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Incêndios na Grécia: Casas ilegais e falta de planeamento urbano foram mistura explosiva
Uma casa queimada perto de Atenas El País

Na região de Ática, a leste de Atenas, aconteceu esta semana a pior tragédia natural na história recente da Grécia - um incêndio de grande magnitude que provocou pelo menos a morte de 74 pessoas e mais de 180 feridos. As chamas atingiram uma área onde a maioria das habitações foi construída sem licenças e, por isso, sem qualquer plano de evacuação, dificultando qualquer tentativa de resgate.

A zona onde ocorreram os incêndios na Grécia era densamente habitada e de difícil acesso, mesmo em condições normais, considera um especialista grego em desastres naturais citado pelo Público.

Estes incêndios eram um “desastre à espera de acontecer”, afirma mesmo o engenheiro especializado em desastres naturais da Universidade Técnica de Creta, Costas Sinolakis. 

Uma tragédia indizível”, chamou-lhe o primeiro-ministro, Alexis Tsipras, ao decretar três dias de luto nacional. 

Para Sinolakis, o grande problema é a ausência de planos de evacuação para as zonas afetadas. Mati é uma estância balnear a poucas dezenas de quilómetros de Atenas, onde muitos habitantes da capital têm residências de férias, a maioria das quais construídas sem qualquer licença, aponta o professor.

Incêndios na Grécia: Casas ilegais e falta de planeamento urbano foram mistura explosiva
El País

“Não houve planeamento urbano, não há uma rua principal, os arruamentos são muito estreitos”, descreve o docente da Universidade Técnica de Creta, que diz que até os sistemas de GPS erram ao indicar os caminhos nesta zona.

“Mesmo em condições normais é uma área muito difícil para nos deslocarmos, agora imaginem retirar centenas de pessoas à noite, sem se saber por onde ir”, acrescenta em declarações ao jornal.

Casas de férias clandestinas construídas ao longo de anos

Ao longo das últimas décadas, de acordo com o que escreve também o Expresso Diário, os atenienses simplesmente compraram terrenos junto ao mar e construíram, geralmente sem licença. Partes de Mati, como de outras comunidades pela Grécia fora, foram construídas ilegalmente em área florestal pública (ao contrário do que sucede em Portugal, as florestas gregas pertencem geralmente ao Estado).

De tempos a tempos, acrescenta o jornal, uma nova lei permitia a estes “povoados não-oficiais” (como o Ministério do Ambiente lhes chama) serem “legalizados” pelos seus proprietários. Em consequência, essas áreas não têm planos urbanísticos, só vias estreitas (com frequência labirínticas), sem espaços públicos como praças, e a infraestrutura é pobre.

À construção ilegal junta-se a ausência de planos de emergência, algo que, diz Sinolakis ao Público, acontece em quase todas as zonas costeiras da Grécia. “Não havia rotas de saída para as pessoas. É preciso ter este tipo de planos, que indiquem quais são as saídas de emergência, quais os pontos de evacuação nas praias.”

O vento a soprar a mais de 100 quilómetros por hora em Mati, provocou, por outro lado, uma “progressão súbita do fogo”. E enquanto as chamas eram circunscritas na estância balnear, outro incêndio já ameaçava a cidade costeira de Kineta, a poucos quilómetros de distância. Os termómetros atingiram os 40 graus Celsius, dificultando o trabalho dos bombeiros, aponta ainda o Expresso Diário.

Em Portugal: Mais de 20 concelhos do continente em risco muito elevado de incêndio

Em território luso, depois de tragédias como Pedrogão Grande, voltam agora a soar os alarmes de incêndios um pouco por todo o país. Mais de duas dezenas de concelhos dos distritos de Faro, Portalegre, Santarém, Castelo Branco, Guarda, Viseu e Bragança apresentam esta quarta-feira um risco muito elevado de incêndio, segundo o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), citado pela Lusa.

E há ainda quase 60 concelhos dos distritos de Faro, Beja, Portalegre, Castelo Branco, Santarém, Viseu, Guarda, Porto, Aveiro, Vila Real e Bragança em risco elevado de incêndio.

O risco de incêndio determinado pelo IPMA engloba cinco níveis, que podem variar entre o "reduzido" e o "máximo".

O cálculo, tal como explica a agência de notícias, é feito com base nos valores observados às 13:00 em cada dia relativamente à temperatura do ar, humidade relativa, velocidade do vento e quantidade de precipitação nas últimas 24 horas.

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