Acabado de chegar de Londres e de um périplo de reuniões com investidores estrangeiros e com algumas das principais “UK listed companies” - REITs ou empresas inglesas de investimento imobiliário cotadas em bolsa - Hugo Santos Ferreira, vice-presidente executivo da Associação Portuguesa dos Promotores e Investidores Imobiliários (APPII) avança ao idealista/news que, a par dos investidores espanhóis, "há desde Londres um interesse tremendo pelo nosso setor imobiliário e em entrar no nosso mercado através de joint-ventures com local partners”.
“É muito curioso constatar que, pese embora o mercado imobiliário inglês tenha índices de sofisticação e desenvolvimento muito acima de média e muito superiores ao nosso país, há um interesse tremendo pelo nosso setor imobiliário e em entrar no nosso mercado através de joint ventures com local partners”, conta o responsável, que tem sido uma das pessoas mais ativas em atrair investidores imobiliários estrangeiros para o mercado nacional.
“Todas as empresas com quem falei pretendem entrar em Portugal através da colaboração com parceiros locais e pediram-nos essa ajuda…” , aponta, dando a conhecer que "definitivamente querem investir muito no segmento residencial e também em projetos para estudantes".
No fundo, "são parcerias muito benéficas para ambas as partes", detalha Santos Ferreira, explicando que "de fora vem o capital e todo este progresso e visão global", sendo que, na sua maioria estão em causa "empresas multinacionais e com presença em todos os continentes, aportando por seu lado as empresas portuguesas o know how sobre o mercado local e todas as suas condicionantes".
As tendências de investimento para 2019
Hugo Santos Ferreira antecipa mesmo que uma das mais significativas tendências para 2019 “vai ser esta vaga de investidores e promotores imobiliários de topo que estão a vir de fora, nomeadamente do Reino Unido e de Espanha e que aqui pretendem vir construir milhares de habitações”.
No lote destes novos players "fazem parte do top 10 ou do top 20 dos mercados do UK e de Espanha, tanto REIT´s ou SOCIMI´s mais voltadas para o investimento em ativos de rendimento ou do segmento comercial, como escritórios, retail e hotéis, mas também verdadeiros promotores imobiliários focados em imobiliário residencial de larga escala”, frisando que isto "inclui a promoção imobiliária de habitações para a classe média".
O que motiva todo este interesse por Portugal?
"Pode dizer-se que estes investidores vêm atraídos por um País e em especial por um setor imobiliário que hoje oferece condições iguais ou já melhores do que outros países ou cidades concorrentes"
Ainda assim, o vice-presidente executivo da APPII adverte, partilhando um sentimento de preocupação ao mesmo tempo que demonstra muita confiança nos tempos vindouros: “precisamos dar as necessárias condições de confiança e estabilidade, devendo ter-se muito cuidado com a mensagem, certa ou errada, que se está a passar a estes investidores que aqui pretendem vir investir em habitação.”
E onde querem investir estes novos players?
Muito destes novos projetos são destinados a empreendimentos residenciais de larga escala. "Falo em construir-se muitas habitações, fora dos centros urbanos e a preços dedicados e acessíveis à classe média, estando em causa largas centenas de milhões de euros de investimento por cada um destes players".
Por outro lado, Santos Ferreira diz que "também é notório, mais por parte dos investidores ingleses, o interesse em vir desenvolver em Portugal projetos para estudantes”, sejam eles com um mix entre uma componente residencial e outra para estudantes, ou puros student housings.
Das várias conversas e reuniões que Hugo Santos Ferreira teve com todos estes players ingleses, e em modo de resumo, resultaram como investment trends:
O interesse dos investidores de larga escala não se refere hoje já a países, mas a cidades.
“Não falamos já em Países, mas em cidades e Lisboa comparará hoje com Madrid, Paris ou Londres e o Porto com cidades como Barcelona”, diz Hugo Santos Ferreira e acrescenta “é certo que hoje a competitividade dos países depende totalmente da competitividade das suas cidades. Com a globalização, as cidades ganharam primazia, substituindo-se aos países. Sabemos que na Europa 75% da população vive nos centros urbanos e que estes são responsáveis por 85% do PIB europeu. Com efeito, as 600 maiores cidades do mundo respondem por 60% do PIB Mundial.”
O interesse circunscreve-se cada vez a cidades com afluxos crescentes de jovens (e muito estudantes) e por cidades em crescimento.
“Parece que estamos a falar de Lisboa... e Porto”, afirma, avisando que “aquelas outras cidades que tenham parado no tempo, ou que não se tenham reinventado com a crise perderão certamente muitos projetos imobiliários”.
O grande interesse para investimento registado em Londres dizia respeito a: “cidades com índices de crescimento significativos, mas que sejam também modernas contemporâneas, onde os designados expats, nomads ou millennials hoje querem ir estudar ou já trabalhar e que no fundo representam o futuro. Falamos na Europa de cidades como Madrid, Barcelona, Berlim, mesmo Londres com o Brexit, Amesterdão e muito no norte da Europa, Estocolmo, Oslo ou Copenhaga e claro Lisboa, Porto e alguns (poucos) até demonstraram interesse por Coimbra.”
“O interesse para estes investidores de grande monta diz respeito as cidades onde, mesmo com ciclos mais negativos pela frente, se perspetiva uma rota de crescimento de longo prazo”. Será o caso de Londres, devido ao Brexit, ou de Barcelona, que tem sido vítima tanto da instabilidade política como de atentados terroristas, ou a Roma e Milão que também têm enfrentado problemas políticos e orçamentais, tudo cidades onde mesmo com altos e baixos se antevê um crescimento a longo prazo.
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