Férias em Milão: um local rico em história renascentista para visitar

Se estás à procura de uma ideia de um lugar extraordinário para visitares em qualquer altura do ano, temos uma sugestão verdadeiramente especial. Estamos a falar do complexo Casa degli Atellani e La Vigna di Leonardo, um local rico em história que foi o berço do Renascimento milanês, que acolheu o famoso génio Leonardo Da Vinci, e que produz hoje em dia um vinho único no mundo. O diretor da Casa degli Atellani e de La Vigna di Leonardo, Alessandro Cotroneo, leva-nos a conhecer este espaço numa viagem fascinante.

Casa degli Atellani e La Vigna di Leonardo

"A Casa degli Atellani", explica Cotroneo, "é uma residência quatrocentista que pertenceu ao Duque de Milão Ludovico Maria Sforza, conhecido como o Moro, tornando-se famosa como sua sede e berço do Renascimento milanês. Aqui eram convidados os maiores artistas da época, desde Bramante, que construiu a cúpula de Santa Maria delle Grazie, até Leonardo da Vinci. Ao famoso génio, contratado pelo Moro para estudar máquinas de guerra, após ele mencionar ao Sforza que 'entre outras coisas' também sabia pintar, foi encomendada a Última Ceia. A Vigna di Leonardo foi o pagamento do Moro pela obra", explica.

Casa degli Atellani e La Vigna di Leonardo

O terreno seria então dividido em dois pelo próprio Da Vinci; uma parte seria atribuída ao seu aluno preferido, o pintor Gian Giacomo Caprotti, conhecido como Salaì, que herdaria também a Mona Lisa. A segunda parte seria atribuída ao criado de Leonardo, Batista de Vilanis, que o seguirá para França.

Casa degli Atellani e La Vigna di Leonardo

A Casa degli Atellani é, de facto, a sede do "jet set" do Renascimento milanês, a começar pelo próprio dono da casa, o Atellano, que, escudeiro do Mouro, é membro de uma família de famosos comerciantes de fios finos. Daí o facto de este local, entre outras coisas, ser também o berço da moda milanesa que tornava a cidade internacionalmente famosa até aos dias de hoje. Aqui, de facto, são convocadas as mais belas mulheres da época, que eram vestidas com os tecidos de Atellani e retratadas pelos famosos artistas da corte do Moro, tornando a sua beleza imortal.

Este é o legado intemporal deixado pelo Moro e o tributo à beleza das mulheres: em primeiro lugar Cecilia Gallerani, A Dama com Arminho, provavelmente amante de Sforza.

Casa degli Atellani e La Vigna di Leonardo

Mas o que é que os visitantes podem ver na Casa degli Atellani e La Vigna di Leonardo? Com 80.000 visitantes por ano, este local renascentista oferece um itinerário que, em três etapas, transporta o visitante através da história de Milão, do século XV ao século XX. Os dois pátios pelos quais se entra são caracterizados por elementos dos séculos XV e XVI e por partes reconstruídas no século XX, após o bombardeamento britânico de 1943.

Depois de atravessar os pátios, entra-se na Sala dello Zodiaco (Sala do Zodíaco) e, em seguida, na sala com frescos de Bernardino Luini com retratos das principais personalidades da família Sforza. Nesta sala, o teto está decorado com "nodi vinciani ", representando a ligação entre Leonardo e a família Sforza. O pavimento, por outro lado, foi reconstruído pelo arquiteto do século XX, Piero Portaluppi, que imprimiu a sua própria marca não só em muitos locais importantes de Milão, mas também no pavimento da Casa degli Atellani, entrelaçando as suas próprias iniciais, PP, para criar uma decoração que espelha e que se encontra por cima da cabeça dos visitantes.

Casa degli Atellani e La Vigna di Leonardo

A visita continua com o escritório de Ettore Conti, também projetado por Portaluppi, que o revestiu com uma boiserie que, por detrás dos painéis, deixa intactas as decorações originais das paredes do século XV.

Com o hall da escadaria e, finalmente, no jardim, com a representação das novelas de Matteo Bandello, que retrata Leonardo "pensativo e irado" porque estava atormentado sobre como terminar A Última Ceia. Uma obra para a qual o génio demorou mais do dobro do tempo de Miguel Ângelo para a Capela Sistina, já que, entretanto, se dedicava a muitas outras obras que fizeram de Milão o que ainda hoje conhecemos.

Casa degli Atellani e La Vigna di Leonardo

Casa degli Atellani e La Vigna di Leonardo

E finalmente entramos na Vigna di Leonardo. "A vinha", explica Cotroneo, "foi recuperada graças à contribuição da propriedade da Casa degli Atellani, da Fundação Portaluppi e do Grupo Censeo, e com a ajuda do maior especialista em DNA da videira do mundo, o professor Attilio Scienza, diretor do Departamento de Ciências Agrícolas da Universidade de Milão. Foi uma obra verdadeiramente impressionante, contando com o patrocínio do Presidente da República e o apoio do Governo, da Confagricoltura e da Rai.

O projeto de recuperação da vinha teve início em 2007 e viu a luz em 2015, por ocasião da Expo Milano, tornando-se um local de eventos governamentais fora da Expo, no coração da cidade. Após a Expo, o projeto continuou de forma independente, aumentando ano após ano o número de visitantes, culminando em 2018 com a primeira colheita do vinho de Leonardo, após 500 anos."

A vinha, diz Cotroneo, é um local hipógeo, ou seja, está localizada num nível diferente do nível atual da cidade, que era mais baixo há 500 anos. "Aqui, os estudantes universitários replantaram o ADN das vinhas Malvasia que foram colhidas em 2018, após 500 anos", explica.

Casa degli Atellani e La Vigna di Leonardo

“Dois quintais e meio de um vinho único que engarrafámos em garrafas assinadas pelo famoso designer Alberto Alessi, inspirado no desenho do próprio Leonardo que se encontra no Códice Windsor, no fólio 12690-91. As receitas deste vinho são inteiramente destinadas ao Comité Maria Letizia Verga de Monza, uma excelência italiana que cuida de crianças que sofrem de leucemia".

Casa degli Atellani e La Vigna di Leonardo