
Portugal orgulha-se de um património religioso de rara beleza, com igrejas, capelas e santuários que espelham a diversidade arquitetónica e histórica do país. Desde igrejas góticas com interiores dourados a capelas misteriosas cravadas na paisagem, passando por monumentos manuelinos monumentalmente elaborados, estas construções convidam a uma viagem entre arte, fé e memória.
De acordo com a Atlantic Bridge, estas são as 10 igrejas mais bonitas de Portugal, que se destacam pela arquitetura, decoração e originalidade.
- Igreja do Mosteiro dos Jerónimos, Lisboa
- Santuário do Bom Jesus do Monte, Braga
- Basílica da Estrela, Lisboa
- Mosteiro da Batalha, Leiria
- Capela dos Ossos da Catedral, Évora
- Convento de Cristo, Tomar
- Capela das Almas, Porto
- Capela do Senhor da Pedra, Vila Nova de Gaia
- Igreja de Válega, Ovar
- Santuário de Santa Luzia, Viana do Castelo
Igreja do Mosteiro dos Jerónimos, Lisboa

A Igreja de Santa Maria de Belém, inserida no Mosteiro dos Jerónimos em Lisboa, foi mandada erguer por D. Manuel I a partir de 1501 e concluída em torno de 1541, após cerca de quatro décadas de trabalho intensivo.
Concebida em homenagem ao regresso de Vasco da Gama das Índias, é hoje um ícone da Era dos Descobrimentos português, tendo sido financiada pelos lucros das especiarias, ouro e cravos provenientes das novas rotas marítimas.
Em 1907 foi classificada Monumento Nacional e integra a lista de Património Mundial da UNESCO desde 1983 e em 2007 foi ainda eleita como uma das Sete Maravilhas de Portugal.
O interior do mosteiro combina o gótico tardio com o estilo manuelino, profusamente decorado com símbolos alusivos ao mar, à coroa e às navegações – destaques vão para as esferas armilares, cordas, conchas, monstros marinhos, pinhas e flora estilizada moldadas na pedra.
O mosteiro já serviu de orfanato e escola até cerca de 1940, após a extinção das ordens religiosas em 1833. Apesar do terramoto de 1755, sobreviveu quase intacto, no entanto, um colapso ocorrido em 1878, durante obras de reforma neo‑manuelina, destruiu uma torre em construção.
Quem está sepultado no Panteão Nacional?
A Igreja de Santa Engrácia, em Lisboa, acolhe o Panteão Nacional, desde 2016. O espaço reservado às figuras que mais contribuíram para a história, cultura, política e identidade de Portugal.
Inaugurado em 1966, o monumento perpetua a memória de personalidades que prestaram serviços notáveis ao país, em áreas como literatura, política, arte e desporto. Ao longo das décadas, foram-lhe conferidas Honras de Panteão com trasladações ou túmulos permanentes. Estas são as pessoas que estão sepultadas no Panteão Nacional:
- Teófilo Braga – Presidente da República (trasladado em 1966);
- Sidónio Pais – militar e político, Presidente da República (trasladado em 1966);
- Óscar Carmona – Marechal e Presidente da República (trasladado em 1966);
- Almeida Garrett – escritor e dramaturgo (trasladado em 1966);
- João de Deus – poeta e pedagogo (trasladado em 1966);
- Guerra Junqueiro – poeta, jornalista e político (trasladado em 1966);
- Humberto Delgado – general e político (“General sem Medo”), trasladado em 1990;
- Amália Rodrigues – fadista, a primeira mulher homenageada (trasladada em 2001);
- Manuel de Arriaga – primeiro Presidente da República Portuguesa (trasladado em 2004);
- Aquilino Ribeiro – escritor, trasladado em 2007;
- Sophia de Mello Breyner Andresen – poetisa (trasladada em 2014);
- Eusébio da Silva Ferreira – futebolista, trasladado em 2015;
- Eça de Queiroz – escritor, jornalista e diplomata, trasladado em 2025.
Santuário do Bom Jesus do Monte, Braga

