O plano para criar um bairro cultural no Beato com 200 casas

Há um plano para criar um grande polo cultural e de habitação acessível nas antigas instalações da Manutenção Militar Norte, na freguesia do Beato, em Lisboa. O objetivo é criar um bairro “aberto às artes”, com 200 fogos de habitação a custos controlados.

O projeto contempla a criação de salas de ensaio e produção artística, oficinas, ateliês e espaços multiusos, além de uma residência para estudantes, coworking, a Casa da Ilustração, salas de exposição, um cineteatro e o Centro do Azeite e do Vinho, segundo o jornal Público.

O “Bairro do Grilo”, assim se vai chamar, foi apresentado pelo grupo de projeto para a Jornada Mundial da Juventude (JMJ) 2023, liderado por José Sá Fernandes, depois de ter sido incumbido, por uma resolução do Conselho de Ministros de 30 de novembro.

“A ideia é ter aqui um bairro aberto às artes, acolhendo criadores, ser ponto de encontro de toda a gente”, explica José Sá Fernandes, ao Público.

No entanto, a concretização do projeto poderá vir a estar comprometida pela eventual concretização da Unidade de Execução de Marvila (UEM), que prevê a construção de uma enorme urbanização numa área contígua de 28 hectares.

Sá Fernandes critica a unidade de execução que, diz, “tem que ter em conta a envolvente”. “Esta parece-me uma coisa altamente especulativa. A Ala Norte da Manutenção Militar é o último reduto da propriedade pública e não foi tida em conta. Temos de ter aqui uma intervenção fortíssima da autarquia. Aquela urbanização está completamente desenquadrada do bairro e da freguesia”, refere.

A autarquia veio explicar, entretanto, que a decisão de criar a UEM antecede em dois anos a resolução do conselho de ministros, e que a proposta de desenho desta unidade ainda está em apreciação nos serviços de urbanismo. Ainda assim, garante que um dos objetivos do desenho urbano da unidade de execução será sempre “garantir a transição equilibrada para as zonas adjacentes e promover uma melhor ligação territorial”.