Ondina Afonso, nomeada Presidente da Comissão para a Igualdade de Género na Engenharia 2024, em entrevista.
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Dia da Mulher
Ondina Afonso, Presidente do Clube de Produtores Continente

Tem uma vasta e longa carreira profissional no mundo da engenharia e investigação. Assumiu papéis de liderança em diferentes contextos nos últimos 25 anos, de forma quase natural – também por culpa da sua paixão pelo desafio e comprometimento com o sucesso. Ondina Afonso, nomeada Presidente para a Comissão e Igualdade de Género na Engenharia 2024, acredita na liderança pela empatia e na promoção de uma cultura de valorização mútua no trabalho. No mundo da Engenharia, quer assegurar que a “igualdade de género não é apenas uma aspiração, mas uma realidade tangível” e garante que o setor está a tomar medidas para “superar discrepâncias e promover um ambiente mais equitativo”.

É Engenheira Química, Membro Sénior da Ordem dos Engenheiros e Especialista em Engenharia Alimentar. Diretora da Qualidade e Investigação, cargo que acumula com a de presidente do Clube de Produtores Continente na MC Sonae. E ainda colabora com a Comissão Europeia desde 2002 como perita independente, na avalição de projetos I&D.

E a par das múltiplas funções que desempenha, Ondina Afonso também é mãe. A chave está, como sempre, no equilíbrio. “Ser mãe e fazer carreira nas Engenharias requer um equilíbrio entre vida profissional e pessoal. Mantenho uma atitude positiva, enfrentando as metas profissionais com foco, sem nunca esquecer a máxima importância da vida pessoal”, salienta em entrevista o idealista/news, por ocasião do Dia Internacional da Mulher.

Em 2024, ano que a Ordem dos Engenheiros (OE) dedica à Igualdade de Género na Engenharia, foi nomeada comissária. Reconhece a importância deste passo para dar impulso à representação feminina em órgãos de gestão, promover a conciliação entre a vida profissional e familiar, combater a discriminação de género e sensibilizar para eventuais diferenças salariais e de progressão na carreira para as mulheres engenheiras, até porque a “discriminação de género é complexa e multifacetada” e pode “manifestar-se de forma subtil e sistémica”.

mulheres na engenharia
Foto de ThisisEngineering RAEng en Unsplash

É com uma “responsabilidade enorme” que assume este papel. Além disso, vê-o como uma oportunidade de “liderar esforços para combater desafios persistentes” e “influenciar positivamente a cultura e as normas do setor, contribuindo para a construção de um ambiente mais inclusivo e diversificado”.

Para todas as jovens engenheiras que estão a dar os primeiros passos na profissão, deixa uma mensagem importante: “Lembrem-se de que cada desafio que enfrentam é uma oportunidade para aprender e crescer. A persistência e a dedicação são fundamentais para alcançar o sucesso na engenharia, em qualquer área e na vida”.

A Ordem dos Engenheiros (OE) decidiu dedicar 2024 à Igualdade de Género na Engenharia. Porquê?

A Ordem dos Engenheiros (OE) decidiu dedicar o ano de 2024 à Igualdade de Género na Engenharia com o objetivo de promover uma maior participação das mulheres nas áreas ligadas às Engenharias. Esta decisão, tomada pelo Conselho Diretivo Nacional, visa impulsionar a representação feminina em órgãos de gestão, promover a conciliação entre a vida profissional e familiar, combater a discriminação de género e sensibilizar para eventuais diferenças salariais e de progressão na carreira para as mulheres engenheiras.

O tema foi escolhido em resposta à necessidade de captação e participação do talento feminino nas Engenharias, especialmente nas STEAM, onde historicamente as engenheiras têm uma presença mais reduzida.

Como parte das iniciativas para o Ano da OE para a Igualdade de Género na Engenharia, a OE iniciou um processo de certificação no sistema GEEIS (Gender Equality-European & International Standard), que será auditado pela Bureau Veritas e espera-se que seja concluído até novembro de 2024.

Destaco que a Ordem dos Engenheiros inova e assume a vanguarda, procurando a igualdade e reconhecimento adequado das engenheiras nas empresas, instituições e na sociedade. A OE compromete-se, assim, a trabalhar ativamente para tornar a igualdade de género uma realidade na Engenharia, em Portugal e no Mundo.

Ainda há (muitas) diferenças salariais e de progressão entre homens e mulheres?

Embora o setor da engenharia tenha progredido na igualdade de género, ainda persistem algumas diferenças entre homens e mulheres. Estamos, neste momento, a implementar diversas iniciativas que pretendem perceber melhor, através de um estudo próprio e de uma colaboração com uma tese de doutoramento, que diferenças salariais existem entre homens e mulheres, bem como que oportunidades ou obstáculos existem para a progressão de carreira das mulheres engenheiras. Embora subsistam desafios, é evidente que o setor está a tomar medidas para superar essas discrepâncias e promover um ambiente mais equitativo.

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Foto de ThisisEngineering RAEng no Unsplash

A discriminação com base no género é uma realidade?

A questão da discriminação com base no género é complexa e multifacetada. Embora existam avanços na sociedade e esforços de organizações como a Ordem dos Engenheiros (OE) para promover a igualdade de género, os desafios persistem. A decisão da OE de dedicar o ano de 2024 à Igualdade de Género na Engenharia evidencia o reconhecimento da importância dessas questões.

É importante reconhecer que, em diversos contextos, a discriminação de género pode manifestar-se de forma subtil e sistémica, afetando áreas como a representação em órgãos de gestão, conciliação entre a vida profissional e familiar e oportunidades de progressão na carreira. Ainda que haja progressos, é fundamental continuar a sensibilizar sobre este tema, promover a equidade e implementar medidas concretas para combater a discriminação com base no género.

