Nem todas as máscaras sociais conferem o mesmo nível de proteção e segurança. Devem ser testadas em laboratórios com competência técnica reconhecida.
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Máscaras sociais? Sim... mas não valem todas - explicamos tudo
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A doença Covid-19 veio mudar radicalmente o dia a dia dos portugueses. A partir de agora, e à semelhança do que já acontece noutros países, passa a ser obrigatório utilizar máscara em espaços comercais, serviços públicos, transportes ou escolas, por exemplo, para mitigar o agravamento da pandemia. Esta nova necessidade fez crescer no mercado a oferta de máscaras sociais (produtos têxteis reutilizáveis ou de uso único), mas é preciso ter cuidados na escolha deste produto, uma vez que nem todas as máscaras conferem a mesma proteção.

Características, composição e, claro, segurança. A Associação para a Defesa do Consumidor – Deco explica que estes critérios podem variar muito de modelo para modelo e que, por isso, é fundamental garantir a compra de produtos testados por laboratórios com competência técnica reconhecida e que assegurem, no mínimo, 70% de filtração. E este é mesmo um requisito obrigatório.

Num guia detalhado, publicado no seu site, a Deco lembra que, apesar a maioria das máscaras sociais ser reutilizável, a utilização deve obedecer às mesmas regras das máscaras cirúrgicas e respiratórias: não devem ser usadas de forma contínua por mais de 4 horas ou a partir do momento em que fiquem húmidas. E dá um exemplo: se te deslocares para o trabalho de transportes públicos, terás de usar duas máscaras, uma para a ida e outra para o regresso.

Antes de comprar máscaras sociais confirma se foram testadas

Este é um passo essencial, uma vez que a produção generalizada de máscaras sociais se massificou. Antes de comprares uma máscara deves sempre confirmar se foi testada por um laboratório com competência técnica reconhecida, como, por exemplo, o CITEVE (Centro Tecnológico das Indústrias do Têxtil e do Vestuário), que atribui um selo de certificação ao produto. No site poderás encontrar uma lista atualizada de máscaras comunitárias aprovadas e links para os sites das empresas com os produtos certificados.

Este tipo de máscaras dividem-se em dois níveis (2 e 3), segundo as normas publicadas pelo Infarmed*:

Nível 2

  • Mínimo de filtração de 90% e são indicadas para contactos frequentes com o público;
  • Que permita 4 h de uso ininterrupto sem degradação da capacidade de retenção de partículas nem da respirabilidade.

Nível 3

  • Mínimo de filtração de 70% e podem ser usadas para contactos menos frequentes;
  • Que permita 4 h de uso ininterrupto sem degradação da capacidade de retenção de partículas nem da respirabilidade.

*As especificações técnicas, ao nível da permeabilidade ao ar e capacidade de retenção de partículas encontram-se detalhadas neste documento

Ambos os níveis podem ser de uso único ou reutilizáveis. No caso das reutilizáveis, depois de usadas, devem ser guardadas num saco estanque e só podem voltar a ser usadas após serem lavadas. 

Informação sobre reutilização: lavagem, secagem, conservação e manutenção e o número de utilizações durante o qual a eficácia é garantida devem constar do folheto informativo. 

Como explica a Deco, nem todas as máscaras são higienizadas da mesma maneira. Por exemplo, uma máscara com a sua qualidade comprovada para 5 lavagens, apenas garante a capacidade de filtração de 70% até esse número máximo de lavagens. Quer isto dizer que, depois disso, é aconselhável substituir essa máscara. Na lavagem, é fundamental que utilize detergente ou sabão, a uma temperatura de, pelo menos, 30º C, sendo que a maioria aconselha os 60º C. “Confere sempre as indicações da máscara”, aconselha a associação.

“Se em vez destes produtos têxteis, optares por máscaras cirúrgicas, normalmente à venda nas farmácias, estas têm de ter a marcação CE. Se as venderem à unidade, pede para veres a caixa. As máscaras cirúrgicas não são reutilizáveis e devem ser deitadas ao lixo depois de usadass”, refere ainda.

Atenção às máscaras caseiras e uso de filtros

Mais uma vez, somente as máscaras testadas por laboratórios com competência técnica reconhecida devem ser utilizadas. “Além da eficácia não comprovada, as máscaras caseiras apresentam, muitas vezes, problemas ao nível do design, não se adaptando ao rosto dos utilizadores, e da respirabilidade”, refere a DECO, que lembra que algumas destas máscaras estão preparadas para a utilização de filtros que não dão garantias de proteção.

“Além disso, a troca dos filtros pode aumentar o risco de contágio, não só pelo contacto com a máscara, cuja superfície pode estar contaminada, mas também porque pode levar a que a máscara seja utilizada por um período mais longo do que o aconselhável”, lembra ainda.

Como usar corretamente a máscara

A Direção Geral de Saúde (DGS), no documento publicado sobre o uso de máscaras na comunidade, lembra que “de acordo com o Princípio da Precaução em Saúde Pública, e face à ausência de efeitos adversos associados ao uso de máscara, deve ser considerada a utilização de máscaras por qualquer pessoa em espaços interiores fechados com múltiplas pessoas (supermercados, farmácias, lojas ou estabelecimentos comerciais, transportes públicos, etc)”, mas frisa que o uso na comunidade é somente uma medida adicional de proteção, “pelo que não dispensa a adesão às regras de distanciamento social, de etiqueta respiratória, de higiene das mãos e a utilização de barreiras físicas, tendo que ser garantida a sua utilização adequada”.

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