Como as crianças podem ajudar a limpar e organizar a casa

É muito comum, mães e pais (e adultos no geral), substimarem as capacidades das crianças. Os mais novos adoram desarrumar, mas limpar nem tanto, até porque na maioria das vezes a tarefa de voltar a por tudo em ordem recai sobre os progenitores. Mas a verdade é que arrumar as coisas das crianças, quando elas são perfeitamente capazes de fazer isso sozinhas, pode ser problemático a vários níveis, nomeadamente para o futuro.

Por um lado, os pais acabam por ficar com mais trabalho “às costas”, e por outro, estão a passsar uma mensagem de que as crianças não precisam de se preocupar com nada porque outra pessoa fará as tarefas por eles. Envolver os mais novos em tarefas domésticas é, por isso, uma boa forma de ajudá-las a desenvolver um conjunto de habilidades que serão úteis para o resto da sua vida, mas também a adquirir noções de responsabilidade e valorização do trabalho.

Tamar Chansky, psicóloga e autora de vários livros, incluindo o "Freeing Your Child from Anxiety, refere num estudo publicado pela Universidade de Minnesota, e citado pela NBC, que dar às crianças tarefas domésticas numa idade precoce “ajuda a construir o senso de responsabilidade e autossuficiência”. O estudo, que acompanhou mais de 80 crianças ao longo das suas vidas, descobriu que as crianças que começaram a fazer tarefas domésticas cedo (por volta dos 3 ou 4 anos) eram mais propensas a ter bons relacionamentos com amigos e família, bem como sucesso nos estudos e carreira.

A publicação reuniu um conjunto de dicas para ensinar às crianças que a limpeza é importante, não só para que o façam de boa vontade regularmente, mas ao longo da sua vida.

1. Crianças (muito) pequenas não conseguem limpar, mas podem ajudar

Crianças de três anos podem não ter a capacidade de atenção e cognitiva para limpar realmente, ainda assim, podem ajudar e devem ser envolvidas em atividades, inclusive de arrumação. Exemplos: separar meias, tirar o pó de superfícies baixas, carregar nos botões da máquina de lavar, ir buscar brinquedos etc..- tudo com supervisão e ajuda.

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2. Banir o conceito de limpeza como punição

Quantas vezes, quando criança, tiveste de limpar coisas como forma de punição? Este método não será o melhor se quisermos incutir a importância da limpeza nas crianças. A melhor mensagem para enviar ao mais novos, segundo o estudo citado pela NBC, é que a limpeza "não é um castigo ou uma tarefa árdua, é um bilhete para que outras coisas sejam possíveis". “Se for negativo e falar sobre o que as crianças têm que fazer de forma mal-humorada, as crianças ficarão mal-humoradas”, explica a psicólogca.

Foto de Gustavo Fring no Pexels

3. Dar opções de limpeza

Parte do problema relativo ao facto das tarefas parecerem uma punição é não existir poder de escolha. Segundo Chansky, pode ser benéfico deixar as crianças escolher a tarefa preferida dentro dos parâmetros definidos pelos pais, seja arrumar a roupa, regar as plantas, ir buscar cartas ao correio etc..

Foto de Ketut Subiyanto no Pexels

4. Relativizar o “peso” da tarefas domésticas (e isso também serve para adultos)

Muitas vezes os próprios adultos “fogem” das tarefas domésticas e atribuem-lhe um caráter pesado e quase avassalador. É importante neutralizar estas sensações e deixar de “ralhar” com tudo, mantendo expectativas realistas: o ideal é ter um sentimento de realização e não de pavor. Como? Indentificando tarefas, realizando-as com calma.

Foto de Gustavo Fring no Pexels

5. Envolver a família

“Em vez de mandar o seu filho para o mundo solitário da limpeza, por conta própria, façam isso juntos”, aconselha Chansky. É possível aumentar o senso de comunidade e propósito, permitindo que os filhos saibam que, se eles ajudarem na limpeza, estarão a criar “mais tempo para que [vocês como] pais sejam livres para brincar com eles”, acrescenta a especialista.

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6. Fazer as crianças perceber que o tempo de limpeza entra nas brincadeiras

O teu filho terá companhia este fim de semana? Certifica-te que ele sabe que o final do dia, depois da sessão de brincadeira, será dedicado a arrumar os brinquedos ou qualquer tipo de desarrumação que tiver sido feita. Isto pode parecer punitivo, mas na verdade é apenas ensinar às crianças que a desarrumação que elas fazem é delas e, por isso, se puderem, podem juntar um amigo para fazer o trabalho de forma mais rápida e agradável.

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7. Inspirar os filhos a organizar e doar

O estudo referido pela NBC descobriu que as crianças têm uma média de 59 brinquedos e que, para ajudar a diminuir essa quantidade, cerca de 75% dos pais admitem livrar-se secretamente deles. A intenção aqui pode ser boa, mas há outra formas de dar a volta à questão e evitar até o desperdício. A melhor maneira será ajudar os mais novos a organizar o quarto e convidá-los a escolherem coisas para doar e ajudar outras crianças.