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Terrenos por limpar e edifícios abandonados, o combustível que queimou o Funchal
idealista/news

Uma combinação explosiva fez do Funchal um inferno nos últimos dias. A par das altas temperaturas, associadas aos ventos fortes, a falta de limpeza de terrenos e zonas de mato, juntamente com os edifícios abandonados junto à cidade, foram fatais para a capital da Ilha da Madeira. O incêndio destruiu centenas de casas e vários outros tipos de imóveis no centro e arredores do Funchal, como o mítico Choupana Hills, fez três mortos e milhares de desalojados.

A análise das causas da magnitde do incêndio, que começou às 15:30 de segunda-feira numa das zonas altas e cujas chamas foram descendo até chegar à cidade, é do presidente da Associação Insular de Geografia. "Quase até ao centro do Funchal existem pequenas bolsas de terreno em que não existe construção", segundo explica Elísio Sousa ao Negócios.

Nessas bolsas existem, tal como aponta o responsável, "terrenos agrícolas, encostas com mato, que até aos anos 1970 eram cultivadas, mas entretanto foram abandonadas". Como o vento estava muito forte houve "faúlhas que caíram nessa zona e aumentaram de forma dramática a dimensão do incêndio".

A "promiscuidade" que ateia fogos

O geógrafo Raimundo Quintal, também citado pelo diário, responsabiliza o que designa de "zonas promíscuas", onde existe "muita densidade de população e muito mato e árvores como eucaliptos e acácias", nas zonas mais altas do Funchal. 

O responsável frisa que nas zonas de mato existem muitos "terrenos abandonados que não são limpos pelas mais diversas razões, algumas delas risíveis. "Ou porque o primo está emigrado, ou porque o vizinho não quer limpar", lamenta Raimundo Quintal.

As faúlhas também encontraram "edifícios devolutos, alguns deles propriedade do Governo Regional, que estavam cheios de combustível" e que arderam.

Falhas de urbanismo

Por sua vez, Jaime Marta Soares, presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses, diz que na Madeira "existe uma falta de planeamento urbanístico e de ordenamento florestal", o que leva a que existam "pequenos espaços de terreno que não são limpos, que estão cheios de feno e de outra vegetação" que ajudam a uma "propagação louca" das chamas.

Onda de solidariedade

Natural da Madeira, Cristiano Ronaldo, disponibilizou-se esta quarta-feira para dar ajuda financeira à Ilha. "É com um aperto no coração que assisto ao que se passa na Madeira (e em outros pontos do país). Muita força para todos e um obrigado aos bombeiros que tem a coragem de arriscar as suas vidas para salvar tantas outras. Estou convosco!", lê-se no Twitter do futebolista madeirense, citado pela Lusa. 

Por outro lado, o BCP e o Santander Totta criaram contas de solidariedade para ajudar as vítimas do incêndio que nos últimos dias devastou a Madeira.

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