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Trocado por Miúdos: Como falar com os mais pequeninos sobre dinheiro?
GTRES

Artigo escrito para o idealista news, no âmbito da rubrica “Trocado por Miúdos”, por joao.raposo@reorganiza.pt, partner da Reorganiza.

Estamos na época do ano em que as crianças são mais “bombardeadas” com apelos ao consumo. Os pais já têm medo que os filhos vejam os anúncios na televisão, pois sabem que vão ouvir de minuto a minuto “ó pai… eu quero isto!”, “ó mãe eu quero aquilo!”. É normal e saudável que as crianças queiram muitas coisas, mas cabe aos adultos aproveitar estas oportunidades para transmitir valores que os ajudarão no seu futuro.

1 – Saber dizer não
Sabemos bem que é mais exigente dizer “não”, mas não podes esquecer-te que muitas vezes é o mais educativo. Não deves ter medo de dizer olhos nos olhos ao teu filho que não podes comprar o que ele quer. Isso não faz de ti uma pessoa mais fraca ou menos valiosa. Ajuda o teu filho a perceber que o valor da pessoa está no que ela é e não no que ela tem. Depois da birra imediata quando percebe que não vai ter o que quer, aproveita o momento para dar-lhe uma visão do mundo em que se valorize mais o ser do que o ter.

2 – A abundancia tira valor a qualquer bem
Porque é que um diamante vale mais que um copo de água? Em princípio a água tem mais utilidade que uma pedra. Mas o facto de o primeiro ser uma raridade leva a que o seu valor seja muito mais elevado que a água. Este critério pode ser transposto para os presentes de Natal. Não é o muito que vai saciar o teu filho. Claro que no imediato os olhos brilham mais por verem muitos embrulhos, mas passado dias (ou mesmo horas) já há presentes que ficaram esquecidos no canto da sala. Na verdade o teu filho vai valorizar uns em detrimento de outros. O desafio está em perceber a que é que realmente o teu filho dá valor.

3 – Incentivar à partilha e criatividade
A maioria dos brinquedos que são postos à venda leva as crianças a isolarem-se e a comunicarem com máquinas inanimadas. Como esta é a tendência do mercado estes são os presentes mais caros. Mas já procuraste ser criativo e oferecer presentes que levem os teus filhos ao contacto com os outros? Lembra-te dos jogos da época em que tinhas a idade dos teus filhos. Muitos deles são mais económicos e levam à partilha do entretenimento com os outros. Além disso, há cada vez mais famílias que optam por oferecer como presente de Natal uma espécie de um “vale” que é uma oportunidade de fazer um passeio original em família sem grandes gastos. São muitos destes momentos que ficam na memória da infância e não os níveis que conseguiram passar neste ou naquele jogo de consola.

4 – Com os olhos no futuro
Já alguma vez pensaste em constituir uma conta poupança para o teu filho? É verdade que no início pode não achar muita graça, pois não é nada de palpável. Mas seguramente, que quando chegar aos 18 anos e puder utilizar aquela poupança para realizar um sonho de adolescência, vai valorizar muito a atitude preventiva dos pais que pensaram no seu futuro atempadamente. 

Estes pequenos conselhos práticos devem ser entendidos com moderação. A ideia não é fazer uma apologia a um radicalismo contra o consumo. O consumo é bom e as crianças merecem ser valorizadas com bons presentes. A questão que aqui se deixa é o que será realmente um “bom presente”, pois aquilo que comunicam com tanta força nesta época do ano é muitas vezes um engodo que não traz benefício a mais ninguém a não ser aos próprios vendedores de ilusões. Define o que queres dar como futuro e orienta as tuas decisões de consumo por essa finalidade. Caso contrário estarás vulnerável à agressividade da sociedade de consumo.

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