Depois de anos de crise, marcados por falta de obras, falências e desemprego, o setor da construção parece agora viver novos dias de glória em Portugal. O momento em alta do imobiliário, a aposta na reabilitação e o novo programa de investimento em obras públicas fizeram ressurgir as gruas nas paisagens urbanas. O problema agora está em encontrar mão de obra para responder a todos os projetos. Faltam entre 50 mil e 100 mil trabalhadores.
As contas batem certo, de lados opostos: sindicatos e associações patronais estão de acordo nestes números, segundo escreve o Expresso.
O motor da recuperação é o segmento residencial nos grandes centros, impulsionada pelo investimento estrangeiro. E a escassez é transversal ao país, sendo especialmente preocupante nas áreas de Lisboa e Porto e em zonas turísticas consolidadas como o Algarve.
Baixos salários: um dos pontos críticos do problema
O Sindicato de Construção de Portugal, por exemplo, adverte que as empresas não podem pagar salários de 600 euros.
“Para se tornar atraente e seduzir uma parte dos 250 mil operários que emigraram nos últimos seis anos, o salário mínimo no setor terá de ser de 850 euros”, diz o presidente do sindicato, Albano Ribeiro, citado pelo jornal.
O sindicalista lembra que os operários portugueses, por exemplo, na Suíça, Bélgica ou Alemanha, cobram salários superiores a 2500 euros e diz que voltarão ao mercado português com os “salários de miséria” que a indústria pratica.
A alternativa, de acordo com este responsável, “é importar pessoal asiático, de caráter precário e baixa qualidade”, adotando o sistema rotativo de “cama quente” aplicada na China - os operários revezam-se por turnos e dormem na mesma cama.
Jovens pouco atraídos por esta indústria
Já o presidente da AECOPS, Ricardo Pedrosa Gomes, reconhece o salário como ponto crítico, mas diz que o tema nuclear é “o drama da reposição geracional”. A indústria “é fisicamente exigente” e não consegue atrair os jovens”. As crianças já não brincam com camiões nem a construir casinhas. O setor lida com uma comunidade laboral envelhecida, “uma ameaça que se agravou com o movimento migratório para os países ricos da Europa”, declara ao Expresso.
Recuperação do setor afetada pela falta de pessoal
Na última síntese de conjuntura, a Federação Portuguesa da Indústria de Construção e Obras Públicas (FEPICOP) verificava que a escassez de mão de obra qualificada surge como um dos fatores que limitam a expansão do setor. Na lista de preocupações e entraves à atividade, a dificuldade de recrutar surge a par da dificuldade de obtenção de licenças de construção.
A falta de pessoal, adverte o vice-presidente da federação, Reis Campos, também citado pelo jornal, “pode comprometer a recuperação do setor por dois motivos: Dificulta a execução das obras nos prazos adequados e pressiona os custos salariais, impulsionando o preço final da empreitada”.
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