Na ilha de Cruit, ao largo da costa noroeste da Irlanda, um projeto do estúdio Pasparakis Friel, apostou numa construção inclinada.
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Casa na ilha de Cruit.
Peter Molloy

Todas as quintas-feiras revelamos uma casa de sonho. Não são poucos os exemplos em que a arquitetura procura fundir-se com os terrenos rochosos onde assenta, tanto por respeito à geologia pré-existente como pela busca de uma harmonia visual e material. Mas este projeto merece particular destaque por inspirar-se na solidez dos afloramentos para criar uma habitação que não se impõe ao ambiente, mas antes o prolonga.

Falamos de uma casa de sonho na ilha de Cruit, ao largo da costa noroeste da Irlanda, em que estes princípios foram levados à sua expressão máxima. Funde-se com as rochas costeiras e torna-se parte integrante de uma paisagem moldada pela força do oceano.

Rudeza para um clima insular

Acabamentos integrados na natureza.
Acabamentos integrados na natureza Peter Molloy

O projeto partiu de uma família com raízes profundas na ilha, presente na região há quatro gerações, que desejava um lar amplo onde pudesse reunir familiares e amigos, mas sem quebrar a harmonia com a austeridade do ambiente natural.

A proposta do estúdio Pasparakis Friel foi criar uma construção inclinada e sóbria, revestida com um reboco rugoso que reproduz a textura das pedras do litoral. A estes elementos somam-se caixilhos de janelas em verde, uma referência subtil à vegetação que se insinua entre as rochas.

 
Caixilharia em verde.
Caixilharia em verde Peter Molloy

Para o estúdio, “Cruit é uma paisagem deslumbrante. Sentimos a necessidade de que o edifício fizesse parte dela; o desejo de que a construção complementasse o cenário e a sua geologia.”

Por essa razão, a escolha dos materiais não responde apenas a uma intenção estética, mas também a um critério prático. “É uma resposta pragmática ao pedido, que exigia uma manutenção mínima: pintar as paredes neste contexto insular, fustigado pelo vento, pela chuva e pelo sol, seria um exercício de futilidade.”

Longe de esconder a rudeza de um clima extremo, o projeto opta por celebrá-la através de acabamentos crus e naturais. Assim, a habitação não procura suavizar a paisagem, mas antes valorizá-la, recorrendo a superfícies rugosas, materiais resistentes e um design que se enraíza de forma orgânica na terra.

Vista dos espaços comuns.
Vista dos espaços comuns. Peter Molloy

Espaços interiores

A orientação da casa é fundamental para compreender o seu funcionamento. O lado este abre-se para a costa e integra amplas janelas de altura total, que permitem desfrutar de vistas privilegiadas sobre o Atlântico a partir da sala de estar, da zona de refeições e da cozinha.

Em contraste, o lado oeste fecha-se como uma muralha: “uma massa de alvenaria sólida e pesada a oeste alberga os quartos e resiste aos ventos por vezes ferozes que sopram do oceano Atlântico”. Deste modo, a casa funciona como um escudo contra as intempéries, mas ao mesmo tempo abre-se ao mar num gesto de harmonia e convivência com o território.

 
Grandes janelas para o Oceano.
Grandes janelas para o Oceano Peter Molloy

Sob o vértice do telhado inclinado, as áreas comuns beneficiam de uma generosa altura. O interior está maioritariamente acabado em branco, o que acentua a luminosidade e reforça a sensação de amplitude. Esta escolha cromática funciona como contraponto ao exterior rugoso, criando um refúgio claro e aberto no meio de uma paisagem agreste.

O processo de conceção foi muito além de simples plantas e maquetes. “Passámos muito tempo na ilha, em diferentes momentos do dia e ao longo das várias estações, para compreender como o edifício poderia integrar-se da forma mais harmoniosa no seu contexto e tirar o melhor partido das vistas e da luz”, explica o estúdio.

Essa observação minuciosa traduziu-se numa abordagem sensível, em que cada abertura e cada orientação foram pensadas para captar a luz ideal ou enquadrar um fragmento específico da paisagem.

Interiores minimalistas.
Interiores minimalistas Peter Molloy

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