A APU alerta que o decreto permite a criação de "mais-valias puras", sem beneficiar o interesse público.
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A Associação Portuguesa de Urbanistas (APU) lançou uma carta aberta ao Governo, manifestando preocupações e propondo alterações ao Decreto-Lei n.º 117/2024, que altera o Regime Jurídico dos Instrumentos de Gestão Territorial (RJIGT). Segundo a APU, a nova lei dos solos apresenta falhas estruturais e ignora questões essenciais para a eficiência do planeamento territorial e a promoção de habitação acessível.

Entre as críticas está a revogação da obrigatoriedade de fundamentar a reclassificação de solos rústicos para urbanos com base nas Estratégias Locais de Habitação ou Cartas Municipais de Habitação. A associação questiona o impacto dessa decisão, apontando que mais de 90% dos municípios já dispõem desses instrumentos, tornando a medida contraditória e pouco justificada.

A APU alerta que o decreto da nova lei dos solos permite a criação de "mais-valias puras", sem beneficiar o interesse público, e solicita ao Governo a divulgação dos estudos técnicos que sustentaram a decisão. Segundo a associação, tais documentos são cruciais para garantir transparência e fomentar o debate público.

Nas várias propostas que apresenta na carta aberta, a APU sugere repor a exigência de fundamentação técnica para a reclassificação de solos e rever os parâmetros de regulação de preços de habitação acessível. Defendem a substituição do conceito de "valor moderado" por "custos controlados", com margens de lucro justas, promovendo habitação a preços adequados ao mercado.

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Outra sugestão é restringir o uso de terrenos classificados como Reserva Ecológica Nacional (REN) ou Reserva Agrícola Nacional (RAN) para construção, protegendo recursos naturais e garantindo um ordenamento do território mais sustentável.

A associação também apresentou uma lista de temas que considera urgentes, como a melhoria da eficiência do sistema de gestão territorial, a revisão do planeamento urbano e a integração de políticas de habitação com incentivos fiscais. Estes elementos, segundo a APU, são essenciais para resolver os problemas estruturais do ordenamento do território em Portugal.

A APU sublinha a necessidade de maior envolvimento de especialistas no processo legislativo e pediu audiências ao Governo para discutir as suas propostas. Reforça ainda a importância de medidas concretas para aumentar a oferta de habitação, incluindo programas de construção modular e parcerias público-privadas.

A associação defende que o processo legislativo seja conduzido com base em avaliações técnicas robustas e em diálogo com os profissionais da área, promovendo políticas urbanas e habitacionais mais eficazes e sustentáveis.

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