Esta reserva de capital servirá para mitigar perdas com créditos que possam surgir no futuro, assim como para absorver perdas.
Comentários: 0
Riscos para os bancos
Mário Centeno, governador do Banco de Portugal Getty images

Depois de o Banco de Portugal (BdP) ter colocado em consulta pública um projeto que vem alterar a reserva contracíclica de fundos próprios dos bancos de 0% para 0,75%, Mário Centeno voltou a reforçar esta terça-feira, dia 8 de outubro, que este "é o momento de todos construírem almofadas financeiras para o futuro", nomeadamente numa altura de incerteza global.

Na apresentação do Boletim Económico de outubro, Mário Centeno, governador do BdP, destacou as incertezas em redor do crescimento europeu. "Sistematicamente temos revisto o início do processo de recuperação da economia europeia e temos menos inflação", começou por dizer. E “há incerteza política global, também na Europa há uma nova comissão, há o debate sobre o financiamento comunitário e o serviço da dívida do NextGenerationEU", acrescentou.

Tendo em conta este cenário, o governador do BdP reiterou que todos têm de construir almofadas financeiras, tanto o Estado como os bancos, além das empresas e famílias. "O Estado tem de acautelar o futuro preservando as poupanças que adquiriu", argumentou o ex-ministro das Finanças socialista, nomeadamente num "momento em que o investimento está tão frágil".

"Não há melhor momento para aumentar almofadas de proteção para o futuro", Mário Centeno, governador do Banco de Portugal

O Banco de Portugal tem também "vindo a aumentar as almofadas financeiras nos bancos, esta semana tomou uma decisão nesse sentido", recordou Mário Centeno, argumentando que "não há melhor momento para aumentar almofadas de proteção para o futuro".

Esta segunda-feira, o BdP colocou em consulta pública (aberta até 19 de novembro) um projeto aviso que vai alterar a reserva contracíclica de fundos próprios dos 0% atuais para 0,75% a partir do dia 1 de janeiro de 2026. Ou seja, será nessa altura que os bancos terão de ter reforçado esta ‘almofada’ de capital. Esta medida "tem um desfasamento grande, porque os bancos têm de constituir almofada até 1 de janeiro de 2026", para "dar tempo para os agentes económicos se adaptarem", apontou Centeno.

O regulador e supervisor bancário explicou que decidiu alterar este montante enquanto há uma fase positiva do ciclo económico (e elevada rentabilidade dos bancos) para que, de futuro, num momento de crescimento do crédito problemático tenham mais capacidade para absorver perdas e mitigar a queda nos empréstimos.

No que diz respeito às famílias, Centeno destacou a revisão em alta das suas poupanças, que "vai situar-se acima de 11%". Tal aconteceu num contexto de aumento do rendimento disponível, que "cresceu muito fortemente em 2024", com "fatores como salários, transferências e redução de impostos". Ainda assim, "o rendimento disponível vai perder dinâmica nos próximos anos", pelo que o que esperam que aconteça e que "isto se faça sentir de forma muito moderada nos níveis de poupança".

*Com Lusa

Acompanha toda a informação imobiliária e os relatórios de dados mais atuais nas nossas newsletters diária e semanal. Também podes acompanhar o mercado imobiliário de luxo com a nossa newsletter mensal de luxo.

Ver comentários (0) / Comentar

Para poder comentar deves entrar na tua conta