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Morreu Américo Amorim, o homem mais rico de Portugal
RTP

Morreu o empresário Américo Amorim, que segundo a Forbes era o homem mais rico de Portugal, com uma fortuna superior a 4.000 milhões de euros. Tinha 82 anos e faleceu esta quinta-feira (dia 14) vítima de pneumonia. Era dono do maior império da cortiça em Portugal, sendo frequentemente apresentado como o “rei da cortiça”, e esteve ligado à criação do BPI, do BCP, à fundação da Telecel – atual Vodafone Portugal – e à privatização da Galp.

O negócio familiar da cortiça nasceu no século XIX e contribuiu fortemente para a fortuna que Américo Amorim criou. Em 2010, Amorim destronou Belmiro de Azevedo como o homem mais rico de Portugal. Foi nesse ano que, apesar da fortuna, tentou seguir uma vida discreta, escreve a RTP, sublinhando que são poucas as entrevistas de fundo dadas à estação de televisão.

Em 1989, quando questionado sobre se se considerava um homem de sucesso, com dinheiro e com poder, disse não saber responder. “Sei apenas que gosto do meu trabalho”, afirmou.

O império da cortiça

Os primórdios da Corticeira Amorim começam em 1870. Foi nesse ano que António Alves de Amorim (avô de Américo) cria uma fábrica de rolhas de cortiça para a indústria dos vinhos no cais de Vila Nova de Gaia. Um desentendimento entre os sócios – das famílias Belchior e Amorim – acaba em tribunal e António Alves de Amorim perde a causa, seguindo para Santa Maria de Lamas.

A história recomeça em março de 1922, com a fundação da Amorim & Irmãos, já liderada pela segunda geração. Américo Amorim, o homem que liderará o império da cortiça na segunda metade do século XX, nasce em 1934. Ele e os irmãos entram na direção da empresa em 1953, já depois de Américo ter concluído o Curso Geral do Comércio.

Segundo a RTP, Américo Amorim esteve sempre “um passo à frente no tempo dos que o rodeavam”, tendo visto oportunidades onde muitos hesitaram. Apostou, por exemplo, nos negócios com o leste da Europa num período em que Portugal não tinha relações diplomáticas com a antiga União Soviética.

Vendeu cortiça aos países de leste, fez crescer a produção durante o condicionamento industrial, emprestou tratores e comprou cortiça às cooperativas que o expropriaram depois de abril de 1974. Em 1998 outro momento histórico: “levou” Fidel Castro a Santa Maria da Feira.

Chegou ao “trono” dos mais ricos de Portugal em 2010, destronando Belmiro de Azevedo. Américo Amorim surgia na 212.ª posição, com uma fortuna avaliada em quatro mil milhões de dólares. Atualmente, de acordo com a lista de 2016 da Forbes, está na posição 385, tendo descido 16 lugares em relação ao ano anterior. Apesar desta descida, a sua fortuna aumentou de 4,1 para 4,4 mil milhões de dólares.

Deixa três filhas e um grande império

Entretanto, e de acordo com a Lusa, Américo Amorim deixa três filhas e um património baseado na cortiça que se estende do imobiliário à energia. O empresário tinha uma atividade empresarial que vai desde a banca à bolsa, casinos, luxo, unidades turísticas e empresas petrolíferas.

Além da área da cortiça, investiu nos setores da energia, do turismo e da banca, tornando-se num dos principais acionistas do Banco BIC Português e concentrando em nome individual participações sociais de relevo na Galp Energia (detém a maioria do capital da Amorim Energia, que, por sua vez, controla 38,34% da Galp Energia, SGPS) e no Banco Popular Español (que entretanto vendeu).

O setor de bens de luxo é considerado “uma área de negócio de forte potencial futuro”, onde o grupo apostou através da marca Tom Ford, criada em 2005 pelos antigos diretor criativo e o presidente executivo da Gucci (respetivamente Tom Ford e Domenico de Sole) e a cujo projeto Américo Amorim se associou, adquirindo uma participação de 25% em finais de 2007.

É precisamente na área da moda que se especializou a filha mais velha de Américo Amorim, Paula, que é vice-presidente do GAA e dona das lojas de moda Fashion Clinic e Gucci, que em outubro de 2016 substituiu o pai na presidência do Conselho de Administração da Galp Energia.

A filha Marta tem também cargos no GAA e desempenha funções noutras empresas detidas pela família enquanto Luísa, apesar de já ter passado “por todas as áreas da corticeira” – atualmente liderada pelo primo, António Rios Amorim – ficou à frente do negócio de vinhos do grupo na Quinta Nova de Nossa Senhora do Carmo e na Quinta de S. Cibrão, em Sabrosa, no Douro, num total de 250 hectares.

Funeral é sábado de manhã

De referir que o corpo de Américo Amorim vai ficar em câmara ardente na capela do mosteiro de Grijó entre as 13h e as 22h desta sexta-feira (dia 14). O funeral terá lugar no sábado, após a missa de corpo presente que se celebra às 10h30, sendo que o corpo seguirá para o jazigo de família, em Mozelos.

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