A agência de notação financeira S&P estima que a habitação fique mais cara na maioria dos mercados europeus. Só Portugal, Espanha e Irlanda registarão quebras.
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Preços das casas em Portugal devem descer este ano (mas pouco) – e voltar a subir em 2021
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Os preços das casas em Portugal deverão registar uma ligeira descida de 0,6% este ano, segundo um relatório divulgado pela Standard & Poor’s (S&P). Mas o abrandamento irá durar relativamente pouco tempo, uma vez que a agência de notação financeira antecipa novas subidas já para 2021 (e próximos anos). Na generalidade, e apesar dos bloqueios da Covid-19 e da queda sem precedentes da atividade económica, a agência de rating estima que os imóveis residenciais fiquem mais caros na maioria dos mercados europeus ainda em 2020, com as maiores subidas homólogas a serem registadas na Holanda (6,1%), Alemanha (4,6%) e Suécia (3%).

“Os mercados da habitação em Portugal e em Espanha têm sido mais afetados negativamente pela situação atual e, juntamente com a Irlanda, são os únicos países onde prevemos uma queda dos preços da habitação este ano”, lê-se no relatório. No mercado irlandês, a descida de preços deverá fixar-se em 1,6%, e no nosso país vizinho recuar 1,4%.  

Evolução dos preços das casas (S&P)
(% ano a ano) 2017201820192020f2021f*2022f*2023f*
Bélgica3,62,54,81,80,32,72,2
França3,33,23,91,51,01,52,0
Alemanha6,16,16,44,62,04,44,1
Irlanda11,97,21,0-1,61,14,64,2
Itália-1,2-0,50,20,5-0,50,51,0
Holanda8,69,16,56,1-1,54,13,8
Portugal10,79,59,0-0,61,25,04,5
Espanha7,26,73,7-1,41,84,53,6
Suécia7,5-1,73,93,01,83,43,2
Suíça4,03,42,42,01,52,02,0
Reino Unido4,62,41,61,6-1,93,74,1

f*-Previsão

“Refletindo a estrutura das economias, os mercados em Portugal e Espanha estão também mais orientados para a indústria do turismo do que noutros locais. A muito baixa afluência de turistas, neste ano, e a alta incerteza sobre a situação da saúde, no futuro, afetaram negativamente a procura e os preços das casas. Na Irlanda, os preços dos imóveis já haviam caído antes da crise, o que agora coloca ainda maior pressão em baixa”, refere.

Estímulos públicos à economia minimizam impacto nos preços

A subida contínua dos preços das casas, apesar da queda sem precedentes da atividade económica, está parcialmente ligada “à natureza da crise e ao apoio governamental implementado para preservar empregos e empresas”, analisa a S&P, explicando ainda que os custos de financiamento próximos de mínimos históricos também estão a sustentar os preços do mercado residencial.

“As medidas de política monetária mais flexíveis do Banco Central Europeu garantiram que as famílias pudessem ter acesso a financiamento mais barato durante a crise. E embora os bancos tenham restringido os padrões de crédito desde o início, a maioria das famílias na zona do euro está menos endividada do que durante a crise financeira. O financiamento favorável, combinado com medidas governamentais de apoio ao emprego e alta poupança, sugere que a qualidade de crédito dos compradores de casas é muito melhor do que após a crise financeira. Como resultado, os novos empréstimos imobiliários, ao contrário dos novos empréstimos ao consumidor, aumentaram durante os bloqueios em 30 bilhões na zona do euro entre março e maio”, lê-se na nota divulgada.

Famílias procuram mais espaço

A S&P vem ainda confirmar, de resto, algumas tendências no mercado imobiliário. De acordo com a sua análise, a procura por propriedades maiores aumentou muito mais do que por casas mais pequenas. “Passando mais tempo em casa e tendo que trabalhar em casa, as famílias reavaliaram sua necessidade de espaço. Para aqueles que podem pagar, isso significa que anteciparam suas decisões de ‘upgrade’ na compra de uma casa”, refere.

No entanto, a agência de notação financeira não vê, até agora, “uma mudança clara em favor das áreas rurais, para longe das grandes cidades”. “Mesmo que, no atual contexto, morar numa casa maior no campo pareça mais atraente, a compra de um imóvel é um investimento de longo prazo – e outras considerações como mercado de trabalho, escolas, infraestruturas públicas e ofertas de lazer ainda têm um papel importante”, indica.

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