Comentários: 0
"Irregularidades graves" e dívida escondida da dona do BES alertam justiça portuguesa

As "irregularidades graves" e os mil milhões de euros de dívida escondida nas contas da Espírito Santo International (ESI) estão a chamar a atenção da justiça portuguesa. A Procuradoria-Geral da República (PGR) ainda não recebeu a auditoria feita pelo Banco de Portugal à principal holding do Grupo Espírito Santo (GES), mas Joana Marques Vidal está a ponderar pedi-la ao supervisor financeiro para averiguar se há matéria relevante para investigação.

Em resposta enviada ao i, a PGR afirma não ter ainda recebido a auditoria mas ressalva que "o Ministério Público não deixará de solicitar todos os elementos que considere relevantes para a investigação criminal". A PGR admite ainda que o Ministério Público se encontra "a acompanhar a situação, nomeadamente as notícias vindas a público" nos últimos dias.

De acordo com informações recolhidas pelo i, o BdP tem o entendimento de que o relatório não tem matéria suscetível de dar origem a uma investigação criminal ou contraordenacional em Portugal, por a ESI estar sedeada no Luxemburgo. Ou seja, na presença de indícios de ilícitos criminais ou contraordenacionais, esses seriam apenas da competência das autoridades luxemburguesas.

No entanto, fonte do Departamento Central de Investigação e Ação penal (DCIAP) adiantou ao i que os investigadores "estão atentos" e a "acompanhar a situação", e terão de ser eles a avaliar se a auditoria tem ou não relevância criminal em território português. E, mesmo que as referidas irregularidades não possam dar origem a um inquérito em Portugal porque a sociedade tem sede no Luxemburgo, o relatório poderá vir a ser útil nas investigações em curso a elementos do GES.

O departamento liderado por Amadeu Guerra é o responsável pela investigação às compras dos submarinos, que já constituiu como arguidos, no verão passado, gestores da Escom, empresa do GES que fez a assessoria do consórcio alemão no negócio.

Além deste, o DCIAP tem ainda em mãos o inquérito que investiga suspeitas de abuso de informação privilegiada por parte de administradores do Banco Espírito Santo Investimento (BESI) nos processos de privatização da EDP e da REN: Amílcar Morais Pires, administrador executivo do BES e administrador não executivo do BESI, foi constituído arguido no inquérito conduzido por Rosário Teixeira por ter comprado ações da EDP e da REN durante a privatização.

Aumento de capital do BES: Crédit Agricole e ESFG encaixam 110 milhões

Os maiores acionistas do BES já concluíram a venda de quase mil milhões de direitos de subscrição de ações no aumento de capital. Os títulos foram colocados juntos de investidores institucionais a um preço inferior ao fecho de ontem.

O BES anunciou esta quarta-feira que o Crédit Agricole e o Espírito Santo Financial Group ESFG já concluíram a venda dos direitos de subscrição de ações, numa operação onde realizaram um encaixe de 110 milhões de euros.

Em comunicado enviado ao mercado e citado pelo Jornal de Negócios, o BES informa que os direitos de subscrição foram alienados a 11 cêntimos cada um, abaixo da cotação de fecho de ontem (11,7 cêntimos).

O Crédit Agricole vendeu 667,3 milhões de direitos, encaixando 73,4 milhões de euros, enquanto o ESFG alienou 332,3 milhões de direitos, realizando um encaixe de 36,5 milhões de euros.

Ver comentários (0) / Comentar

Para poder comentar deves entrar na tua conta