Ser proprietário de uma parcela de terra na Escócia é, a partir de agora, um sonho realizável e pouco dispendioso, segundo garante a empresa Highland Titles. A partir de 60 euros, qualquer pessoa pode, em simultâneo, tornar-se dono de um lote e atingir o objetivo ‘nobre’ de contribuir para proteger e preservar o belo cenário natural e a vida selvagem das Highlands. E, como bónus, passa também a ser uma Lady ou Lord de Glencoe Wood, títulos que são apenas apanágio dos nobres britânicos.
Ao idealista/news, Olivia Resende, de origem portuguesa e representante da empresa no nosso país, conta que a proposta dos Highland Titles chega através da organização sem fins lucrativos The Highland Titles Charitable Trust for Scotland e o dinheiro angariado com a venda dos lotes é destinado a preservar a flora e a fauna escocesa, bem como o património local, fazendo doações regulares a instituições de caridade das Highlands.
Olivia Resende descobriu a reserva natural escocesa há mais de 10 anos e foi a pedido dos seus fundadores - Peter Bevis, membro da Sociedade Zoológica de Londres e da filha Laura – que se tornou ‘embaixadora’ do Highland Titles, uma iniciativa “muito conhecida em todo o mundo, mas um pouco menos em Portugal”, conta.
A responsável garante “que não há impostos ou outras despesas a ser pagas na aquisição de terras na Reserva Highland Titles, sendo que o título de proprietário é transferível aos seus descendentes” e “pode ser adicionado aos papéis oficiais, como cheques bancários, cartões de crédito, cartão de identidade”, frisando, no entanto, que esta situação é “dependente do Direito de cada país”.
E destaca que "o nosso objetivo é proteger florestas antigas e os seus habitats seminaturais. Com o nosso trabalho de preservação, as plantas endémicas estão gradualmente a substituir as coníferas não-autóctones que não fornecem alimento suficiente nem protegem a vida selvagem”. Assim, cada ano são plantadas cerca de 5.000 novas árvores, restaurando a beleza natural desta paisagem e permitindo o desenvolvimento da fauna e flora autóctones.
Preço de 60 euros por um pé quadrado de terreno
De acordo com a informação disponibilizada por Olivia Resende, os valores vão desde os 60 euros, o que corresponde a 1 pé quadrado de terreno, enquanto os 10 pés quadrados sobem para os 90 euros e 100 pés quadrados são 180 euros.
Assim, de acordo com o folheto de apresentação Highland Titles, são duas as propostas para as áreas dos terrenos de Glencoe Wood e de Lochaber, “dois lugares mágicos que abrigam uma fauna e flora abundante”, detalha Olivia Resende.
“Após a aquisição de 1 pé quadrado os novos proprietários recebem: o título de Laird (proprietário de terreno), Lord ou Lady de Glencoe; uma pasta de alta qualidade, colorida, contendo os documentos; um ato jurídico personalizado em papel de pergaminho, um mapa e um plano de Glencoe Wood com instruções para aceder e visitar seu terreno”, destaca a responsável.
No caso de o terreno se localizar na propriedade Lochaber, pelo valor de 90 euros, o pacote prevê para a parcela de 10 pés quadrados, “o título de Laird, Lord ou Lady de Glencoe Wood - com as mesmas vantagens da aquisição de uma parcela de terra em Glencoe -, e uma visita guiada (meet and greet grátis).
No caso da parcela de 100 pés quadrados - prevê as mesmas vantagens da aquisição de uma parcela em Glencoe -, e mais “a adesão ao campo de golfe; uma excelente caixa de presente para guardar e exibir todos os documentos, uma árvore nativa plantada em sua homenagem e o direito de acampar em Keil Hill”. Neste caso o preço é de 180 euros por parcela.
Planear viagem à Escócia para conhecer as suas terras
Até agora, “mais de 200.000 entusiastas da natureza já aderiram aos títulos da ‘família’ Highland Titles, e muitos compartilham no Facebook as suas fotos, planeando a viagem à Escócia para conhecer e descobrir suas terras”, revela Olivia Resende.
Uma vez por ano, a Highland Titles organiza o “Encontro entre Vizinhos” que junta os proprietários de terrenos na reserva natural, em Glencoe, sendo que a reserva pode visitar-se em qualquer época do ano, exceto agora por causa da Covid-19.
De acordo com a representante em Portugal, “o evento dura três dias e permite às pessoas e associações amantes da natureza de travar conhecimento e descobrir juntos a natureza e o património das Highlands, com um guia que mostra a fauna e a flora e apresenta os projetos futuros e todos os objetivos já realizados durante os últimos anos”.
“Quase todos os anos vou à Escócia durante o encontro, que se realiza no mês de maio, e foi num desses encontros que os fundadores me pediram para representar a Highland Titles em Portugal”, partilha.
Na sua opinião, este projeto precisa de ter visibilidade no nosso país, de forma a que este conceito seja conhecido.
Preservar a natureza do “apetite dos promotores”
Detentores de uma propriedade familiar nas Highlands, Peter (na foto) e sua filha Laura, respetivamente biólogo e contabilista, tiveram a ideia de criar os Highland Titles, “para salvar esses espaços preservados do apetite dos promotores”, refere a apresentação do projeto ecológico, que se iniciou em 2005 com um inventário de terras em “risco de desenvolvimento” imobiliário.
“Em Highlands perceberam a importância de restaurar e preservar esses espaços naturais e colocá-los sob proteção de promotores imobiliários”, explica Olivia Resende, frisando que, "quando um terreno está dividido em múltiplos lotes que pertencem a proprietários diferentes, torna-se impossível para uma empresa implementar qualquer projeto de construção e exploração comercial".
Ambientalistas fervorosos e apaixonados pelas Highlands, os fundadores começaram por vender os lotes das suas terras aos familiares para financiar o plantio de novas árvores e fazer reviver uma terra devastada por anos de criação de ovinos e silvicultura comercial.
O projeto tornou-se muito popular e com os Highland Titles puderam comprar, em 2007, cem hectares em Keil Hill. Em 2014, a empresa adquiriu ainda uma propriedade Mountain View.
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