Câmara Municipal de Lisboa deu luz verde ao projeto na Avenida Almirante Reis, alegando que tem relevância social e económica e vai permitir reabilitar património.
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Edifício da histórica Garagem Liz convertido em supermercado Continente
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Classificado como imóvel de interesse público, o edifício da histórica Garagem Liz vai agora ser convertido num Continente. A proposta da retalhista para instalar um supermercado no final da Avenida Almirante Reis, junto à Rua da Palma, foi aprovada, na semana passada, pela Câmara Municipal de Lisboa. O imóvel, com uma área total de 2.546 metros quadrados (distribuída por dois andares) é propriedade de privados e tem como inquilinos a Sonae MC (que nada tem instalado no imóvel), a Garagem Auto Lis (que sai ao fim de mais de 50 anos) e a Cervejaria Barca Bela.

O projeto, segundo conta o ECO sem avançar detalhes sobre o investimento e datas, foi levado a reunião camarária, no dia 15 de abril de 2021, tendo sido aprovado com os votos a favor do PS, PSD e CDS e os votos contra do PCP e Bloco de Esquerda. Em causa está a “alteração de uso da antiga ‘Garagem Liz’ para um novo estabelecimento comercial (supermercado), propondo a substituição das caixilharias exteriores, mantendo o desenho do alçado original, a demolição da compartimentação interior existente (…), com a reconstrução da cobertura”. A ideia é que o supermercado ocupe o piso térreo e instalar um parque de estacionamento e escritórios no piso superior.

Na Memória Descritiva do projeto pode ler-se que o projeto em questão passa, basicamente, por uma “obra de alteração no interior do edifício que não implicará qualquer modificação na estrutura de estabilidade”, a não ser a instalação de um elevador. Além disso, não haverá “qualquer modificação na cércea, na forma da fachada ou da cobertura”.

Pelo facto de o imóvel ser considerado de Interesse Público, foi necessária a aprovação da Direção-Geral do Património Cultural (DGPC), “que emitiu, por três vezes, o seu parecer, nas duas primeiras fases, a 02/09/2019 e a 13/08/2020, com pareceres favoráveis condicionados (do ponto de vista técnico), e depois, a 26/11/2020, emitindo parecer favorável condicionado”.

Também o Departamento de Gestão da Mobilidade também se pronunciou, tendo emitido dois pareceres desfavoráveis — a 28 de julho de 2020 e a 27 de novembro de 2020 — e um terceiro favorável, a 8 de março de 2021. O Departamento de Higiene Urbana também deu “luz verde” ao projeto, assim como a Junta de Freguesia de Santa Maria Maior, onde o imóvel está localizado.

CML diz que projeto tem relevância económica e social

Fonte oficial da CML, citada pelo diário online, refere que o projeto “permite reabilitar e salvaguardar o património cultural edificado”. “Acresce que os pequenos supermercados de bairro, de várias insígnias, permitem o acesso a pé aos moradores, o que tem especial interesse sobretudo para os mais idosos que ficam com uma oferta comercial mais variada e acessível”.

Sobre os impactos para o tráfego na zona, a autarquia comenta que “a questão das cargas e descargas foi devidamente acautelada” de forma a que “não ocorram situações de congestionamento na via pública”. Trata-se de um “projeto que permite reabilitar mais um edifício com interesse patrimonial, que passa a ter uma utilização com relevância social e económica e que dará a origem a mais postos de trabalho na cidade de Lisboa“.

Os terrenos onde a Garagem Liz está pertenciam à Condessa de Geraz de Lisboa. No final de 1887, foi inaugurado naqueles terrenos o Teatro Circo Real Coliseu de Lisboa e, em 1917, o edifício foi arrendado à Administração dos Correios e Telégrafos, lê-se no site da DGPC. Em 1926, segundo recorda ainda o ECO, o edifício foi demolido e em 1993, a empresa J. Caldas entregou na CML o pedido de construção da Garagem Liz.

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