
Muito se tem discutido sobre se há excesso de turismo em Portugal e as suas consequências para o mercado da habitação. O primeiro-ministro e o presidente da Câmara Municipal de Lisboa (CML) têm, porém, uma visão clara sobre este tema: não há turistas a mais, há que fomentar o setor, e o problema da habitação tem de ser resolvido por via de maior oferta, segundo dizem António Costa e Fernando Medina.
O primeiro-ministro espera, aliás, que Portugal atinja, pelo menos, a média da União Europeia, onde o turismo vale 10% do produto interno bruto (PIB), sendo que a nível nacional "ainda só vale 8%".
“Ao contrário da ideia de que há turistas a mais, quero dizer que não há turistas a mais em Portugal. Pelo contrário, temos de aumentar a intensidade do turismo em Portugal”, declarou citado pela Lusa António Costa, na abertura da Cimeira do Turismo, que decorreu na passada quinta-feira em Lisboa, por ocasião do Dia Mundial do Turismo.
O líder do Executivo aproveitou a ocasião para apelar à Assembleia da República que aprove a proposta do Governo para a criação de um programa de arrendamento acessível.
Na mesma linha vai o presidente da CML, Fernando Medina, rejeitando que seja o turismo o responsável pelo problema da habitação e defendendo em contrapartida uma redução dos impostos sobre os rendimentos prediais para aumentar a oferta de alojamento.
"Não é o turismo que está a criar o problema da habitação e, por isso, o problema não se resolve com limitação do turismo. Resolve-se sim com o aumento da oferta. A única proposta que tem o condão de aumentar a oferta é baixar os impostos sobre os rendimentos prediais", disse, por sua vez, citado pela mesma agência de notícias o autarca no mesmo evento em que participou o primeiro-ministro.
"É um erro pensarmos que vamos abdicar do crescimento do turismo para a nossa economia, mas também é um erro pensar que uma cidade que cresce como Lisboa cresce não tem de cuidar do equilíbrio", insistiu Medina.
O autarca lembrou que o próximo ano será marcado pelo arranque da nova lei do alojamento local e disse acreditar que esta vai "resolver o reequilíbrio da cidade", uma vez que permitirá a cada freguesia usar as ferramentas disponíveis para limitar ou promover o alojamento local.
"O que nos move não é nenhum sentimento de limitação. Alfama não é bitola para o resto do mundo. Alfama tem de ser protegida, mas também não pode impedir o desenvolvimento do alojamento local no resto da cidade", argumentou.
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