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Sobreendividamento: "Muitos portugueses acreditaram que podiam ter um estilo de vida melhor do que na realidade podiam"
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Criada no ano passado com o objetivo de ajudar os portugueses a combater as situações de sobreendividamento, a Reorganiza já prestou apoio a mais de 5.000 clientes na área da negociação e intermediação de crédito . E garante que têm "sucesso em quase 100% dos casos", segundo revela João Raposo, partner e cofundador da Reorganiza, em entrevista ao idealista/news.

Para o responsável, entre "uma das principais razões que levaram ao excesso de endividamento dos portugueses foi a ilusão de poderem viver no equilíbrio". Nesta entrevista, podes ler uma análise mais detalhada sobre este tema e encontrar dicas para evitar e solucionar os teus problemas de sobreendividamento familiar. 

Quando é que a empresa foi criada e com que objetivo?

A Reorganiza é o resultado da experiência dos seus principais acionistas na área da consultoria financeira. O nascimento oficial da empresa foi no dia 1 de junho de 2014, mas a sua génese vem de muito antes.

O objetivo da Reorganiza é combater situações de sobreendividamento familiar. Olhamos sempre para as responsabilidades financeiras do agregado familiar e procuramos as melhores formas de reorganização financeira. 

Quem são os acionistas?

A estrutura acionista é partilhada por três sócios de capital e cinco sócios que trabalham diariamente na Reorganiza. Juntos congregam o conjunto de competências e a experiência necessárias para a solução efetiva dos problemas dos nossos clientes.

Quais as vossas principais áreas de trabalho?

Acreditamos que o combate ao sobreendividamento se faz através de uma estrutura assente em três pilares: formação, elaboração de conteúdos (livros, artigos, blogues, jornais) e intervenção na negociação junto dos credores.

Quais as metodologias que utilizam?

Ao nível da formação e produção de conteúdos estamos em permanente formação. Procuramos aliar o acompanhamento das notícias ao estudo teórico e também à experiência que advém da nossa intervenção prática. Esta interação permite-nos criar conteúdos únicos e de grande valor acrescentado.

Ao nível da negociação contamos com os conhecimentos técnicos e com a experiência da nossa equipa de consultores para negociarem de igual para igual com os credores.

Percebemos que muitas vezes os clientes bancários não têm os conhecimentos ou o tempo necessários para fazerem valer os seus direitos. Exemplo disso é o desconhecimento generalizado da legislação criada para ajudar as famílias portuguesas em situação de sobre-endividamento (PARI e PERSI).

Quantos clientes têm atualmente e de que tipo?

Na área da negociação e intermediação de crédito já prestámos apoio a mais de 5.000 clientes, excluindo daqui algumas dezenas de colaboradores de empresas com as quais temos protocolo e que encaminham para nós os colaboradores com maiores dificuldades financeiras.

Na área da negociação e intermediação de crédito já prestámos apoio a mais de 5.000 clientes.

Ao nível da formação temos crescido exponencialmente desde a criação de uma marca própria da Reorganiza: o Dr. Finanças. No dia 31 de outubro (dia internacional da poupança) decidimos lançar o Dr.Finanças como alguém que tem como objetivo dar workshops para combater a “doença” que é a iliteracia financeira.

O Dr. Finanças promove workshops pelo país inteiro utilizando uma linguagem acessível a todos e apelando à urgência de fazermos o “check-up” permanente às nossas finanças pessoais. A lógica é ajudar a interpretar os sintomas e dar algumas receitas para combater a doença do descontrolo financeiro.

Para além do Dr. Finanças continuamos a distinguirmo-nos na formação à medida conforme as necessidades das empresas que nos contratam. Desde o início da atividade que já formámos mais de 3.500 pessoas. É um trabalho de grande responsabilidade!

O Dr. Finanças promove workshops, cuja lógica é ajudar a interpretar os sintomas e dar algumas receitas para combater a doença do descontrolo financeiro. 

Qual o perfil típico das pessoas que recorrem aos vossos serviços?

Temos verificado que o problema de sobreendividamento é transversal a qualquer classe social e/ou região geográfica. Claro que quem recebe mais tem níveis de endividamento maiores do que quem recebe menos, mas por vezes o sufoco mensal é igual.

Podemos, no entanto, definir que o denominador comum dos clientes que recorrem a nós é a falta de planeamento. Infelizmente a agressividade comercial das financeiras levou a que muitos portugueses acreditassem que podiam ter um estilo de vida melhor do que as reais possibilidades.

Recorrer ao crédito não é nenhum mal. O crédito pode ser uma decisão muito inteligente. O problema aparece quando o recurso ao crédito é feito de forma pouco ponderada e não considerando as incertezas do futuro. 

O problema de sobreendividamento é transversal a qualquer classe social e/ou região geográfica. 

Na Reorganiza procuramos fazer a diferença de forma que todas as pessoas que recorrem aos nossos serviços tenham um alívio nas prestações mensais e, simultaneamente, alterem comportamentos para não caírem em novas situações de sobreendividamento. 

Qual a vossa principal fonte de receitas?

Para além dos rendimentos que temos com os conteúdos e a formação, temos receitas em todas as vezes que alcançamos sucesso na diminuição dos encargos mensais dos nossos clientes.

Ou seja, os nossos honorários só são cobrados em função do sucesso que tivermos na poupança obtida ao cliente. Desta forma estamos sempre focados em diminuir os encargos do cliente no máximo possível, sendo que a decisão de aceitar os resultados da nossa negociação é sempre do cliente.

Recorrer ao crédito não é nenhum mal. O problema aparece quando o recurso ao crédito é feito de forma pouco ponderada e não considerando as incertezas do futuro.