Ergue-se como um dos mais impressionantes monumentos religiosos e paisagísticos de Portugal. Com origem numa ermida do século XIV e ampliado ao longo de seis séculos, este complexo monumental foi oficialmente iniciado em 1722 por ordem do arcebispo D. Rodrigo de Moura Teles, que mandou construir a escadaria monumental com capelas da Via Sacra.
A basílica, projetada por Carlos Amarante entre 1784 e 1811, é um dos primeiros edifícios neoclássicos do país, com cruz latina, fachada simétrica de duas torres e frontão triangular, ladeada por estátuas dos profetas Jeremias e Isaías e pelo brasão de João VI no adro, onde se destacam oito estátuas ligadas à Paixão de Cristo.
Os escadórios são o grande cartão de visita. Mais de 500 degraus divididos em três lanços — Pórtico, Cinco Sentidos e Três Virtudes — com 19 capelas, 20 fontes ornamentais e 32 estátuas, que conduzem os peregrinos numa simulação da Via Sacra rumo à basílica. As fontes alegóricas situadas no Escadório dos Cinco Sentidos representam os sentidos humanos, enquanto o lanço final evoca as virtudes teologais.
O funicular do Bom Jesus, inaugurado em 1882, foi o primeiro da Península Ibérica e é o mais antigo no mundo em funcionamento com sistema de contrapeso de água. Opera até hoje, fazendo o trajeto entre a base e o topo em poucos minutos, e é parte integrante da experiência do santuário. Em 2019, o conjunto foi classificado como Património Mundial da UNESCO.
Basílica da Estrela, Lisboa

Oficialmente designada Real Basílica e Convento do Santíssimo Coração de Jesus, ergue‑se sobre a colina da Estrela, na zona oeste de Lisboa. Idealizada por D. Maria I, que em 1760 fez voto de construir um templo caso tivesse um filho varão e a construção arrancou em 1779 após a ascensão ao trono.
Com uma cúpula branca e fachada ladeada por duas torres geminadas, a Basílica combina o estilo barroco tardio e neoclássico. A fachada ostenta estátuas de santos (Elias, Teresa de Ávila, João da Cruz e Maria Madalena de Pazzi), bem como figuras alegóricas (Fé, Devoção, Gratidão e Liberalidade), esculpidas por Joaquim Machado de Castro e seus discípulos.
O túmulo da rainha D. Maria I encontra‑se também na basílica, sendo a única monarca da dinastia de Bragança a não estar no Panteão Nacional. Outro pormenor intrigante é a "roda conventual" usada para a entrada discreta de bebés abandonados pelas mães, visível ainda hoje junto à entrada.
Para além das visitas ao interior, é possível subir os cerca de 114 degraus até um terraço situado na cúpula, com vistas de 360° sobre Lisboa — incluindo o Castelo de São Jorge, a Ponte 25 de Abril, Monsanto e a Tapada da Ajuda.
Mosteiro da Batalha, Leiria

O Mosteiro de Santa Maria da Vitória, mais conhecido como Mosteiro da Batalha, foi mandado construir em 1386 por D. João I como cumprimento de um voto após a vitória decisiva sobre Castela na Batalha de Aljubarrota em 1385. Desde então, tornou-se símbolo da independência nacional e residência das ambições dinásticas da casa de Avis, tendo servido como panteão real para D. João I, D. Filipa de Lencastre e outros membros da família real.
A arquitetura é um dos grandes trunfos do monumento — uma fusão do gótico tardio com o estilo manuelino português. Desde os primeiros mestres Afonso Domingues e Huguet até Mateus Fernandes, os designers introduziram abóbadas espetaculares, vitrais medievais e talhos ornamentais onde predominam cordas, esferas armilares e elementos marítimos simbólicos.
No interior podes encontrar:
- A Sala do Capítulo, com quase 400 metros quadrados (m2) sustentada por uma única abóbada sem pilar central;
- A Capela do Fundador, obra de Huguet (1426‑1434), onde repousam D. João I e D. Filipa, rodeados pelos filhos e marcando o verdadeiro coração do panteão monárquico;
- As Capelas Imperfeitas, de ambição monumental mas inacabadas, permanecem como testemunho visual da transição entre gótico e manuelino.
O mosteiro foi classificado como Monumento Nacional em 1907 e identificado pela UNESCO como Património Mundial em 1983, sendo ainda reconhecido como uma das Sete Maravilhas de Portugal desde 2007.
Capela dos Ossos da Catedral, Évora

