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O caso remonta a 2006. Bernardo Pinto era diretor de planeamento da Empresa Pública de Urbanização de Lisboa (EPUL) – cargo que ocupava há quatro anos – e foi despedido, na sequência de uma decisão da empresa de congelar os aumentos salariais dos dirigentes de topo da companhia. O caso arrastou-se na justiça e agora o Supremo Tribunal deu-lhe razão, condenando a EPUL a indemnizá-lo em mais de um milhão de euros.

De acordo com o Público, oito anos passados sobre a afixação de uma fotografia de Bernardo Pinto à entrada da EPUL, para garantir que os seguranças não voltavam a deixá-lo passar, os juízes do Supremo Tribunal de Justiça deram-lhe razão e mandaram-lhe pagar os ordenados dos últimos sete anos, acrescidos de uma indemnização. Como Bernardo Pinto ganhava mais de 8.000 euros mensais, tudo somado ultrapassará o milhão de euros – valor que não inclui as contribuições da empresa para a segurança social.

Os magistrados consideram que o gestor “ultrapassou os limites em que lhe era permitido discordar da medida tomada pela administração”, mas entenderam que isso não era motivo para despedimento por justa causa. “É verdade que se trata de um quadro superior, que não tem o direito de exigir à administração explicações sobre as medidas de gestão que esta adote e que nada tem a ver com as motivações políticas que possam ter estado subjacentes a qualquer admissão de pessoal. (…) Mas é verdade também que estamos perante um trabalhador ativo e interessado, que tem um currículo que lhe confere autoridade suficiente para se exprimir sobre a vida da empresa e que reage, emocionalmente, a uma medida que considerou profundamente lesiva dos seus direitos e errada enquanto medida de gestão”, lê-se no seu acórdão, datado de junho.

A publicação escreve que numa derradeira tentativa de não pagar, a EPUL, que deve ser extinta no final do ano, recorreu para o Tribunal Constitucional. O entendimento da empresa é que, se o trabalhador auferiu alguns rendimentos de trabalho noutro lado nos últimos oito anos, eles têm de ser descontados no valor que será obrigada a pagar-lhe. 

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Pedro Sousa
7 Novembro 2014, 12:54

Infelizmente trata-se de mais um caso da absurda e revoltante Justiça (e código laboral) que temos.
Numa altura em que tanta gente passa dificuldades um gestor queixa-se intempestivamente (e presume-se que desrespeitosamente) por ter os seus parcos 8.000 euros mensais congelados (leia-se sem aumento). Por ter sido despedido tem direito a um milhão de euros de indemnização.
Não há Economia que resista a este tipo de decisões. Nem Sociedade.

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