Pedro Lancastre, diretor-geral da JLL Portugal, sobre o futuro do imobiliário em Portugal nesta legislatura.
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Um novo ciclo político e económico está à vista, com o novo Governo do socialista António Costa. E decidimos antecipar o que aí vem no imobiliário. Para isso, quisemos saber o que pensam alguns dos principais intervenientes do setor sobre o novo Executivo, bem como o que gostariam que acontecesse na legislatura que agora arranca e aquilo que consideram que não pode avançar. Esta é visão de Pedro Lancastre, diretor-geral da JLL Portugal.

O que esperar de Portugal a nível do imobiliário e economia nos próximos anos, com o novo Governo?

No início deste ano a dúvida que pairava era a de se o mercado iria igualar aqueles que tinham sido os excelentes resultados de 2018 ou mesmo saber se os íamos ultrapassar e olhar para 2019 como um ano recorde era algo que ainda não conseguíamos prever.

Agora, que estamos a menos de três meses de fechar o ano, podemos avançar que 2019 vai ser o ano com maior volume de investimento imobiliário de sempre em Portugal. Principalmente tendo em conta que 2018 já tinha conquistado essa marca – e num volume bastante forte, acima dos 3.000 milhões de euros – com a realização de grandes negócios (não irrepetíveis, mas certamente difíceis de repetir a curto-prazo). 

O nível de crescimento de investimento que temos vindo a registar ao longo do ano tanto a nível nacional como internacional foi bastante dinâmico, aumentando as nossas expetativas quanto aos resultados deste ano.

Para esta expetativa também contribui o facto das demais áreas de negócio terem apresentado um igual crescimento, nomeadamente os escritórios com uma procura cada vez maior e com novos produtos a surgir no mercado; o retalho – ainda que o e-commerce esteja a crescer cada vez mais, vamos assistir a algumas transações importantes no âmbito dos centros comerciais até ao final do ano; na hotelaria – perspetivam-se os melhores resultados de sempre, dado o contínuo crescimento do mercado de turismo; e, ainda, os segmentos alternativos – como casas para estudantes/séniores – começam a despertar cada vez mais o interesse por parte de investidores.

Por todos estes bons prognósticos, aquilo que eu – tanto como cidadão como enquanto diretor-geral da JLL – peço ao novo Governo é uma solução que coloque o imobiliário no centro da discussão, pois importa recordar que todo o ‘boom’ vivido no setor tem resultado na recuperação e reabilitação do parque imobiliário português. Isto deve-se em grande parte à alteração da lei do arrendamento de 2011. Uma medida política do Governo pré-geringonça. 

Contudo, o retrocesso desta mesma lei do Governo anterior está a provocar uma desaceleração na reabilitação. Importa por isso voltar a rever essa lei, passando entre outras coisas o ónus dos idosos, mais de 65 anos, para o Governo.

Que medidas gostariam de ver avançar e que riscos identificam?

Se por um lado tivemos a aprovação da SIGI – que acredito que dinamizará o mercado nos próximos anos – por outro, acredito que devemos continuar a trabalhar para: rever a lei do arrendamento passando ónus dos idosos para o estado; acelerar a aprovação dos projetos e o consequente aumento da oferta disponível (que, logicamente, baixará ou estabilizará os preços); ter IVA da construção 6% - intrinsecamente relacionado com o ponto acima; haver incentivos ao arrendamento habitacional (para atrair e dinamizar a população portuguesa para o setor).

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