“Sexta-feira negra” celebra-se hoje e a febre dos descontos pode gerar problemas nos orçamentos domésticos, sobretudo pelo uso do cartão de crédito.
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Black Friday pode agravar endividamento: cuidado com os juros “escondidos”
mohamed Hassan/Pixabay

A Black Friday chegou. Uma moda que nasceu nos EUA – realiza-se na primeira sexta-feira após o Dia de Ação de Graças – e que foi ganhando adeptos um pouco por todo o mundo. Portugal não é exceção e há cada vez mais pessoas à caça de descontos, nomeadamente a pensar no Natal. Mas há cuidados a ter em conta na hora de ir às compras, para se evitarem dívidas e incumprimentos bancários.   

Segundo relata o Público, os bancos e as instituições financeiras especializadas querem aumentar a concessão de crédito nesta época de maior consumo. Para tal, dão algumas facilidades, como por exemplo o saldo do cartão de crédito poder ser pago a partir do valor mínimo mensal de 0,5%, 1%, 2%, 5%. 

Um cenário que pode dar origem a endividamentos, já que pode levar a um uso excessivo do cartão de crédito durante estes dias. Uso esse que implica, depois, o pagamento de um montante elevado de juros. Uma espécie de “bola de neve” que pode levar os consumidores a endividarem-se. 

Na componente do endividamento dos consumidores, novembro e dezembro estão no pódio. Na última década, novembro é campeão (à excepção de 2014) da utilização de crédito pessoal (na vertente sem finalidade específica, lar, consolidado e outras finalidades) e do crédito revolving (cartões de crédito e antecipação de ordenado e outros descobertos bancários, renovado automaticamente), escreve a publicação.

Deco preocupada com incentivos ao endividamento

A confirmar esta tendência está o facto de haver pelo menos quatro bancos em Portugal – Santander, Millennium bcp, Montepio e Unibanco – a aderir à moda das promoções da Black Friday, com descontos nas taxas de juro dos créditos pessoais e devoluções em dinheiro pelas compras feitas com cartão de crédito. Promoções que são motivo de “preocupação” para a Deco, que destaca o sinal errado que transmitem na atual conjuntura.

Estamos a acompanhar as ofertas com preocupação porque o que vemos é que são no sentido de incentivarem o endividamento”, disse Nuno Rico, especialista em crédito bancário da Deco, citado pela Sábado.

De uma amostra de 12 instituições bancárias, o Santander, o BCP, o Montepio e o Unibanco lançaram promoções relativas à Black Friday e à Cyber Monday de 2 de dezembro. As ofertas vão da redução da taxa dos créditos pessoais – incluindo automóvel – a devoluções (‘cashback’), escreve a publicação. 

O Santander, por exemplo, propõe baixar a Taxa Anual Nominal (TAN) de 7% para 6,2% no crédito pessoal online. “Os bancos estão a utilizar a tecnologia para tornar mais fácil a concessão de crédito”, referiu Nuno Rico.

Já o Unibanco oferece um tablet, uma torradeira ou um pacote de serviços do banco a quem “efetuar compras ou adiantamentos de numerário a crédito (‘cash advance’), no valor total, igual ou superior a 300 euros nos primeiros três meses após adesão” ao cartão de crédito Atitude. 

Ministro do Ambiente fala em “contrassenso”

Também o ministro do Ambiente e Ação Climática, João Pedro Matos Fernandes, disse estar cauteloso com a “febre” da Black Friday, considerando-a um “contrassenso” e classificando-a de “expoente máximo e negativo de uma sociedade capitalista”.

“Nesta evolução de consumidores para utilizadores, com todo o respeito por quem promove os 'Black Fridays' da vida, eles são, de facto, um contrassenso”, afirmou o governante, acrescentando que a Black Friday é, no seu entender, “um expoente máximo e negativo de uma sociedade capitalista”. Isto apesar de afirmar que acredita “na livre escolha e na iniciativa” numa “democracia aberta”.

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