Os celeiros estão entre as construções mais características da paisagem rural em muitas partes do mundo, especialmente nos contextos anglo-saxónico e americano. A sua estrutura simples, funcional e robusta inspirou vários projetos arquitetónicos modernos, que visam conectar as casas com a natureza envolvente, preservando uma estética de simplicidade e eficiência.
No Reino Unido, os celeiros pretos, especialmente os da região de Kent, influenciaram a criação de novas casas que adotam volumes e formas tradicionais, mas com uma abordagem contemporânea que incorpora materiais modernos e soluções inovadoras. Um bom exemplo é a Weald House, uma casa térrea que evoca a essência dos celeiros, combinando a arquitetura rural tradicional com a funcionalidade e o conforto modernos.
Um celeiro preto
A Weald House, projetada pela Mailen Design e Peter Bradford Architects, é uma casa inspirada nos tradicionais celeiros pretos da região de Kent, no sudeste de Inglaterra. O objetivo do projeto era criar uma casa que estivesse “profundamente ligada” à paisagem natural da zona, “inspirando-se nos tradicionais celeiros pretos e abraçando aquele volume familiar”, como explica o gabinete de arquitetura.
O projeto da casa tem uma planta em L de 385 m², com uma ala dedicada às zonas comuns e outra que alberga os quartos. A estrutura é notável pelo seu perfil baixo, com telhado de duas águas e revestimento exterior de madeira enegrecida, um material tradicional comummente utilizado na região para proteger os edifícios das intempéries.
O telhado de zinco escuro acrescenta um toque contemporâneo, mantendo ao mesmo tempo uma estética consistente com a arquitetura agrícola local. Este revestimento de madeira escurecida não só proporciona um acabamento esteticamente agradável, como também garante que a casa irá resistir aos elementos.
Interiores ligados à paisagem
O layout em L da casa aproveita ao máximo as vistas sobre os prados circundantes, com as fachadas viradas a sul a oferecerem grandes aberturas que permitem a entrada de luz natural e vistas desobstruídas da paisagem, enquanto as aberturas na fachada norte são mais pequenas, permitindo a entrada de luz sem comprometer a privacidade.
Segundo os arquitetos, "a casa foi estrategicamente posicionada num canto do terreno, de modo a que a fachada sul tivesse uma vista ampla e ininterrupta de todo o relvado, criando uma forte sensação de ligação com a paisagem, mas mantendo o isolamento".
O coração da casa é uma grande área de estar em plano aberto que inclui cozinha, sala de jantar e sala de estar. Este espaço é iluminado por grandes janelas que se abrem para um pátio protegido por beirais profundos. Um elemento distintivo da cozinha é a ilha em aço inoxidável escurecido que divide a cozinha da sala de jantar, criando uma transição visual e funcional entre os dois espaços.
Os quartos estão localizados na ala oposta da casa, ligados por um longo corredor iluminado por claraboias. No final do corredor, encontra-se o quarto principal, que oferece vistas panorâmicas da paisagem através das grandes janelas que se abrem para o jardim.
“Ao manter os acabamentos interiores subtis, permitimos que as cores sazonais mutáveis no exterior trouxessem vida e vitalidade ao espaço”, afirmam os arquitetos. Este resultado foi conseguido graças às paredes brancas e aos pavimentos em porcelanato, que por sua vez mantêm o tom minimalista e discreto que caracteriza a casa.
Para reduzir a pegada de carbono da casa, a Weald House está equipada com 45 painéis solares que geram uma parte significativa da eletricidade, enquanto duas bombas de calor de fonte de ar fornecem aquecimento e água quente. Além disso, a água da chuva é recolhida do telhado inclinado e armazenada em tanques subterrâneos para reutilização, garantindo a sustentabilidade da propriedade e a sua integração no meio natural.
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