
A subir desde o início do ano. Esta é a trajetória que as taxas Euribor têm assumido em 2022, uma evolução que acelerou ainda mais em março, dias depois de eclodir a guerra na Ucrânia. A maioria dos novos contratos de crédito habitação em Portugal estão indexados à Euribor a 12 meses, que está cada vez mais próxima de zero e pode mesmo chegar a níveis positivos nos próximos dias. E esta subida já está a agravar as prestações da casa dos novos empréstimos.
A Euribor a 12 meses fixou-se esta quarta-feira, dia 6 de abril de 2022, em -0,063%, mais 0,030 pontos que na sessão anterior. E atingiu, assim, um novo máximo desde julho de 2016, pouco tempo depois de ter imergido em terreno negativo. A verdade é que de lá para cá esta taxa permaneceu no negativo, tendo atingido o menor valor de sempre, de -0,518%, a 20 de dezembro de 2021.
Também a taxa Euribor a 6 meses, a mais utilizada em Portugal no total de créditos habitação, avançou na quarta-feira para -0,361%, mais 0,014 pontos do que no dia anterior. Foi em novembro de 2015 que a Euribor a 6 meses entrou no negativo e registou o menor valor de sempre, de -0,554%, exatamente no mesmo dia da Euribor a 12 meses, a 20 de dezembro de 2021. Neste período, o maior valor atingido foi de -0,358%, observado em agosto de 2020.
A Euribor a 3 meses – a menos usada das três em Portugal – também subiu nos últimos dias: avançou, para -0,463% na quarta-feira, mais 0,004 pontos que no dia anterior, contra o atual máximo desde agosto de 2020, de -0,447%, verificado no dia 4 de abril. A menor taxa Euribor a três meses, de -0,605%, foi observada a 14 de dezembro de 2021.

Como está a afetar as prestações da casa?
Ao atingir terrenos negativos há cerca de seis anos, as taxas Euribor contribuíram - e muito - para baixar a prestação da casa a pagar aos bancos nos empréstimos habitação com taxa variável. Isto porque reduziram os juros a pagar ao mínimo. E, em muitos casos, “anulou totalmente o pagamento de juros” por via da anulação dos spreads mais baixos, refere o Público.
Agora, as taxas Euribor continuam em terreno negativo, mas estão a subir. E, perante este cenário, as famílias que já estão a pagar créditos habitação vão sentir diferenças na prestação no momento da atualização trimestral, semestral ou anual, consoante o tipo de contratos que tenham. E quem contratar um crédito habitação em abril já vai sentir os seus efeitos. De acordo com as contas dos especialistas do idealista/crédito habitação, estas são as diferenças nas prestações da casa para quem contratar um crédito para comprar casa de taxa variável em abril, face a quem contratou em março deste ano:
- Euribor a 12 meses: vai pagar mais 6 euros na prestação da casa em abril face a março;
- Euribor a 6 meses: prestação da casa ficou 4 euros mais cara em abril.
Todos os detalhes desta simulação estão neste artigo preparado pelo idealista/news.

O que justifica esta subida das taxas Euribor?
As taxas Euribor têm estado voláteis, mas sob pressão, desde o início da invasão da Ucrânia pela Rússia a 24 de fevereiro. A verdade é que começaram a subir mais significativamente desde 4 de fevereiro, após o Banco Central Europeu (BCE) ter admitido que poderia subir as taxas de juro diretoras este ano devido à subida da inflação na Zona Euro, que atingiu os 5,9% em fevereiro.
Em Portugal, a inflação homóloga fixou-se nos 4,4% em fevereiro e subiu mesmo para os 5,3% em março de 2022, atingindo o valor mais elevado desde junho de 1994.
Isto porque, note-se, a evolução das taxas de juro Euribor está intimamente ligada às subidas ou descidas das taxas de juro diretoras BCE. As Euribor são fixadas pela média das taxas às quais um conjunto de 57 bancos da Zona Euro está disposto a emprestar dinheiro entre si no mercado interbancário e o contexto macroeconómico é determinante nesta equação.
Recorde-se que as taxas Euribor a três e a seis entraram em terreno negativo em 2015, em 21 de abril e a 6 de novembro, respetivamente. Já a Euribor a 12 meses entrou no negativo em concreto a 5 de fevereiro de 2016.
*Com Lusa
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