É importante reconhecer que, em diversos contextos, a discriminação de género pode manifestar-se de forma subtil e sistémica

Foi nomeada Presidente da Comissão para a Igualdade de Género na Engenharia. O que é que este papel representa para si?

Ser nomeada Presidente da Comissão para a Igualdade de Género na Engenharia representa uma responsabilidade enorme e um compromisso profundo com a promoção da equidade e inclusão no campo da engenharia. Assumir esta posição implica liderar esforços para combater desafios persistentes, tais como a sub-representação de mulheres nas áreas de engenharia, as diferenças salariais e de progressão na carreira.

A Comissão tem o papel crucial de sensibilizar a sociedade sobre a importância da igualdade de género na engenharia, destacando as contribuições valiosas das mulheres neste domínio.

Além disso, é necessário implementar políticas e práticas que promovam a participação ativa das mulheres em todos os níveis da engenharia, desde a formação académica até às posições de liderança.

Este papel representa uma oportunidade para influenciar positivamente a cultura e as normas do setor, contribuindo para a construção de um ambiente mais inclusivo e diversificado. Ao liderar esta Comissão, comprometo-me a trabalhar arduamente para assegurar que a igualdade de género na engenharia não seja apenas uma aspiração, mas uma realidade tangível que beneficie toda a sociedade.

Que atividades vão promover neste ano dedicado à Igualdade de Género?

Durante este ano dedicado à Igualdade de Género na Engenharia, a Ordem dos Engenheiros (OE) tem planeado diversas atividades com o objetivo de promover uma participação mais equitativa das mulheres na área de engenharia e fomentar práticas que garantam a igualdade de género em todas as esferas da sua atividade.

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Foto de ThisisEngineering RAEng no Unsplash

Destacam-se iniciativas como a certificação no sistema GEEIS - "Gender Equality-European & International Standard", que a OE procura obter até novembro de 2024 e a realização de diversas conferências sobre esta temática, como a Conferência inaugural em Coimbra, a 21 de março, e duas outras no Porto e em Lisboa, em junho e outubro, respetivamente. Ao longo do ano, outras ações serão desenvolvidas em colaboração com entidades nacionais e internacionais.

Estas atividades visam abordar questões como a representação das mulheres em órgãos de gestão, a conciliação entre a vida profissional e familiar, a prevenção do assédio moral e sexual, bem como a sensibilização para eventuais diferenças salariais e de progressão na carreira. A OE compromete-se a trabalhar ativamente para que a igualdade de género seja uma realidade na Engenharia, contribuindo para um ambiente mais inclusivo e igualitário no setor.

É Engenheira Química, Membro Sénior da Ordem dos Engenheiros e Especialista em Engenharia Alimentar. É diretora da Qualidade e Investigação acumulando com o cargo de presidente do Clube de Produtores Continente na MC Sonae. Quais foram as maiores dificuldades durante o seu percurso? E as maiores vitórias?

Tenho uma carreira de mais de 25 anos no setor agroalimentar, por isso, ao longo do meu percurso, já enfrentei desafios significativos.

Destaco a minha colaboração com a Comissão Europeia desde 2002 como perita independente. A avaliação de candidaturas de projetos de I&D e a participação ativa na definição de conceitos de sistemas alimentares sustentáveis são uma mais-valia e uma importante experiência internacional.

A recente integração no Grupo de Discussão da EFSA, que representa o retalho europeu sobre Riscos Emergentes, reforça o meu interesse em questões cruciais relacionadas com a segurança alimentar na Europa.

Ser mulher, mãe e fazer carreira nas Engenharias. Como se equilibra a vida profissional e pessoal?

Ser mãe e fazer carreira nas Engenharias requer um equilíbrio entre vida profissional e pessoal. Mantenho uma atitude positiva, enfrentando as metas profissionais com foco, sem nunca esquecer a máxima importância da vida pessoal.

Ao equilibrar eficazmente a vida profissional e pessoal, é possível não só alcançar o sucesso nas no setor da Engenharia, como ter tempo e espaço para o desenvolvimento pessoal.

Ser líder (em diferentes áreas) era um objetivo ou aconteceu naturalmente?

Foi definitivamente uma mistura de ambas as coisas. Desde muito cedo, sempre tive a ambição de me destacar e liderar em diferentes áreas. No entanto, ao longo do tempo e com as oportunidades que surgiram, a liderança foi algo que acabou acontecendo de forma natural. A minha paixão por desafios e o meu comprometimento com o sucesso levaram-me a assumir papéis de liderança em diferentes contextos, e isso acabou por se tornar uma parte essencial da minha jornada.

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Foto de ThisisEngineering RAEng no Unsplash

Procura ser uma inspiração para outras mulheres? De que forma?

Enfatizo a importância de uma abordagem centrada no reconhecimento das capacidades individuais e na promoção de uma cultura de valorização mútua no ambiente de trabalho. Acredito que, ao haver líderes com empatia e que motivem os colaboradores a darem o seu melhor, existe um caminho para a equidade.

Que mensagem deixaria a jovens engenheiras que estão a dar os primeiros passos na profissão? 

A todas as jovens engenheiras que estão a dar os primeiros passos na profissão, quero transmitir-vos uma mensagem de encorajamento e inspiração. Lembrem-se de que cada desafio que enfrentam é uma oportunidade para aprender e crescer. A persistência e a dedicação são fundamentais para alcançar o sucesso na engenharia, em qualquer área e na vida. Acreditem no vosso potencial e não tenham receio de contribuir com as vossas ideias. O caminho pode ser desafiante, mas cada conquista é uma vitória merecida. Continuem a aprender, a inovar e a destacar-se na vossa jornada profissional.

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