Ricardo Sousa, CEO da Century 21 Portugal, revela que "muitos jovens estão a optar por arrendar casa".
Comentários: 1
Mercado de arrendamento em Portugal está a crescer
Ricardo Sousa, CEO da Century 21 Portugal Foto: Diogo Coelho

Com os preços das casas a subir, mesmo em tempos de pandemia e, agora, de guerra e de inflação em alta, estará o mercado de arrendamento a ganhar espaço em Portugal? Segundo Ricardo Sousa, CEO da Century 21 Portugal (C21 Portugal), este segmento “começa a recuperar para valores pré-pandemia, impulsionado pelo regresso do turismo e pelos muitos jovens que estão a optar por arrendar casa, tendo em conta a dificuldade de cumprir com todos os critérios e requisitos para acesso ao crédito à habitação”. 

Citado em comunicado, o responsável considera que “os elevados níveis de procura de casa, tanto para comprar como para arrendar, conjugados com as limitações na oferta de soluções de habitação, em linha com o poder de compra dos portugueses, continua a sustentar uma subida de preços persistente”. A exceção é, adianta, a cidade de Lisboa, onde o valor médio dos imóveis transacionados no primeiro semestre deste ano na C21 Portugal apresentou uma evolução negativa, com muitas famílias a deslocarem-se para a periferia da cidade. 

A mediadora revela que nos primeiros seis meses do ano foram realizadas 2.360 transações de arrendamento, mais 38% que as 1.708 transações registadas no período homóogo. “A nível nacional, o valor médio de renda atingiu os 1.038 euros, ao longo do primeiro semestre de 2022, o que revela um aumento de cerca de 27% face à média de 817 euros no valor médio de arrendamento verificada nos primeiros seis meses de 2021”, conclui a empresa. 

Mais 40% de vendas que há um ano e maior faturação

No que diz respeito ao segmento de compra e venda de casa, a C21 Portugal revela que realizou, entre janeiro e junho, 9.804 transações de venda, o que representa um aumento de 40% face às 7.008 efetuadas nos mesmos seis meses do ano passado. As tipologias de imóveis mais procuradas pelas famílias portuguesas continuam a ser os T2 e T3, constata, salientando que o valor médio dos imóveis transacionados aumentou 14% em termos homólogos, para 184.192 euros. 

Relativamente à faturação da C21 Portugal, foi superior a 45,7 milhões de euros, o que representa um aumento de 47% face aos cerca de 31 milhões de euros reportados no período homólogo de 2021. Já o volume de negócios em que a rede esteve envolvida – que integra também a partilha de transações com outros operadores – superou os 1.807 milhões de euros, num aumento de 59% em comparação com os quase 1.135 milhões de euros registados no primeiro semestre de 2021.

Para Ricardo Sousa, “são os mercados periféricos de Lisboa e do Porto, bem como outras cidades secundárias, que estão a influenciar a atual subida de preços, um efeito que se regista também noutros mercados mais turísticos e de segunda residência, como o Algarve e a Madeira”. “Esta é uma consequência da elevada taxa de esforço para comprar casa em Lisboa, Oeiras, Cascais e Porto, tendo em consideração a oferta de imóveis residenciais atualmente disponíveis para venda nestas zonas”, acrescenta. 

O que esperar do setor nos próximos tempos?

O CEO da C21 Portugal considera que a baixa taxa de desemprego, a poupança acumulada de muitas famílias na pandemia, as baixas taxas de juro - mesmo considerando as subidas previstas -, o financiamento disponível e o baixo peso do financiamento no volume total de transações são alguns dos fatores que continuam a impulsionar e sustentar a procura, aliados ao reduzido stock de imóveis disponíveis para venda existente.  

“Este contexto minimiza o efeito dos níveis de incerteza económica que se vivem atualmente e dão-nos alguma segurança relativamente ao comportamento do mercado imobiliário e à evolução dos preços, em 2022. Contudo, é importante monitorizar bem o impacto da evolução geopolítica da guerra na Europa e dos fatores macroeconómicos internacionais na economia nacional”, conclui.

Principais desafios do setor imobiliário são…

Estes são, de acordo com a mediadora, os principais desafios do setor imobiliário: 

  • Os setores público e privado estão a falhar na disponibilização de soluções de habitação ajustadas à classe média portuguesa, na qual se insere mais de 61% da população - 55% na AML, onde se concentram mais oportunidades de emprego e onde existe apenas 30% de oferta imobiliária adequada – e que é o principal motor da procura de habitação, no mercado nacional;
  • Este desequilíbrio, que se tem vindo a acentuar na última década, é uma consequência de excesso de regulação, falta de agilidade e flexibilidade nos licenciamentos, instabilidade legislativa e fiscal, PDM desajustados da realidade atual, lógicas municipais compartimentadas em detrimento de uma visão metropolitana, falhas de eficiência para soluções de mobilidade entre municípios, desinvestimento em soluções de habitação social, transição de edifícios residenciais para o sector turístico e a aposta massiva no segmento alto e de luxo;
  • Edifícios, casas e infraestruturas têm uma durabilidade muito longa, atravessando uma ou mais gerações. Neste âmbito, as políticas que moldam a procura e a oferta de habitação implicam uma perspetiva de longo prazo e antecipação de mudanças nas necessidades, preferências e comportamentos da população, bem como "megatendências" que afetam as economias e as sociedades;
  • Estas tendências representam desafios para o planeamento urbano, para as políticas de habitação e para a formulação de regulamentos de uso da terra, numa lógica que tem obrigatoriamente que integrar a sustentabilidade ambiental e social, por oposição a uma visão meramente municipal e local.  
Ver comentários (1) / Comentar

1 Comentários:

americo palma
3 Agosto 2022, 10:59

"(...)as baixas taxas de juro - mesmo considerando as subidas previstas -, o financiamento disponível e o baixo peso do financiamento no volume total de transações são alguns dos fatores que continuam a impulsionar e sustentar a procura" Mas que Grande aldrabice. Esta pessoa deve viver em outro país.

Para poder comentar deves entrar na tua conta