam a manter vivo o setor imobiliário

Depois da pandemia da Covid-19 surgiu a guerra na Ucrânia, o que contribuiu para que a inflação disparasse, tendo o Banco Central Europeu (BCE) sido obrigado a agir e a subir as taxas de juro. Hélder Pereira Coelho considera que “não há dúvida de que tudo aumentou, sobretudo a parte da construção nova, que se vai refletir tanto na venda do apartamento como no arrendamento”. Lembra, contudo, que Portugal tem a vantagem, no setor imobiliário, de ter muitos compradores e investidores estrangeiros, que continuam a olhar para o país como um destino atrativo.

“Em termos de investimento, o que acontece é que não há alternativas ‘seguras’, ou que se possa dizer que são de menor risco. Do nosso negócio em concreto estou muito otimista. Fazemos contas quase ao cêntimo, para evitar derrapagens no orçamento. Conseguimos fazer um acompanhamento e uma gestão de obra justa e coerente. É uma mais-valia que temos: conseguimos otimizar todo o processo do investimento imobiliário. E não temos dúvida que a procura cada vez vai ser maior em Portugal”, sublinha o responsável. 

O que esperar da arquitetura no futuro
Noronha I, um dos projetos no qual participou a TOTE SER @TOTE_SER

“Qualidade da oferta vai subir, estamos a evoluir no bom sentido”

Otimismo é, portanto, palavra de ordem, apesar do contexto económico em Portugal e no mundo ser de incerteza e estar repleto de desafios. “Se calhar pode ser otimismo a mais, mas estou muito otimista perante o nosso mercado. Por um lado, a qualidade da oferta vai subir, estamos a evoluir no bom sentido. Por outro lado, tivemos uma crise imobiliária em 2008, mas se calhar foi na altura certa, porque serviu para não se construir desmedidamente e não acontecer como em Espanha. Cada vez estamos mais responsáveis relativamente ao que se faz em termos de oferta, e temos também a ‘sorte’ de estarmos a ser procurados e por pessoas também que valorizam isso, o que ajuda a fazer com que possamos estar otimistas”, enaltece o CEO da TOTE SER. 

"É preciso aumentar a oferta e o tipo de oferta, para não estarmos todos a fazer a mesma coisa. A forma como vemos os projetos é: imaginar como seria determinado espaço para nós vivermos ali. É colocar-nos no lugar dos outros"

Significa, então, que a solução passa por aumentar a oferta, mas fazê-lo de forma assertiva e ponderada. “É preciso aumentar a oferta e o tipo de oferta, para não estarmos todos a fazer a mesma coisa. A forma como vemos os projetos é: imaginar como seria determinado espaço para nós vivermos ali. É colocar-nos no lugar dos outros”, explica o responsável.

Hélder Pereira Coelho faz um regresso ao passado e recorda que há uns anos o edificado nacional “estava completamente feio e em perigo”. “O investidor apareceu na altura certa, mais uma década e não sei quais seriam as consequências. Não havia manutenção e as coisas deterioram-se muito, nomeadamente com as intempéries”, alerta. 

Procura forte de estrangeiros no mercado de arrendamento

A dinamização do mercado de arrendamento há muito que está a ordem do dia no país. Este foi um segmento de mercado que abrandou, no negócio da TOTE SER, durante a pandemia, mas que está agora em alta. “A procura está agora a acelerar bastante. Está a haver uma procura muito forte por parte de estrangeiros para arrendamentos. Muito mais agora que antes da pandemia. Estou a falar de procura de investidores por parte de projetos de arrendamento e pelo mercado de arrendamento no geral”, comenta. 

"Está a haver uma procura muito forte por parte de estrangeiros para arrendamentos. Muito mais agora que antes da pandemia. Estou a falar de procura de investidores por parte de projetos de arrendamento e pelo mercado de arrendamento no geral”

Projetos de arquitetura com mão portuguesa
Terceira 22, um dos projetos com "assinatura" da TOTE SER @TOTE_SER

Que futuro para as casas modulares e pré-fabricadas? E para a madeira?

Numa altura em que sustentabilidade no imobiliário é palavra de ordem – “a ideia é sempre tornar as coisas o mais autossuficientes possíveis, dentro da viabilidade que o projeto pode ter” –, Hélder Pereira Coelho é da opinião que há benefícios em apostar na construção de casas modulares e pré-fabricadas, mas diz que “há uma questão de mentalidade [a mudar]”. “Temos de estar um pouco mais abertos a esse tipo de construção, embora agora haja uma construção modular com muito mais qualidade do que sempre houve”, indica. 

Relativamente à utilização da madeira na construção e nos projetos, lembra que “as madeiras não são todas iguais”. “Quando se quer utilizar madeira nos projetos, se formos para uma madeira boa, com baixa manutenção e com comportamentos estáveis, é um material muito mais caro. Há sempre que contrabalançar”, conclui.

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