As encomendas de obras estão a cair na Zona Euro, reduzindo a atividade da construção. E este contexto acaba por impactar a compra de materiais, bem como os níveis de emprego do setor. O índice PMI da S&P espelha bem esta realidade: a atividade de construção está em queda há 16 meses consecutivos. E é a habitação o “principal obstáculo à atividade global da construção” na Zona Euro.
“O desempenho económico do setor da construção da Zona Euro permaneceu sombrio, de acordo com os dados do inquérito HCOB [Hamburg Commercial Bank], uma vez que as empresas continuaram a reduzir a atividade devido às quedas sustentadas de novas encomendas”, começa por ler-se na nota da S&P, que refere ainda que as empresas estão a reduzir a procura de materiais, bem como os empregos na construção.
O Índice PMI relativo à atividade de construção na Zona Euro — um índice ajustado sazonalmente que acompanha as alterações mensais na atividade total – caiu de 43,5 em julho para 43,4 em agosto, marcando a décima sexta queda consecutiva na atividade da construção. Mas apesar da queda, os preços dos fatores de produção (como materiais) aceleraram em agosto, agravando ainda mais a situação das empresas que já sofrem com os altos juros.
Foi mesmo a habitação que mais contribuiu para esta queda de atividade na construção. “Tal como tem acontecido nos últimos 16 meses, todas as três grandes áreas do setor da construção da Zona Euro registaram uma redução na atividade [habitação, imobiliário comercial e infraestruturas]. Mas a habitação foi o elo mais fraco, registando a queda mais rápida desde abril de 2020”, explicam no documento.
“Este não é um bom momento para a construção na Zona Euro. Especialmente para aquelas empresas focadas no setor habitacional, que se encontram numa situação difícil. A atividade foi de mal a pior, já que o índice de produção do PMI mostra que, excluindo os meses afetados pela pandemia no início de 2020, a atividade está no nível mais baixo desde a Grande Crise Financeira de 2008/2009”, aponta Cyrus de la Rubia, economista-chefe do Hamburg Commercial Bank.
Foi a Alemanha que registou a queda mais acentuada na construção de habitações e uma das mais fortes da série, bem como a redução mais expressiva na construção de imóveis comerciais. Já no que toca à engenharia civil, verificaram-se reduções “mais suaves” na França e em Itália, enquanto a Alemanha registou um aumento de construção de infraestruturas pela primeira vez em seis meses.
“É tudo relativo: dada a depressão no setor da habitação, o facto de a atividade comercial e de engenharia civil estar a diminuir a um ritmo um pouco mais lento significa que estes setores estão a estabilizar um pouco o setor global. Neste sentido, embora as novas encomendas continuem a diminuir a um ritmo forte, o ligeiro aumento na leitura do índice pode sugerir que a queda livre está a começar a abrandar”, aponta ainda Cyrus de la Rubia.
Para poder comentar deves entrar na tua conta