Esta capela integra a Igreja de São Francisco, em Évora, construída nos séculos XVI e XVII, por iniciativa de três frades franciscanos. Envolvidos pela falta de espaço nos numerosos cemitérios monásticos da cidade, decidiram exumar esqueletos de sepulturas para decorar o interior como símbolo da transitoriedade da vida.
À entrada da capela encontra-se a célebre inscrição: "Nós ossos que aqui estamos, pelos vossos esperamos", um convite silencioso à meditação sobre a mortalidade.
A Capela dos Ossos é composta por três naves, com cerca de 18,7 metros de comprimento e 11 metros de largura, iluminadas apenas por pequenas frestas do lado esquerdo, o que cria um ambiente austero e sombrio. Estima-se que estejam presentes cerca de cinco mil ossos humanos, todos meticulosamente dispostos em padrões artísticos nas paredes, pilares e até no teto, ligados por cimento.
Uma das curiosidades mais marcantes são os dois corpos mumificados exibidos em vitrinas, que durante muito tempo se pensou serem os restos de um pai e filho castigados por um comportamento imoral. No entanto, estudos recentes realizados por investigadores da Universidade de Évora concluíram que se tratam de duas mulheres, uma adulta e uma criança, colocando em causa as lendas locais. Á saída, os visitantes encontram um painel de azulejos assinado por Siza Vieira, que contrapõe o tema da morte com o milagre da vida.
Convento de Cristo, Tomar

O Convento de Cristo, em Tomar, teve início no século XII com a construção do castelo templário e da Charola, construída por Gualdim Pais entre 1160‑1190. A Charola, de planta octogonal, inspirada no Santo Sepulcro de Jerusalém, funcionava como oratório e torre defensiva.
Ao longo dos séculos XV e XVI, o complexo ganhou nova fisionomia sob o mecenato do Infante D. Henrique — que mandou erguer os claustros do Cemitério e da Lavagem — e sobretudo durante o reinado de D. Manuel I, quando foi construídos a imponente igreja manuelina, a Sacristia (Sala do Capítulo) com a célebre Janela do Capítulo, e o corpo conventual renascentista de D. João III, com o famoso Claustro de D. João III, obra prima do maneirismo em Portugal.
Entre as curiosidades, destaca-se:
- O Aqueduto de Pegões, com cerca de 6 quilómetros de extensão, construído entre 1593 e 1614 durante a dinastia filipina;
- A Mata dos Sete Montes, antiga cerca conventual transformada num espaço verde que circunda o conjunto monumental;
- O Políptico da Charola, composto por grandes painéis de Jorge Afonso retratando a vida de Cristo.
Capela das Almas, Porto

Também conhecida como Capela de Santa Catarina, situa‑se na movimentada Rua de Santa Catarina, na baixa do Porto. Ergue-se sobre o local de uma antiga capela de madeira dedicada a Santa Catarina de Alexandria, datando a atual construção da primeira metade do século XVIII — período em que a Irmandade das Almas e das Chagas de São Francisco transferiu-se do Mosteiro de Santa Clara para este espaço.
Os elementos decorativos da capela passam por:
- Cerca de 15.947 azulejos azuis e brancos, no exterior, que cobrem aproximadamente 360 metros quadrados, instalados em 1929. Esta intervenção transformou o edifício num dos mais fotografados da cidade;
- No interior, o altar-mor apresenta um painel da Ascensão do Senhor, obra de Joaquim Rafael, acompanhado por uma imagem do Senhor Ressuscitado sobre plinto;
- Os altares laterais são dedicados à Nossa Senhora da Conceição, Nossa Senhora de Fátima, Nossa Senhora das Dores, ao Sagrado Coração de Jesus e a São João — padroeiro do Porto;
- Um vitral representando as almas, da autoria de Amândio Silva (século XX), ilumina o interior com simbologia espiritual e estética.
Capela do Senhor da Pedra, Vila Nova de Gaia

