Em 2023, 60% dos novos portugueses viviam no estrangeiro. Israelitas e brasileiros lideraram o topo da tabela.
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População estrangeira com nacionalidade portuguesa
Expresso

Em 2023, mais de 60% dos estrangeiros que adquiriram a nacionalidade portuguesa residiam fora do país, com destaque para os cidadãos israelitas, que representaram 40% do total, seguidos dos brasileiros com 23,5%. Apenas um quarto dos novos naturalizados vivia em Portugal há pelo menos seis anos — critério central nas alterações que o Governo pretende introduzir na Lei da Nacionalidade. Estas mudanças, justificadas num documento de 60 páginas, visam restringir o acesso à nacionalidade, revertendo revisões anteriores consideradas excessivamente permissivas.

Segundo o Expresso, uma das medidas mais polémicas é a revogação da naturalização de descendentes de judeus sefarditas, legislação criada em 2013 como reparação histórica, mas que, nos últimos anos, foi envolta em suspeitas de fraude. O Governo pretende ainda duplicar o tempo mínimo de residência legal exigido aos imigrantes — de cinco para dez anos — o que colocaria Portugal entre os países com as leis mais restritivas da Europa. 

Apesar da diminuição no número de atribuições de nacionalidade desde 2020, o sistema está atualmente congestionado com cerca de 700 mil pedidos pendentes no Instituto dos Registos e Notariado (IRN), alguns dos quais esperam há mais de quatro anos por decisão. Este atraso é atribuído à escassez de recursos humanos, ao aumento súbito de pedidos desde o anúncio das novas regras e à complexidade dos processos. A maioria das pendências refere-se a descendentes de sefarditas e lusodescendentes.

Face aos longos tempos de espera e à ausência de resposta administrativa, muitos requerentes têm recorrido aos tribunais para acelerar os seus processos, através de intimações ao IRN. Desde o início do ano, mais de 700 ações já foram registadas nos tribunais portugueses. O cenário é semelhante ao da AIMA, responsável pelos pedidos de residência, também ela a braços com milhares de processos por resolver. Ambos os casos apontam para um sistema sobrecarregado e em grande necessidade de reforma estrutural.

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