Composto por mais de 3.000 azulejos, foi pedido pelo município ao artista plástico Miguel Januário. Falta de acordo com proprietários é origem do problema.
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Mural de azulejos “Quem és Porto?” em risco de desaparecer
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Lusa

O mural “Quem és Porto?”, da autoria do artista portuense Miguel Januário, é o maior painel de azulejos comunitário da cidade, mas está em risco de desaparecer. A Câmara admite que a obra poderá mesmo ser retirada do local por falta de “consenso” com os proprietários do edifício.

“Efetivamente e, porque se trata de propriedade privada, e não se encontrando consenso entre os proprietários do prédio, a instalação não poderá permanecer naquele local”, disse a Câmara do Porto, em declarações à agência Lusa.

O mural “Quem és, Porto?”, composto por mais de 3.000 azulejos, foi encomendado pelo município do Porto ao artista plástico Miguel Januário (conhecido como ±MAISMENOS±), no âmbito do Locomotiva, um projeto de dinamização e animação do centro histórico lançado em 2014. A instalação contou com o envolvimento da comunidade local, especialmente no Largo da Estação de São Bento e Rua da Madeira. “Como é natural, sempre foi intenção da Câmara do Porto e da Ágora preservar esta instalação artística no seu local de origem”, referiu a autarquia.

Quando, em 2018, alguns azulejos da instalação começaram a cair, pondo em causa a integridade física de pessoas e bens, a Proteção Civil avaliou a situação e solicitou à empresa municipal Ágora (na época Porto Lazer) a reparação da fachada.

Empresa municipal notificada para repor fachada original

“Foram feitas diversas visitas com empreiteiros, com o artista e com a Proteção Civil, a fim de se avaliar a melhor solução”, assegurou a autarquia, acrescentando que nem todos os proprietários manifestaram acordo quanto à manutenção da obra “o que comprometeu a sua reparação imediata”. “A Ágora desenvolveu múltiplos contactos junto de cada um dos proprietários, a fim de garantir a concordância de todos”, indicou.

Segundo a Câmara do Porto, em junho, o artista plástico solicitou autorização para ser o próprio a dialogar com os proprietários e tentar sensibilizá-los para a importância da obra, mas a ação revelou-se “infrutífera, já que a vontade de um dos proprietários não se alterou”.

“A Ágora foi mesmo notificada para remover a instalação e repor a fachada original, situação, entretanto também reportada ao artista”, revelou o município, assegurando que, ao longo do processo, a empresa municipal manteve uma “posição de diálogo e conciliadora entre todas as partes” e que está “disponível para em conjunto com o artista encontrar possíveis alternativas”.

Na semana passada, num ofício dirigido ao presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, a vereadora Ilda Figueiredo, da CDU, questionou sobre as medidas a tomar pela autarquia para defender o painel de azulejos, afirmando que o mesmo se encontra em “ameaça iminente de ser destruído”.

Na missiva, a vereadora da CDU pediu para a Câmara Municipal do Porto intervir no processo, “se mostre ativa e disponível para apresentar e negociar com os proprietários um contrato” e que classifique a obra como sendo de interesse municipal para salvaguardar o património artístico da cidade.

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