
O Banco Popular da China (banco central) cortou o custo de financiamento a curto prazo, visando estimular a economia, numa altura em que o país regista uma débil recuperação, após ter abandonado a estratégia ‘zero covid’.
O banco central anunciou um corte na taxa para operações de venda com acordo de recompra (Repo, em inglês) de sete dias, em 10 pontos base, de 2% para 1,9%, injetando dois mil milhões de yuan (259 milhões de euros) no sistema bancário.
Os acordos de recompra constituem uma forma de financiamento em que a instituição financeira cede títulos da sua carteira como contrapartida de um empréstimo e, simultaneamente, se obriga a recomprá-los numa data pré-estabelecida. A diferença entre os preços de venda e de recompra constitui o juro pago pelo devedor.
A decisão do Banco Popular da China surge após os principais bancos estatais do país terem reduzido, na semana passada, as taxas para a remuneração dos depósitos a prazo, sinalizando uma flexibilização monetária.
A medida ocorre também antes do banco central anunciar a decisão sobre as taxas de juro para empréstimos a médio prazo, prevista para quinta-feira. Num relatório, a divisão de gestão de fortunas do banco UBS disse esperar mais flexibilização da política monetária daqui para a frente.
“Acreditamos que a política monetária vai continuar a concentrar-se em manter a liquidez ampla e o crescimento do crédito estável”, indicaram os analistas do UBS, prevendo que o banco central vai fazer entre um e dois cortes “modestos” este ano.
Após a decisão, o preço dos títulos de dívida soberana da China subiram. O rendimento das obrigações do Governo a 10 anos caiu cerca de 4,0 pontos base, fixando-se em 2,645%, o valor mais baixo dos últimos nove meses. O valor do dólar norte-americano face ao yuan subiu para 7,1610, logo após o banco central ter anunciado a sua decisão.
Vários indicadores económicos, incluindo o comércio externo, consumo ou atividade da indústria transformadora sugerem um desaceleramento na recuperação da economia da China, após Pequim ter abolido, em dezembro, as medidas de prevenção contra a covid-19, que no ano passado empurraram o país para um ciclo de bloqueios e estagnação.
A decisão do banco central visa desencorajar a poupança, de modo a promover a atividade e apoiar a economia. O crescimento económico nos primeiros três meses do ano acelerou para 4,5%, em comparação com igual período de 2022, mas os analistas dizem que o pico da recuperação provavelmente já passou.
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