É visto como um dos mais promissores segmentos do imobiliário “alternativo”.
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Co-living já dá cartas na Europa e tem “muito potencial” em Portugal – jovens são o alvo
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O co-living, muito antes de chegar a pandemia, surgiu para dar resposta à necessidade de habitação nos centros das cidades, destinada sobretudo a jovens profissionais. Trata-se de um formato híbrido de habitação que reúne características do arrendamento tradicional e das residências de estudantes, oferecendo um espaço de habitação privado complementado com zonas comuns, e que se rege por um forte espírito de comunidade. O segmento já ganhou asas em várias cidades da Europa, e em Portugal pode ser uma solução para quem procura soluções de arrendamento, mesmo no atual contexto de Covid-19. Para já, ainda tem pouca expressão.

Num novo relatório divulgado pela CBRE, a consultora analisa as tendências, económicas, sociais e imobiliárias, que deram origem a esta nova classe de ativos na Europa e a dinâmica de seis cidades nos últimos anos - Londres, Amesterdão, Berlim, Madrid, Milão e Viena – nas quais o formato de co-living se encontra mais estabelecido. 

Numa breve referência à situação da pandemia, a CBRE nota que a “Covid-19 significou alguns ajustes na forma como formatos de co-living operam”, mas que, ainda assim, “há uma série de vantagens em viver num ambiente” destes. São eles, segundo a consultora, a possibilidde de ter um quarto privado, “que permite o distanciamento social e limpeza”, ou um estúdio, “que significa que não é preciso devidir casas de banho ou cozinhas”, internet de “alta velocidade que permite o trabalho eficaz a partir de casa sem necessidade de usar transportes públicos”, e uma gestão centralizada que irá reparar o necessário “sem necessidade de ter de lidar com um proprietário privado”.

Um segmento com “muito potencial” em Portugal

Numa análise ao relatório das seis cidades analisadas pela consultora, Cristina Arouca, diretora de Research na CBRE Portugal, recorda, citada em comunicado, que “o número de arrendatários tem vindo a aumentar em toda a Europa, não apenas devido a restrições financeiras, mas também à necessidade de flexibilidade”.

 “O co-living é uma solução de habitação que responde ao crescimento do número de pessoas que procuram o arrendamento, assim como à necessidade de socialização e pertença. Portugal tem ainda uma reduzida proporção de agregados familiares com contratos de arrendamento: 26% em Portugal vs 31% em média na União Europeia (em 2018), tendo por isso ainda um elevado potencial de desenvolvimento”, explica ainda a responsável.

Nuno Nunes, diretor de Capital Markets na CBRE Portugal, perante as conclusões do relatório, acrescenta ainda que no país “existem já alguns conceitos de co-living embora a maioria tenha uma oferta reduzida de unidades e não tenha sido desenhada de raiz com esse propósito”. Apesar disso, refere exemplos de promotores que já estão a criar empreendimentos de raiz e com dimensão, tendo os dois primeiros sido inaugurados este ano em Santa Apolónia e Carcavelos pela Smart Studios.

“Operadores internacionais especializados na exploração deste tipo de unidades não estão ainda presentes em Portugal, embora diversos já tenham revelado interesse em entrar no nosso país. Portugal apresenta os principais fundamentos para o desenvolvimento deste conceito e deste modo a CBRE prevê que surjam em breve mais projetos”, garante o responsável.

Jovens são o alvo: querem flexibilidade e mobilidade

O relatório refere que 75% da população da UE vive atualmente em zonas urbanas e que as Nações Unidas preveem um crescimento para 84% em 2050. A densidade populacional nas cidades é, por isso, cada vez maior, e o espaço começa a tornar-se escasso. O modelo de co-living reinventa assim o modo como se utiliza o espaço fazendo o seu aproveitamento mais eficiente, tal como explica a CBRE. Em Portugal, segundo a consultora, a população que reside em zonas urbanas aumentou 20% entre 2000 e 2020, e é um dos países europeus que revelou um maior crescimento na taxa de emprego em cidades nos últimos 10 anos, com um acréscimo de 7 pontos percentuais.

Os jovens que se mudam para as cidades atrás de oportunidades de emprego, procurando flexibilidade, alojamento central e confraternização, são, por isso, o alvo principal dos conceitos de co-living, numa altura em que a mobilidade internacional proporcionou às empresas a possibilidade de atrair talento em todo o mundo.

“Este crescimento demográfico não foi porém, acompanhado por um aumento de oferta de habitação flexível”, refere a equipa da CBRE nacional, adiantando, de resto, que "esta é uma realidade bem presente em Portugal, nomeadamente nos grandes centros urbanos de Lisboa e Porto, onde nos últimos anos diversas empresas internacionais instalaram centros de serviços partilhados, outsourcing, e diversas empresas do setor tecnológico estabeleceram a base ou extensões do seu negócio", nomeadamente empresas onde se incluem a Teleperformance, a Nestlé, o BNP Paribas, a Sodexo, a Hostelworld, a Revolut, a IBM e aVolkswagen entre outras, segundo a consultora.

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