Marta Espírito Santo, da Quintela e Penalva | Knight Frank, revela que Portugal está no Top 10 de destinos para a compra de casa.
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imobiliário em Portugal
Marta Espírito Santo, Head of International Relations da Quintela e Penalva | Knight Frank

O imobiliário continua a ser visto como “um porto seguro” em momentos de incerteza, e Portugal um país atrativo para quem quer investir. Apesar da pressão sentida sobre o setor, devido ao aumento das taxas de juro, dos custos de construção e da inflação, abriu-se uma janela para o capital privado, à procura de oportunidades num cenário “particularmente atraente face à escassez de propriedades prime nos mercados residencial e comercial”, segundo diz Marta Espírito Santo, Head of International Relations da Quintela e Penalva | Knight Frank em entrevista ao idealista/news. Para a responsável, o imobiliário é visto como uma "proteção contra a inflação" e uma vantagem "devido aos benefícios de diversificação de portfólio que oferece".

O mais recente Wealth Report: Outlook para 2023 da Quintela e Penalva | Knight Frank sobre as tendências de investimento em todos os setores associados ao luxo revela que quatro em cada dez indivíduos com património líquido ultra-elevado (UHNWIs) aumentaram o valor da sua carteira em 2022, apesar de um ano de ‘Permacrise’. E o imobiliário foi um dos ‘drivers’ deste desempenho, assim como a elevada liquidez.

Para 2023, espera-se que setor volte a assumir uma posição de liderança, estando no topo da lista das oportunidades de investimento. E Portugal permanecerá no radar de quem investe. Segundo o estudo, o nosso país - devido, nomeadamente, à tranquilidade e à segurança que oferece - está no Top 10 de destinos para a compra de casa, a par dos EUA, Reino Unido e Espanha, que ocupam os três primeiros lugares, respetivamente.

Marta Espírito Santo refere que há elevada liquidez nos segmentos alto e muito alto, e que o preço/m2 em Portugal “ainda é bastante competitivo para os investidores internacionais que, na sua maioria, tem capitais próprios”. Além disso, tal como explica, o preço “não é um fator determinante”, uma vez que o que este tipo de clientes procura é uma “oportunidade ou propriedade que escasseia no mercado”.

Desde os desafios às oportunidades, passando pelas zonas preferidas e atrativos de Portugal para investidores estrangeiros, até à tipologia de ativos/projetos mais procurados, a Head of International Relations da Quintela e Penalva | Knight Frank antecipa o comportamento do setor imobiliário para 2023, nesta entrevista escrita para o idealista/news.

casas de luxo
Foto de R ARCHITECTURE no Unsplash

Segundo o Wealth Report, “a pressão sentida sobre o setor imobiliário, devido ao aumento das taxas de juro, criou uma janela para o capital privado”. Em que medida? Estamos a falar de que tipo de oportunidades?

Efetivamente, o aumento das taxas de juro foi apontado por 59% dos entrevistados como uma preocupação dos investidores. No entanto, a pressão causada por taxas de juros mais altas criou uma janela de oportunidade para o capital privado que procura oportunidades num cenário particularmente atraente face à escassez de propriedades prime nos mercados residencial e comercial. A liquidez está de volta e o imobiliário foi a oportunidade mais citada (46% dos entrevistados), seja por ser considerado como uma cobertura ou proteção contra a inflação - ‘inflation hedge’- ou devido aos benefícios de diversificação de portfólio que oferece.

Portugal vai continuar no radar dos investidores, dizem as principais conclusões estudo. De que tipo de investidores? E de que nacionalidades?

De um total de cerca de 40 países, Portugal está no top 10 com os EUA, Reino Unido, França, Espanha. Os americanos continuam a ser os que mais procuram o nosso país mas também alguns europeus.

A liquidez está de volta e o imobiliário foi a oportunidade mais citada, seja por ser considerado como uma cobertura ou proteção contra a inflação ou devido aos benefícios de diversificação de portfólio que oferece.

Estes investidores vêm à procura de que tipo de ativos e/ou projetos? E com o mesmo nível de preços dos últimos anos, ou esperam algum tipo de desconto?

O investidor é um cliente bem qualificado e que conhece o nosso país. Sabe exatamente o que procura e as zonas em que quer viver. Estamos a falar de clientes com um elevado envolvimento financeiro e que procuram Portugal pela segurança e pela tranquilidade que o nosso país oferece. O preço não é o fator determinante pois o que este cliente procura é uma oportunidade ou uma propriedade que escasseia no mercado.

E quais são as zonas preferidas para investir?

Lisboa continua a ser um destino de eleição, principalmente nas zonas mais centrais e para quem procura viver na capital, assim como toda a linha até Cascais e ainda Sintra, que são sempre bastante procurados para famílias ou clientes que privilegiem um estilo de vida menos urbano e mais virado para o desporto. A zona que vai de Troia a Melides é também muito popular para quem pretende recuperar uma ruína num monte ou reabilitar uma quinta antiga ou simplesmente ter uma casa de verão. Enquanto o Porto tem sido mais atrativo para investidores que procurem um retorno mais elevado.

Zona que vai de Troia a Melides é também muito popular para quem pretende recuperar uma ruína num monte ou reabilitar uma quinta antiga ou simplesmente ter uma casa de verão.

investir em Lisboa
Foto de Rubina Ajdary no Unsplash

Quais são os atrativos do país para os investidores estrangeiros? E os riscos?

O nosso país tem características únicas e diversificadas. É um país pequeno, mas que oferece paisagens para todos os gostos. É seguro e o custo de vida continua a ser atrativo.

De forma resumida, como antecipam que se vai comportar o setor imobiliário em 2023 em Portugal? Quais os grandes desafios e oportunidades?

O setor imobiliário é um setor resiliente e onde existem oportunidades de investimento sólidas. O aumento das taxas de juro continuará a afetar alguns proprietários mais endividados. No entanto, há liquidez nos segmentos alto e muito-alto, por um lado, e por outro, o preço/m2 em Portugal ainda é bastante competitivo para os investidores internacionais que, na sua maioria, tem capitais próprios.

O nosso mercado alterou-se totalmente nos últimos anos e é hoje um mercado diversificado e que não depende únicamente do sistema bancário. Para a Quintela e Penalva l Knight Frank o desafio continuará a ser o de sempre: acompanhar os nossos clientes em todos os ciclos da sua vida, apresentando as melhores oportunidades e soluções quer seja proprietário, comprador ou investidor.

O setor imobiliário é um setor resiliente e onde existem oportunidades de investimento sólidas.

A nível do mercado e do vosso negócio - quais os pontos a destacar?

A Quintela e Penalva l Knight Frank é uma marca 100% portuguesa e com um forte posicionamento no mercado doméstico. A associação a uma marca internacional e de referência como a Knight Frank, projetou-nos no mercado internacional e deu-nos acesso a um network em mais de 50 países. A nossa visão foi sempre a de manter a nossa identidade e de poder servir clientes a nível global, mantendo o mercado nacional como a nossa prioridade.

Por fim, por que é que o setor imobiliário continua a ser visto como “um porto seguro em momentos  de incerteza”?

Especialistas de mercado e analistas financeiros estão a acompanhar a tendência dos investidores para um ‘back to basics’, ou seja para um regresso aos fundamentais: investimentos tangíveis, diretos e reais. O imobiliário, sobretudo em mercados maduros e com elevada procura, é um investimento seguro.

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