Quem o diz é o economista Nadim Habib, um dos oradores do Imocionate 2022, o maior evento da mediação imobiliária de Portugal.
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Mediação imobiliária em Portugal em tempos de crise
Nadim Habib, economista e um dos oradores do Imocionate 2022 Créditos: UCI | Freepik

Vivem-se tempos conturbados e de incerteza um pouco por todo o mundo. Um cenário – de inflação alta, taxas de juro a crescer e custos de construção a aumentar, entre outros fatores – que também terá impacto na mediação imobiliária. Estes são temas que serão, seguramente, abordados esta quinta-feira (20 de outubro) no Imocionate 2022, que se realiza no Centro de Congressos do Estoril. “O imobiliário continua a ser um bom sítio para proteger o valor das poupanças”, diz ao idealista/news o economista Nadim Habib, um dos oradores do evento. 

“Vou falar [no Imocionate] sobre as mudanças que estamos a sentir, o impacto das mesmas na economia e no setor imobiliário e como construir uma lógica de gestão que permite lidar com as mudanças e construir um percurso profissional mais resiliente”, explica o International Consultant e professor na Nova SBE.

Nadim Habib é filho de uma dinamarquesa e de um líbio e “aterrou” em Portugal depois de casar com uma portuguesa, revela o responsável na mesma entrevista, que pode ser lida em baixo na íntegra.

É especialista em empreendedorismo, estratégia e inovação e viu o seu programa “Innovation and Agility” ser votado pela CEMS Network como o melhor do mundo em dois anos consecutivos. Trata-se de “um nome incontornável quando se fala de agilidade e performance empresarial, que tem muito a ensinar à mediação imobiliária”, lê-se no site do evento. Clica neste link para saberes mais informações sobre o Imocionate 2022, que tem o idealista como patrocinador diamante.

Fale-nos um pouco sobre si e sobre o seu percurso. Nasceu na Dinamarca e tem origens líbias, e está em Portugal desde 1986, certo? Porquê a escolha de Portugal para viver e trabalhar? Que diferenças encontra face a outros países?

Nasci na Dinamarca, a minha mãe é dinamarquesa e o meu pai é libanês. Estou em Portugal desde 1989. Escolhi Portugal por razões pessoais... casei com uma portuguesa. Na altura sabia muito pouco de Portugal. 

É a primeira vez que participa, enquanto orador, no Imocionate, certo? Que expectativas tem? 

É a primeira vez. Espero encontrar um evento cheio de debates interessantes sobre o setor imobiliário e os desafios que enfrentamos hoje. 

Ensina empreendedorismo, estratégia e inovação na Nova School of Business and Economics e, entre outras coisas, é consultor e orador na área da agilidade organizacional e do alto desempenho das organizações. Que contributo considera que poderá dar aos participantes, tratando-se de um evento relacionado com a mediação imobiliária?

Espero poder partilhar a minha visão de como construir equipas de alta performance. Equipas ágeis, capazes de se adaptarem as mudanças constantes na economia, nos mercados e nos clientes. 

Abrindo um pouco o véu, em que incidirá a sua participação? Do que irá falar, pode revelar-nos, mesmo que de forma breve?

Vou falar sobre as mudanças que estamos a sentir, o impacto das mesmas na economia e no setor imobiliário e como construir uma lógica de gestão que permite lidar com as mudanças e construir um percurso profissional mais resiliente. 

Disse recentemente que é preciso mais capacidade de liderança nas empresas para enfrentar as mudanças, nomeadamente as impostas pela pandemia. “Precisamos muito mais de liderança, não de líderes”, referiu. Quer explicar-nos um pouco melhor o porquê desta afirmação? E que importância tem no atual contexto de incerteza económica?

A liderança é uma competência. Gosto de dizer que precisamos de competência de gestão para lidar com a complexidade, e de competências de liderança para lidar com a mudança. Líderes ajudam as suas equipas, os seus clients, etc. a lidar com as ansiedades relacionadas com a mudança. As organizações procuram muitas vezes “a” pessoa, “o” líder, quando deviam incentivar mais competência de liderança nas pessoas que já trabalham na organização.

Compra e venda de casas em Portugal em tempos de crise
Foto de Alena Darmel on Pexels

Considera que na mediação imobiliária, e no setor imobiliário no geral, também se pode aplicar esta “máxima”? Porquê?

Sem dúvida, quem trabalha no ramo sabe que é preciso liderar o cliente, o processo, colegas, etc. para levar cada venda a “bom porto”. E cada vez que alguma coisa muda, é preciso ter a capacidade de mudar, de convencer outros que a mudança faz sentido, e de alinhar todos à volta da mudança.

(...) Os próximos anos vão ser mais complexos para o setor imobiliário. A procura deve abrandar, com clientes mais hesitantes, e a oferta vai precisar de mais apoio no posicionamento do seu produto. As organizações mais profissionais, com melhor gestão e com mais liderança devem poder ganhar espaço no mercado, enquanto as organizações mais frágeis, vão encontrar dificuldades"

Vivem-se tempos de inflação alta, de taxas de juro a subir, de custo de vida a encarecer etc. Que impacto terão estes e outros fatores para a economia nacional no geral e para o setor imobiliário em particular? O que podem/devem fazer as organizações?

Periodicamente todos os setores passam por mudanças conjunturais. Os próximos anos vão ser mais complexos para o setor imobiliário. A procura deve abrandar, com clientes mais hesitantes, e a oferta vai precisar de mais apoio no posicionamento do seu produto. As organizações mais profissionais, com melhor gestão e com mais liderança devem poder ganhar espaço no mercado, enquanto as organizações mais frágeis, vão encontrar dificuldades. Como é normal nestas alturas, alguns vão ganhar, e outros vão perder. 

Tendo em conta a sua experiência, e não querendo fazer futurologia, o que se pode esperar do ano de 2022 para o setor imobiliário? E do ano de 2023? No caso concreto dos preços das casas, que têm vindo a subir de forma constante, como antecipa que se possam vir a comportar agora?

É difícil prever, mas é raro ver descidas sustentadas nos preços das casas (exceto em situações específicas). Vai haver um abrandamento nas subidas de preços, mas com inflação a 6-7% ao ano, com bolsas instáveis e juros nos depósitos ainda muito baixos, o imobiliário continua a ser um bom sítio para proteger o valor das poupanças.

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