
O Banco de Portugal confirmou ontem que interrompeu o procedimento de venda do Novo Banco e vai agora começar a preparar uma nova operação de alienação do banco. Em comunicado, o regulador diz que "é intenção do Banco de Portugal retomar o processo de venda depois de serem removidos os principais fatores de incerteza relativos ao Novo Banco".
Segundo fontes ouvidas pelo Expresso, o processo deverá ser lançado no final de 2015 ou início de 2016, embora o 'timming' da nova operação esteja em aberto.
Por outro lado, também ontem, o Governo admitiu finalmente que o adiamento da venda do Novo Banco vai implicar mesmo uma revisão em alta do défice de 2014, em 4,9 mil milhões de euros, o montante total da capitalização do banco aquando da resolução do BES.
A ministra das Finanças, Maria Luís Albuquerque, citada pela Lusa, declarou, porém, que a decisão de hoje do Banco de Portugal de interromper o procedimento de venda do Novo Banco e começar a preparar uma nova operação de alienação da instituição, "não tem qualquer impacto" na dívida pública de 2014.
No entanto, escreve a agência de notícias, quanto ao apuramento em contas nacionais do défice de 2014, ano em que ocorreu a capitalização do Novo Banco, a governante remeteu essa competência para o Instituto Nacional de Estatística (INE), mas admitiu que, "uma vez que o Novo Banco não foi vendido no prazo de um ano desde a resolução [do Banco Espírito Santo], isso será refletido no défice de 2014, [no valor de] 4,9 mil milhões, portanto o valor total de recapitalização do banco".
Novo Banco, a nova pedra no sapato depois do BPN
O BES, tal como era conhecido, acabou a 03 de agosto de 2014, quatro dias depois de apresentar um prejuízo semestral histórico de 3,6 mil milhões de euros. O Banco de Portugal, através de uma medida de resolução, tomou conta da instituição fundada pela família Espírito Santo e anunciou a sua separação, ficando os ativos e passivos de qualidade num 'banco bom', denominado Novo Banco, e os passivos e ativos tóxicos, no BES, o 'banco mau' ('bad bank'), que ficou sem licença bancária.
O Novo Banco foi entretanto posto à venda tendo o Banco de Portugal identificado três propostas vinculativas: a dos chineses da Anbang, a dos chineses da Fosun e a dos norte-americanos da Apollo.
Mas as negociações não resultaram com nenhum dos potenciais comprdadores e o regulador terá agora de abrir um novo procedimento de venda. Este vai ser um dos dossiers mais complicados que o novo Governo terá de enfrentar, após as eleições legislativas de 4 de outubro.
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