
O arquiteto Paulo Mendes da Rocha morreu este domingo (23 de maio de 2021) aos 92 anos em São Paulo, onde estava internado. É considerado “o último gigante da arquitetura brasileira” pela Folha de São Paulo. Ganhou o Prémio Pritzker em 2006 e assinou duas grandes obras em Portugal: o Museu dos Coches e a Casa do Quelhas, em Lisboa.
A morte do arquiteto foi confirmada ao diário brasileiro Folha de São Paulo pelo próprio filho Pedro Mendes da Rocha. Segundo o jornal Público, o arquiteto foi vítima de doença oncológica.
Paulo Mendes da Rocha é mesmo o mais premiado arquiteto brasileiro de sempre. Para além de vencer o Prémio Pritzker, em 2006, também ganhou o Leão de Ouro de carreira na Bienal de Arquitetura de Veneza, em 2016. No mesmo ano, foi galardoado com o Prémio Imperial do Japão e no ano seguinte recebeu a medalha de ouro do Royal Institute of British Architects.
Nasceu em 25 de outubro de 1928, em Vitória, no estado brasileiro do Espírito Santo, e a sua carreira está particularmente centrada no Brasil. Entre as suas mais conhecidas obras estão o Museu Brasileiro de Escultura (1987), o Museu de Arte de Campinas (1989) e o restauro da Estação da Luz, em São Paulo, convertida em Museu da Língua Portuguesa (2006).
Também deixou a sua marca em outros países, de tal modo que recebeu os principais prémios arquitetónicos do mundo, sendo também consagrado com o Mies van der Rohe de arquitetura latino-americana por dois anos consecutivos, pelo Museu Brasileiro de Escultura e pela Pinacoteca de São Paulo, em 1999 e 2000, respetivamente.
Em Portugal, o arquiteto brasileiro assinou duas grandes obras: o Museu dos Coches e a Casa do Quelhas, em Lisboa. Na sua passagem pelo país para o desenvolvimento do projeto do novo Museu dos Coches, o arquiteto disse que sentiu "uma grande emoção em ser convocado para uma coisa que é tão extraordinária. É um tesouro incomensurável o que representa esses artefactos, que nós chamamos de carruagens, os coches", sublinhou ainda.
A Casa da Arquitetura – Centro Português de Arquitetura, a quem Paulo Mendes da Rocha doou o acervo integral do seu trabalho em setembro de 2020, lamentou a morte do arquiteto, primeiro sócio-honorário da instituição, que apelidou de “amigo” com quem mantinha “uma relação próxima há muitos anos”.
O acervo deixado à Casa da Arquitetura envolve cerca de 8.800 objetos, relativos a mais de 320 projetos, e "é composta por cerca de 6.300 desenhos analógicos, 1.300 desenhos físicos, três mil fotografias e 'slides', um conjunto de maquetes feitas pelo próprio" Mendes da Rocha e aproximadamente 300 publicações, segundo a instituição portuguesa sediada em Matosinhos, distrito do Porto.
Considerando que “o mundo e arquitetura ficam irremediavelmente mais pobres”, a Casa da Arquitetura recordou que tem programada para 2023 uma “grande exposição monográfica dedicada a Paulo Mendes da Rocha”.
*Com Lusa
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