O mercado imobiliário em Portugal vai-se adaptando aos cenários económicos e políticos cada vez mais exigentes e complexos num mundo interligado. Todas as alterações nos juros, inflação, oferta e procura acabam por marcar o passo do setor. É neste contexto que sai reforçado o papel dos servicers, entidades especializadas na gestão de ativos. Se no passado a sua atuação era maioritariamente associada à gestão de crédito em incumprimento, hoje a intervenção dos servicers cobre uma dimensão muito mais ampla e estratégica.
“Num momento em que o imobiliário atravessa uma fase de maior exigência operacional e de adaptação às novas condições, os servicers deixaram de ser meros executores operacionais, atuando como parceiros estratégicos, com capacidade analítica e visão de longo prazo para apoiar clientes, investidores e instituições financeiras na criação de valor sustentável”, explica Luís Filipe Silveira, Diretor de Real Estate da Hipoges, neste artigo preparado para o idealista/news.
Servicers reúnem conhecimento, tecnologia e execução
Num mercado onde a agilidade é um fator de diferenciação, os servicers destacam-se por aliarem conhecimento especializado e soluções tecnológicas que permitem gerir e valorizar ativos de forma sistemática, estruturada e com foco no retorno. Os servicers estão, hoje, cada vez mais posicionados como parceiros estratégicos, tendo cada vez mais um papel ativo na antecipação de riscos, na reconversão e criação de soluções ajustadas às alterações do mercado.
A sua área de atuação estende-se em todo o ciclo de vida do ativo desde a análise de mercado e reposicionamento estratégico, passando pela manutenção e construção, regularização e comercialização. Esta abordagem integrada permite que muitos ativos, na sua maioria, permaneceriam subaproveitados, regressem ao mercado de forma qualificada e com real valor acrescentado.
A experiência acumulada dos servicers permite “identificar oportunidades no segmento do desinvestimento tornando-os aptos para o comprador tradicional”, acrescenta Luís Filipe Silveira. Esta capacidade de leitura do mercado é essencial num momento em que a escassez de oferta habitacional e a pressão sobre os centros urbanos exigem novas soluções.
Aprender com lições dos mercados internacionais
Nos mercados imobiliários internacionais, o papel dos servicers tem-se vindo a consolidar há mais de uma década, sobretudo, como gestor de ciclo completo. Ou seja, desde a recuperação judicial de ativos ao reposicionamento comercial, passando pela gestão ativa e relançamento no mercado. No caso do mercado imobiliário português, este tem vindo a seguir a mesma tendência, com um nível crescente profissionalização, tanto do lado da procura como do da oferta.
Neste enquadramento, os servicers afirmam-se com profissionalismo e conformidade, operando com equipas multidisciplinares, processos auditáveis e soluções digitais que garantem rigor, transparência e capacidade de reporte. O responsável da Hipoges detalha que “temos assistido a um claro reconhecimento da importância dos servicers como parte integrante da cadeia de valor do setor imobiliário. A sua presença é muitas vezes decisiva para a confiança dos investidores e para o bom desempenho de operações complexas, como grandes carteiras de imóveis ou ativos de natureza especial”.
Além disso, os servicers têm vindo a incorporar soluções tecnológicas inovadoras como são os casos das plataformas de gestão integrada, a sistemas de monitorização de ativos e inteligência artificial aplicada à análise de risco, permitindo assim atuar com maior precisão, rapidez e escalabilidade. Esta evolução digital é fundamental para lidar com carteiras cada vez mais diversificadas, em geografias distintas e com perfis jurídicos, fiscais e comerciais muito distintos.
A regulação como motor de evolução e não um travão
Nos últimos anos, os servicers têm-se adaptado a um quadro regulatório em constante evolução, marcado por novos requisitos de sustentabilidade, eficiência energética, proteção de dados, entre outros. Esta adaptação é essencial para gerir ativos de forma eficiente e responsável, garantindo conformidade e mitigando riscos.
“Vemos a regulação não como um obstáculo, mas como um motor de evolução. Ao incorporar novos requisitos legais e padrões de compliance, conseguimos transformar normas em oportunidades estratégicas, promovendo inovação, eficiência e valorização sustentável dos ativos que gerimos”, comenta o diretor de Real Estate da Hipoges.
Esta postura proativa não só acelera a forma como se gere os ativos no mercado, como também reforça a confiança de investidores e parceiros e contribui para a estabilidade e dinamismo do setor, consolidando o papel dos servicers como agentes estratégicos no crescimento e sustentabilidade do mercado.
Um setor em evolução exige parceiros sólidos
O mercado imobiliário atual exige soluções integradas, parcerias robustas e intervenções estratégicas. Estamos perante uma verdadeira mudança de paradigma. Os servicers têm vindo a assumir responsabilidades acrescidas e uma participação direta nos ativos, desde a sua reabilitação até às decisões estratégicas sobre a venda ou reintegração no mercado. Esta capacidade de criar valor é, aliás, o motor que está a redefinir o seu papel no setor.
Muitos servicers começaram a sua atividade como gestores de ativos e, com as diversas transformações do mercado, desenvolveram linhas verticais de negócio que se estendem a áreas complementares, como crédito, construção, entre outras. Esta abordagem integrada permite responder de forma eficaz às necessidades tanto do mercado como dos clientes, reforçando o valor que criam e consolidando o seu papel estratégico no setor.
Como resultado desta evolução, os servicers transmitem confiança aos investidores. Combinam um conhecimento profundo do setor com um compromisso ativo, influenciando tendências, orientando decisões estratégicas e moldando a dinâmica competitiva. Esta atuação promove a eficiência operacional, reforça o desenvolvimento estratégico e fortalece todo o ecossistema do setor.
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