Depois de mais de um ano fechadas, as portas da Casa Fernando Pessoa, localizada no bairro de Campo de Ourique, em Lisboa, estão de novo abertas ao público – a reabertura aconteceu este sábado, 29 de agosto de 2020. Após as obras de remodelação, a casa onde o poeta português morou nos seus últimos 15 anos de vida é agora um lugar mais acessível, com uma nova exposição, um auditório relocalizado e uma biblioteca renovada. A entrada é livre até ao final de setembro, mas devido à situação atual, consequência da pandemia, as visitas terão de ser feitas mediante marcação prévia.
As novas portas abrem-se na Rua Coelho da Rocha, 16-18, após uma intervenção que dotou o espaço com melhores condições de acessibilidade e permitiu aumentar consideravelmente a área expositiva. Na Casa Fernando Pessoa é possível visitar a reconstituição do quarto do escritor, a sala multimédia e a biblioteca especializada em poesia mundial.
Na nova exposição de longa duração, cumprindo todas as normas de conservação, estará exposta grande parte dos livros que pertenceram ao escritor e o mais importante acervo da Casa. “Este valioso conjunto, mostrado na sua quase totalidade valoriza a relação entre leitura e escrita, revelando o escritor que Pessoa foi através dos livros que leu e das marcas que deixou nestas peças”, lê-se no comunicado da instituição.
Documentos vários e objetos pertencentes ao escritor serão igualmente mostrados nesta exposição. São peças que permitem contar episódios da vida de Fernando Pessoa em Lisboa, onde teve mais de 16 moradas, e na África do Sul, onde passou a juventude e onde começou a construir a sua biblioteca particular. São também testemunhos da vida da cidade no tempo em que o escritor viveu, e do meio literário em que se movia.
Estarão também em destaque obras de arte em que o poeta é representado, como o célebre quadro de Almada Negreiros ou os desenhos de Júlio Pomar. “Ao mesmo tempo que é oferecida a quem visita o museu uma experiência de contacto muito próximo com estes trabalhos em torno da figura de Pessoa, são também dadas a conhecer as figuras criadas por Pessoa, no seu inovador jogo literário: a criação dos heterónimos, o complexo e divertido sistema que é marca distintiva do escritor na história da literatura”, acrescenta o documento.
O espaço da biblioteca - a Casa Fernando Pessoa alberga uma vasta coleção de livros de e sobre Pessoa e também de poesia mundial- foi também renovado, permitindo receber com melhores condições de trabalho investigadores e estudantes. O novo auditório, localizado no piso térreo, torna-se também mais acessível mantendo a possibilidade de funcionamento em horário diverso dos restantes espaços da Casa.
A história da Casa Fernando Pessoa
Em 1920, Fernando Pessoa mudou-se com a família para o 1º direito do número 16 da Rua Coelho da Rocha, em Campo de Ourique, Lisboa – foi aqui viveu até dias antes da sua morte, a 30 de novembro de 1935. Este e os restantes apartamentos do edifício tiveram diferentes ocupações nos anos que se seguiram.
No final dos anos 80, a Câmara Municipal de Lisboa adquiriu o prédio, que se encontrava em mau estado de conservação e em risco de ser demolido. O facto de ter sido a última morada de Fernando Pessoa fazia deste edifício um lugar privilegiado para depósito e exibição do espólio do escritor, então na posse da CML: objetos pessoais, algum mobiliário e uma grande parte dos livros que pertenceram ao escritor.
Inaugurada a 30 de novembro de 1993, no dia do aniversário da morte do poeta, a Casa está desde então aberta ao público. Em 2012, passou a ser gerida pela EGEAC – empresa municipal que gere a maior parte dos equipamentos culturais da CML.
A Casa Fernando Pessoa está aberta ao público de terça a domingo, das 11h às 17h (última entrada às 16h), e a entrada é livre até ao final do mês de setembro. Para controlo de lotação e por questões sanitárias é necessária a inscrição prévia para o email visitas@casafernandopessoa.
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