Milionários estrangeiros compraram o mítico Palácio da Comenda, mas chocam com a justiça e burocracia.
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Os escuteiros recusam-se a abandonar o refúgio de Jackie Kennedy na Arrábida
Palácio da Comenda, na Arrábida. http://justgo.com.pt/2017/09/08/setubal/

De casarão que abrigava personalidades como Jackie Kennedy a um abrigo de 'boy scouts'. Um grupo de escuteiros portugueses interrompeu a compra do lendário e glamouroso palácio português da Comenda, na Arrábida. Dois bilionários tinham em curso o processo para fechar a compra, mas o Agrupamento 415 Santa Maria do Corpo Nacional de Escuteiros sacou de todos os trunfos para deixar a operação em 'stand by', alegando que, desde há vinte anos, têm cuidado da casa.

O preço inicial do edifício era de 45 milhões, mas, segundo o El País, os milionários estrangeiros pagaram apenas 16 milhões de euros até ao momento. E, com tudo isto, uma transação que seria do mais simples, complicou-se por contornos inesperados.

A primeira frente de batalha que o casal de compradores tem é com a Câmara Setúbal, uma vez que a propriedade dificultava o acesso público à praia de Albarquel. O acordo inicial entre o município e os novos proprietários foi cumprido em termos estritos, mas o estacionamento público e seu acesso foram bloqueados, assim como a área pública de piquenique.

A segunda frente, e a mais sonante, é a pressão do Grupo 415 do Corpo Nacional de Escudos, os escoteiros portugueses. Durante vinte anos, o moinho da quinta foi o seu refúgio. No final de janeiro, já não puderam entrar: portas e janelas fechadas e fechaduras mudadas.

"Durante todo esse período, nunca prestámos contas aos proprietários do imóvel pelo uso exclusivo da Casa Abrigo, tendo pago por toda a manutenção e conservação do espaço e da área circundante", pode ler-se num comunicado da presidente da escoteiros locais, Nicole Novo. De momento, a Justiça decretou uma providência cautelar para o moinho.

Quinta histórica

Pertenceu a Vasco da Gama e à Rainha D. Maria II e, ao longo do século XX, e foi casa de veraneio do Conde D'Armand e dos seus amigos da alta sociedade e realeza europeia. No século passado, recebeu Jackie Kennedy e os seus filhos Caroline e John, em 1963. Mais tarde, a sua irmã Lee e o seu amigo, o escritor Truman Capote, visitaram a propriedade, em 1965. Essa estadia é mais documentada. Em 1980, a família Armad vendeu a propriedade ao português Antonio Xavier de Lima e, dois anos após a sua morte, em 2009, a família colocou o prédio à venda por 45 milhões, sem sucesso até dezembro do ano passado.

Os novos proprietários, agora em disputa com os escuteiros e a autarquia, adquiriram 600 hectares de floresta, em zona de reserva integral do Parque Natural da Serra da Arrábida, com vários edifícios e uma praia particular, com vistas para Tróia. É num promontório sobre o rio Sado que se ergue este palácio, com cinco pisos e 26 quartos, e desenhado pelo arquiteto Raul Lino, em 1903, para servir de residência de veraneio ao Conde D’Armand, ministro de França.

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1 Comentários:

Miguel
26 Março 2020, 12:27

Que notícia triste! Conseguem referir-se aos escuteiros de N maneiras diferentes e todas erradas.
"Agrupamento 415 Santa Maria do Corpo Nacional de Escuteiros ": não é Corpo Nacional de Escuteiros, é Corpo Nacional de Escutas.
"Grupo 415 do Corpo Nacional de Escudos, os escoteiros portugueses": "Escudos"? O CNE não tem grupos, tem agrupamentos e os seus elementos não são "escoteiros", são "escuteiros". E não são os únicos "escuteiros" portugueses. Existe também a AEP - Associação de Escoteiros de Portugal (estes sim, com 'o') e a Associação de Guias de Portugal.
"pode ler-se num comunicado da presidente da escoteiros locais": os agrupamentos de escuteiros do CNE não têm presidente, tem Chefe de Agrupamento.
Esta notícia, não só por estes erros de completo desleixo, é enganadora e facciosa. O agrupamento 415 não 'ocupou' o palácio, mas sim um moinho que fica a mais de 1 km daquele.

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