Localizada na Praia de Miramar, na freguesia de Gulpilhares e Valadares em Vila Nova de Gaia, ergue-se de forma singular sobre um afloramento rochoso banhado pelo Atlântico. A capela foi construída em 1686, embora registos paroquiais sugiram que as obras tenham ocorrido na segunda metade do século XVIII, afirmando que fora erguida por um abade local com verbas dos fiéis.
O interior da capela é simples, praticamente em espaço único, e abriga um altar-mor ladeado por dois retábulos laterais em talha dourada no estilo barroco/rococó, além de imagens religiosas como um Cristo crucificado e testemunhos azulejares monocromáticos junto à entrada.
A capela é o epicentro da tradicional Romaria do Senhor da Pedra, que se celebra no Domingo da Santíssima Trindade e que se prolonga por três dias com rusgas, procissão, bênção do mar e fogo de artifício.
Igreja de Válega, Ovar

A Igreja Matriz de Válega, também conhecida como Igreja de Nossa Senhora do Amparo, ergue-se na freguesia de Válega, concelho de Ovar, distrito de Aveiro. A obra começou em 1746 para substituir uma igreja anterior ligada ao Mosteiro de São Pedro de Ferreira, mas apenas foi concluída mais de um século depois, fruto de um lento processo de construção e consolidação comunitária.
O aspeto que mais sobressai é a fachada frontal totalmente revestida a azulejos policromáticos, datados de 1960, representando cenas religiosas e bíblicas com intensa vivacidade cromática. No topo exterior da capela-mor destaca-se um painel de azulejos de 1942, retratando a Senhora do Amparo.
O interior encontras:
- Paredes revestidas com azulejos policromáticos, complementados por faixas de mármore e um teto em caixotão de madeira exótica do Brasil, oferecido pela Família Oliveira Lopes entre 1923 e 1958;
- Vitrais das janelas criados em Madrid por S. Cuadrado e doados por António Augusto da Silva nos anos 60 do século XX;
- A pia baptismal em pedra de Ançã, proveniente do século XVI, e o retábulo principal do século XVIII são outros elementos que complementam a Igreja.
Santuário de Santa Luzia, Viana do Castelo

O Santuário Diocesano do Sagrado Coração de Jesus, mais conhecido como Santuário de Santa Luzia, ergue-se no topo do Monte de Santa Luzia, dominando Viana do Castelo e oferecendo uma das vistas para o vale do rio Lima, a foz e o oceano Atlântico, até a foz da Póvoa de Varzim em dias límpidos.
A edificação teve início em 1904 a partir da antiga ermida medieval dedicada a Santa Luzia, mas foi durante a pandemia pneumónica de 1918 que a devoção ao Sagrado Coração de Jesus se impôs, dando origem à tradição de peregrinação anual ao monte.
Projetado inicialmente pelo arquiteto Miguel Ventura Terra em 1899, o templo apresenta uma planta em forma de cruz grega e combina estilos neo-românico, neo-gótico e bizantino, numa abordagem eclética e revivalista típica da mudança do século XX. Após a morte de Ventura Terra, em 1925, o projeto foi retomado por Miguel Nogueira, com a colaboração do mestre canteiro Emídio Pereira Lima, que executou os trabalhos em granito culminando no edifício final até 1959.
O interior deslumbra com as maiores rosáceas da Península Ibérica, que inundam o espaço com luz colorida e simbolismo religioso. No altar-mor, dois querubins esculpidos em mármore. Um grande frescos na cúpula, representa a Via-Sacra e a Ascensão de Cristo, completando a impactante composição artística.
Entre as curiosidades, destaca-se:
- O Elevador (funicular) de Santa Luzia, inaugurado em 1923, que liga a estação ferroviária de Viana ao santuário, percorrendo cerca de 650 metros com 160 de desnível — o mais longo de Portugal;
- O Jardim das Tílias, com parque de merendas e o núcleo museológico.
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