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Assim mudou o mercado do crédito à habitação desde a passagem da Troika por Portugal
Portugal Resident

Desde o início da década - antes da crise e da passagem da troika por Portugal - que os bancos não davam tanto dinheiro para a compra de casa: só no primeiro semestre deste ano foram concedidos empréstimos num valor total de 3,8 mil milhões de euros. Este número representa um crescimento de 42% face ao verificado no mesmo período do ano passado. Em média, por cada dia que passou os bancos concederam mais de 20 milhões de euros com essa finalidade nesse período.

Só em junho passado, o volume de novos empréstimos para financiar a compra de casa, atingiu 754 milhões de euros. Também este é o registo mais elevado desde dezembro de 2010. E mesmo em termos mensais reflete uma subida de 26 milhões de euros face ao valor concedido em maio, mostram os dados mais recentes do Banco de Portugal (BdP). Em 2016 foram concedidos 5,5 mil milhões de euros de financiamentos para a compra de casa (mais 39,6% em comparação com o ano de 2015).

As novas operações de crédito vêm acompanhadas de uma taxa de juro média de 1,69%, o que compara com 1,68% um mês antes. Ainda assim, o preço do dinheiro cobrado pelos bancos mantém-se num mínimo histórico. Há um ano, a taxa era 0,25 pontos acima.

E se no início de 2015 a margem mínima entre os principais bancos a operar no mercado nacional atingiu uma média de 2,78%, atualmente ascende a 1,49%. Isto porque a grande maioria dos bancos nacionais já tem no seu preçário "spreads" inferiores a 2%. 

Taxa fixa com maior procura, mas variável continua a reinar

Mas há um fenómeno a mudar no mercado nacional de crédito à habitação: as taxas fixa e mista estão a ganhar cada vez mais força, apesar de a histórica taxa variável continuar a dominar a maioria dos contratos. Em 2016, os contratos com juro fixo cresceram 164,5% e os de taxa mista aumentaram 95,2%.

Olhando para a totalidade do ano passado, na totalidade dos 57.912 contratos de crédito à habitação celebrados em 2016, a taxa variável representou 83,4% do total, ficando aquém dos 89,5% verificados no ano anterior. Já a taxa fixa foi a opção para 4,9% do total de empréstimos celebrados no ano passado, abaixo dos 2,5% que se registaram em 2015, mostra o último Relatório de Acompanhamento dos Mercados Bancários de Retalho do Banco de Portugal.

Estes números espelham a crescente aposta dos bancos em oferecer crédito à habitação de taxa fixa, tendo em conta os níveis historicamente baixos dos indexantes — a Euribor — que estão em negativo há mais de dois anos, bem como a tendência de quem procura financiamento para tentar proteger-se de futuras subidas. Recorde-se que em 2008, a Euribor superou o pico dos 5,5%.

Esta preocupação é evidente na renegociação de créditos, em que "a alteração do tipo de taxa de juro, maioritariamente de taxa variável para taxa fixa, surge pela primeira vez entre as três condições mais renegociadas“, tal como diz o relatório do BdP.

85% dos contratos de taxa variável usaram a Euribor a 12 meses

Na taxa variável, que continua a estar na maioria da nova concessão de crédito à habitação, destaca-se a forte utilização da Euribor a 12 meses. Essa taxa foi usada em 85,3% dos novos contratos, quando em 2015 tinha representado apenas 25% do total. 

Os contratos indexados à Euribor a três meses passaram a representar 0,9% dos contratos, aquém dos 14,1% verificados em 2015. Já a Euribor a seis meses esteve em 12,3% dos contratos, o que compara com 59,4% do ano anterior.

Por outro lado, a banca está também mais disponível para dar mais dinheiro. No pico da crise, em 2013, a banca chegou a financiar apenas cerca de 60% da avaliação do imóvel, mas atualmente já há instituições que financiam mais de 80% da avaliação, um valor que ainda assim está longe dos 100% financiados no auge da concessão de crédito, entre 2004 e 2007. 

Se no início de 2015 a margem mínima entre os principais bancos a operar no mercado nacional atingiu uma média de 2,78%, actualmente ascende a 1,49%. Isto porque a grande maioria dos bancos nacionais já tem no seu preçário "spreads" inferiores a 2%. 

 

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