Há cada vez mais norte-americanos a desistir do sonho de comprar casas gigantes construídas em massa, devido aos elevados preços.
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Casas mais pequenas nos EUA
Casas em San Diego, EUA Getty images

Há cada vez mais norte-americanos a desistir do sonho de comprar uma “McMasion”, isto é, casas gigantes construídas em massa, tal como sugere a referência à cadeia gigante de fast food. Isto porque a inflação nos EUA tem tornado estas mansões cada vez mais caras, levando as famílias a procurar casas mais pequenas, que estão agora a chegar ao mercado.

Segundo os dados da Realtor e da Reserva Federal de St. Louis, a área média de uma casa à venda nos EUA caiu para 167 metros quadrados (m2) em março, menos 7% em relação a março de 2020. Aliás, o tamanho médio de uma casa em construção nos EUA caiu em 2024 para seu nível mais baixo desde 2010, de acordo com o US Census Bureau citado pelo Financial Times.

Devido às altas taxas de juro, ao aumento dos custos dos seguros e às restrições regulatórias, o custo de uma casa nova disparou em muitas zonas dos EUA. E o número de pessoas que têm capacidade financeira para comprar uma casa nova caiu para metade. “Algumas construtoras viram-se obrigadas a subsidiar agressivamente os custos dos créditos habitação para atrair compradores”, lê-se no mesmo jornal.

E a guerra comercial iniciada pelo presidente dos EUA, Donald Trump, pode representar um novo obstáculo, se o preço da madeira, do cobre e de outros materiais de construção disparar. Os EUA importam entre 25% e 30% da madeira que usam para construir casas do Canadá. Até agora, já se sentiu uma subida do preço da madeira na ordem dos 16%, de acordo com um relatório de março da Morningstar.

Casas nos EUA
"Mcmansion" nos EUA CC_by-sa_2.5_by_salinas_mcmansion

Casas pequenas nos EUA com elevada procura

Esta preocupação com os custos de construção está a levar a que haja uma maior procura por casas pequenas em terrenos mais reduzidos nos EUA. Por exemplo, no Texas, os legisladores estão a tentar revogar leis que exigem tamanhos mínimos de terrenos, para permitir a construção de casas de menores dimensões. Também se tem sentido que a procura de casas com ginásios, escritórios ou garagens tem vindo a cair no país.

Os especialistas ouvidos pelo Financial Times sustentam que a redução das áreas de construção das casas deve-se à acessibilidade. Mas também alertam que, à medida que as casas ficam mais pequenas, "não ficam necessariamente mais baratas, já que os custos de construção aumentaram significativamente em todos os setores". 

A construção e a reforma de casas, que representam cerca de 4% do PIB dos EUA, foi duramente afetada pela decisão da Reserva Federal dos EUA de manter os juros altos por mais tempo. Embora os juros no crédito habitação tenham caído nos últimos meses, a taxa média para uma hipoteca a 30 anos ficou em 6,67% este mês, uma taxa não vista desde 2008, de acordo com a Freddie Mac citada pela mesma publicação.

De acordo com a Associação Nacional de Corretores de Imóveis, apenas 20% das famílias norte-americanas pode pagar estes juros no crédito habitação mais a entrada de 20% normalmente exigida para comprar casa nos EUA. Esse número contrasta com os 42% de famílias que conseguiram comprar casa em 2019, quando os juros no crédito habitação estavam em torno de 3,9% e os preços dos imóveis eram cerca de 30% mais baixos.

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