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Desde o final da troika em Portugal, quando terminou o programa de ajustamento há três anos, que os contratos indefinidos no setor privado estão a ser feitos com base em salários muito mais baixos. Os valores dos ordenados da nova contratação sem termo desde maio de 2014 até ao início deste ano caíram 16% e nunca estiveram tão próximos dos valores praticados na nova contratação a prazo, que até têm subido (mais 16% face à saída da troika). 

Este cenário é traçado pelo estudo do Observatório sobre Crises e Alternativas, do Centro de Estudos Sociais, em Lisboa, citado pelo Dinheiro Vivo, dando nota de que no início deste ano 2017, o salário médio oferecido nos novos contratos a efetivo (permanentes) rondava 810 euros brutos por mês e a prazo era 665 euros, o que dá uma diferença de apenas 145 euros. 

Recuando três anos, ao início de 2014, o prémio por ser trabalhador permanente era mais do dobro (384 euros de diferença). Na altura em que terminou o programa de ajustamento, o diferencial era praticamente igual (387 euros). Segundo escreve o jornal, o trabalho sem termo, mais seguro, foi assim o que mais desvalorizou nestes últimos anos.

Salários de trabalho em part-time também caíram

O trabalho a tempo parcial também perdeu muito valor. Os novos contratos de part time pagam, em média, 309 euros brutos, um corte de 9% no período em análise. 

O estudo do observatório diz que as principais razões para a precarização e a desvalorização dos ‘novos’ salários é o próprio nível de desemprego, a redução da proteção no desemprego, “e a pressão a que ambos submetem os desempregados para aceitar condições de trabalho e remuneração degradadas”. Isto sem esquecer “as alterações da legislação do trabalho, que tornaram mais fácil e barato o despedimento e incentivaram a substituição de trabalhadores com contratos permanentes por outros” mais baratos.

Outra razão é “a estagnação da negociação e da contratação coletiva que dificultou as atualizações salariais”. 

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