Os nossos consultores não têm poderes para tomar decisões pelos clientes que nos contratam. É uma postura que assume algum risco, mas é a nossa forma de estar: ser parte da solução e nunca parte do problema.

Qual a taxa de êxito da vossa intervenção? Podem dar-nos exemplos?

Em média temos conseguido reduzir 40% do valor das prestações mensais, o que em euros representa uma média de €600,00/mês, ou se preferir fazer o cálculo à poupança anual estamos a falar de uma poupança de € 7.200,00/ano!

Sobreendividamento: "Muitos portugueses acreditaram que podiam ter um estilo de vida melhor do que na realidade podiam"

Podemos orgulhar-nos de ter sucesso em quase 100% dos casos com que nos deparámos. Costumamos dizer que há sempre uma solução para os problemas, por mais graves que nos pareçam.

Quais os principais projetos e estratégias em que estão a trabalhar?

O crescimento da Reorganiza tem reforçado a intuição inicial que este é um projeto para chegar a todas as famílias portuguesas. Procuramos chegar a mais casas através da divulgação de conteúdos válidos e esclarecedores, que possam apoiar quem precisar dos nossos serviços.

Podemos orgulhar-nos de ter sucesso em quase 100% dos casos com que nos deparámos.

Contudo, parece-nos que ainda há muito trabalho para fazer com que as empresas compreendam a importância em ajudar os seus colaboradores nestas temáticas.

Por exemplo, um responsável de Recursos Humanos que se depara com uma penhora de salário não pode pensar que é um problema que diz respeito apenas à esfera privada do trabalhador.

Percebemos que as empresas que já decidiram apoiar os trabalhadores nestas áreas acabam por ver refletido em ganhos para empresa como: aumento do sentido de pertença à instituição, maior produtividade e motivação profissional e, nalguns casos, diminuição nas quebras de stocks e erros do desenvolvimento do próprio trabalho.

Como foi referido acima, a criação do Doutor Finanças tem mostrado ser uma resposta a uma necessidade clara na sociedade portuguesa. Nesse sentido, para além de outros projetos que temos em mente, umas das principais estratégias da Reorganiza é a aposta no crescimento e divulgação destes Workshops.

Um responsável de Recursos Humanos que se depara com uma penhora de salário não pode pensar que é um problema que diz respeito apenas à esfera privada do trabalhador. 

Quais os conselhos que dão aos portugueses para reduzir e evitar o endividamento excessivo?

O conselho mais imediato é que recorram aos nossos serviços! Independentemente disso deverão sempre recorrer à melhor ferramenta de gestão das finanças pessoais: o orçamento familiar.

É através de um rigoroso controlo das receitas e despesas que se consegue calcular a situação líquida mensal. O orçamento espelha a realidade financeira e deixa à vista quais as principais causas de uma situação líquida negativa ou próxima do zero.

Para além deste conselho acrescento outro baseado numa expressão popular que é “quando a esmola é grande, o pobre desconfia”. Isto é, se o crédito é fácil é porque vai sair muito caro. Os portugueses não devem acreditar no crédito que nos “entra pela porta dentro”.

É através de um rigoroso controlo das receitas e despesas que se consegue calcular a situação líquida mensal. 

Quais as razões que levaram a atual situação de Portugal, onde o malparado está mais alto do que nunca; o crédito ao consumo é exatamente a área em que há maior incumprimento, mas há também muitas famílias que deixam de conseguir cumprir o pagamento da prestação da casa…

Das principais razões que levaram ao excesso de endividamento dos portugueses foi a ilusão de poderem viver no equilíbrio. Reparem que já não falo de viver acima das possibilidades. Mesmo o equilíbrio é uma situação muito perigosa.

Ou seja, quem tem um nível de receitas igual às despesas fixas mensais (e nestas não consideram a poupança) não está preparado para os imprevistos que desequilibram o orçamento. E os imprevistos, por definição, não sabemos quando chegam!

Alguém que tenha nas despesas mensais um elevado valor em prestações mensais, quando surgem situações de desequilíbrio orçamental vai ter de começar a cortar nas despesas, pois aumentar as receitas é o caminho mais penoso (mas possível!).

Os cortes nos rendimentos e um aumento do custo de vida (transportes, gasolina, alimentação,…) levaram a que muitos portugueses ficassem diante do dilema de ter de escolher o que deixar de pagar.

Quem tem um nível de receitas igual às despesas fixas mensais (e não consideram a poupança) não está preparado para os imprevistos que desequilibram o orçamento. E os imprevistos não sabemos quando chegam! 

É normal que os níveis de incumprimento sejam maioritariamente no crédito ao consumo, pois é aquele que é financiado com maior facilidade e também aquele em que as consequências do incumprimento são menos gravosas.

Todos sabemos que o último dos créditos a deixar de pagar será sempre o da casa, pois sem casa não podemos viver. 

Como perspetivam a evolução do país a este nível?

A crise que estamos a atravessar leva a que muitos portugueses tenham aprendido a reeducar o estilo de vida e a perceber melhor o funcionamento do setor bancário. Há maior desconfiança relativamente ao crédito fácil.

Em simultâneo também os bancos e instituições financeiras estão “escaldados” com os níveis de incumprimento que podem vir a representar grandes rombos nas suas contas.

Parece-nos que o nível de literacia financeira tem vindo a aumentar, mas ainda há muito caminho a percorrer.

Sobretudo se considerarmos o aumento das insolvências particulares que faz com que os bancos possam ver os seus créditos ficarem extintos do devido pagamento.

Em resumo, parece-nos que o nível de literacia financeira tem vindo a aumentar, mas ainda há muito caminho a percorrer.

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