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Portugueses estão cada vez a amortizar
mais nos empréstimos da casa antes do tempo
idealista/news

O stock total do crédito à habitação tem vindo a cair, com os portugueses cada vez a realizarem mais reembolsos antecipados, totais ou parciais, junto dos bancos. São sobretudo os mais velhos que estão a pagar as casas mais cedo do que o previsto. E estas amortizações estão a ser feitas para limpar dívidas e não para contrair depois um outro empréstimo à habitação, seja para trocar de casa ou de banco em busca de melhores condições de financiamento.

Este retrato é traçado por um estudo incluído no Boletim Económico de maio do Banco de Portugal, publicado na semana passada, sendo que os dados analisados pela equipa de especialistas vão desde setembro de 2009 a setembro de 2017.

O "aumento dos reembolsos antecipados no crédito à habitação nos últimos anos pode estar relacionado com o aumento do diferencial entre as taxas de juro dos empréstimos e dos depósitos e com o facto das taxas de juro dos depósitos se situarem em valores próximos de zero”, admitem os economistas do banco central liderado por Carlos Costa.

Por outro lado, “num contexto de aumento significativo dos preços da habitação, estes reembolsos totais antecipados podem estar ainda associados à venda de imóveis sem envolver a contratação de novos empréstimos para compra de habitação por parte destes devedores“. Tanto mais que os dados relativos às transações de imóveis indicam que o “peso das vendas de imóveis usados no total de transações de imóveis aumentou consideravelmente desde 2009”.

O estudo conclui assim que, “no período mais recente, os reembolsos previstos no contrato representam cerca de 40% do total dos reembolsos, o que compara com cerca de 50% no caso dos reembolsos totais antecipados e de 10% no caso dos reembolsos parciais antecipados”. 

A maior parte do montante dos reembolsos totais antecipados deve-se "a devedores que não contraem um novo empréstimo à habitação, sugerindo que a troca de casa ou de banco tem um contributo reduzido para o dinamismo observado nos reembolsos do crédito à habitação.” Estes são mais velhos, com idade próxima dos 48 anos de idade.

Crédito malparado também baixa 

Por outro lado, segundo dados da Central de Responsabilidades de Crédito, também divulgados na semana passada pelo Banco de Portugal, no último ano - e à data de final de março passado - o número de incumpridores no crédito à habitação encolheu em 19.129, para um total de 109.172. Nessa ocasião, este segmento tinha à sua conta 2.842 milhões de euros de malparado, 4,2% face ao total do crédito à habitação.

Em termos globais, nessa data havia um total de de 520.123 famílias cujos créditos estavam em situação de incumprimento, sendo que no último ano, houve 59.713 famílias a regularizarem as suas situações, a grande maioria no segmento do crédito ao consumo.

Neste caso, havia no final de março 461.563 agregados com empréstimos com pagamentos em atraso, sendo que 58.160 agregados deixaram de estar em incumprimento no último ano.

Num momento em que a crise financeira parece estar ultrapassada e a economia mais forte, com o desemprego em mínimos de quase 14 anos, as famílias estão com maior poder de compra e melhor preparadas para cumprir os compromissos assumidos com as instituições de crédito.

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