A arquitetura adaptativa é uma abordagem que procura reutilizar e transformar edifícios existentes para adaptá-los a novas funções e necessidades. Em vez de demolir estruturas antigas, aproveita a sua infraestrutura original e elementos arquitetónicos para criar espaços renovados e funcionais. Esta abordagem assenta na ideia de que os edifícios existentes têm valor histórico, cultural e estrutural que podem ser preservados e aproveitados. Tudo isto, tendo em conta a sustentabilidade e a eficiência dos recursos, o que significa reutilizar materiais e minimizar a pegada ambiental face a construir de raiz.
Com base nesses princípios, o estúdio de arquitetura MSR Design, com sede em Minneapolis, criou um campus tecnológico dentro de uma antiga siderúrgica abandonada na Pensilvânia, construindo três prédios coloridos e uma grande instalação solar na cobertura. Este projeto de reutilização adaptativa fica num antigo terreno baldio a alguns quilómetros do centro de Pittsburgh, no bairro de Hazelwood.
A fábrica de laminação de aço, conhecida como Mill 19, foi construída em 1953 e operou até 1997, tornando-se a última siderúrgica em operação em Pittsburgh, uma cidade que desempenhou um papel central no declínio da indústria siderúrgica dos Estados Unidos. Com o desenvolvimento do projeto, foi gerado um espaço com área total de 263.200 m2, destinado a abrigar empresas de alta tecnologia e manufatura.
Preservar a história do local foi uma preocupação fundamental da MSR Design, que os levou a preservar a estrutura da antiga fábrica, que tem 415 metros de comprimento e 30 metros de altura. Foi completamente limpo e testado para garantir a ausência de contaminantes. “A Mill 19 é um emblema vivo da transformação de Pittsburgh do seu passado siderúrgico industrial para um futuro de manufatura avançada sustentável. Numa abordagem ousada para a reutilização adaptativa, o projeto tece visceralmente um novo espaço para a indústria de robótica da cidade dentro das ruínas industriais de uma siderúrgica desativada.
Três edifícios inseridos na antiga estrutura
Os três edifícios metálicos inseridos na estrutura fabril têm diferentes revestimentos. Um corredor ao ar livre corre ao longo da fachada sudoeste, conectando os novos edifícios com a estrutura antiga. Além disso, passarelas atravessam o espaço intermediário e conectam-se a escadas amarelas brilhantes. Quanto aos interiores, a amplitude e a adaptabilidade foram priorizadas, incorporando grandes superfícies de vidro para aproveitar ao máximo a luz natural.
Ao longo do campus, foram criados vários jardins, esplanadas e praças que permitem experiências diversificadas, desde momentos de reflexão individual a grandes convívios comunitários. O paisagista TEN x TEN, de Minneapolis, esteve envolvido no projeto.
O campus incorpora elementos sustentáveis pelos quais foi premiado pelo Instituto Americano de Arquitetos (AIA). Merece destaque a instalação solar na cobertura, com capacidade para dois megawatts, uma das maiores do género nos Estados Unidos. Gera energia suficiente para cobrir grande parte das necessidades energéticas do local.
Outras características sustentáveis incluem um extenso sistema de jardins de chuva, canais e cisternas para gerir e reutilizar a água da chuva. Além disso, materiais recuperados da antiga fábrica foram utilizados no local. Por exemplo, o piso de betão original foi quebrado em pedaços e incorporado à paisagem.
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